Cadeirante sofre acidente em casa noturna de Santos e fratura fêmur

Por Santa Portal em 19/11/2021 às 11:59

A ocasião era de festa, mas se tornou em grande dissabor. Na comemoração do seu 54º aniversário, a analista de sistemas aposentada Maria de Fátima Correia Capela sofreu acidente dentro de uma casa noturna de Santos. Cadeirante, ela fraturou o fêmur esquerdo e acusa uma mulher pelo episódio e o estabelecimento de omissão de socorro. A vítima precisou ser operada para a colocação de placa e pinos metálicos.

A causadora do acidente não foi identificada e aparenta ter 35 anos. “Notoriamente embriagada, com uma garrafa de cerveja na mão”, conforme detalha a analista de sistemas, a desconhecida caiu sobre a cadeira de rodas de Maria de Fátima, derrubando-a no chão. Sob o peso da mulher, a vítima fraturou o fêmur e foi socorrida pelas pessoas que a acompanhavam e outra mais próximas, mas ninguém era da casa noturna.

Maria de Fátima foi ao Mr. Dantas Music Bar, na Avenida Senador Dantas, 401, no Embaré, na noite de 23 de outubro, sábado, data de seu aniversário, acompanhada da filha universitária, da irmã, do cunhado e de uma amiga. O principal fator para a escolha da casa noturna foi a sua acessibilidade a cadeirantes, justifica a aposentada. Porém, o estabelecimento “falhou no quesito segurança”, completa ela.

De acordo com a vítima, a frequentadora ainda não identificada estava “eufórica e inconveniente”, mas nenhum segurança percebeu e interveio a tempo e nem depois. Sem uma atuação preventiva por parte de algum funcionário do Mr. Dantas, a desconhecida se aproximou de Maria de Fátima quando ela estava com a sua cadeira de rodas na pista, em frente ao palco, durante a apresentação de uma banda.

A aproximação ocorreu por duas vezes, colocando em risco a segurança da vítima, porque a mulher chegou a esbarrar na cadeira de rodas. Uma das pessoas que acompanhavam a analista de sistemas chegou a evitar um contato maior, posicionando-se na frente da desconhecida. Maria da Fátima conta que retornou à mesa que ocupava e, mais tarde, voltou para a frente do palco, surgindo novamente a mulher com a garrafa de cerveja.

Nesta vez, a desconhecida foi em direção à cadeira de rodas mais rápido, perdeu o equilíbrio e caiu sobre ela, derrubando a aposentada no chão. Era cerca de uma 1 hora do dia 24 e os acompanhantes de Maria de Fátima acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A fratura do fêmur foi constatada no Hospital Ana Costa, sendo a vítima operada no dia 27 de outubro, recebendo alta três dias depois.

Buscar direitos

Como a prioridade no momento era auxiliar a vítima, os acompanhantes de Maria de Fátima não se preocuparam em identificar a causadora do acidente, que aparentemente estaria sozinha. A aposentada compareceu na última quarta-feira (17) ao 7º DP de Santos para registrar boletim de ocorrência, mas no documento só constou o crime de “lesão corporal”. Ela solicitará que também seja inserido o delito de “omissão de socorro”.

Embora o caso tenha sido comunicado no distrito do Gonzaga, por ser mais próximo da residência da vítima, ele será investigado pela equipe do 3º DP, na Ponta da Praia, em cuja área fica o Mr. Dantas. Maria de Fátima espera que a casa noturna tenha câmeras de segurança e as filmagens possam contribuir na identificação da causadora do acidente. Ela também pretende acionar a esfera cível por danos moral e material.

“Foi como se nada tivesse acontecido. Ninguém da casa apareceu após o acidente. A minha cadeira teve danificados o freio, uma roda e a trava de segurança. A cadeira de rodas foi feita sob medida e terei que enviá-la ao fabricante”, diz Maria de Fátima. Ela ficou tetraplégica em 2004. “Foi no feriado de Páscoa. Um caminhão na contramão atingiu o meu carro na BR-116, em Juquitiba (SP), em viagem que fazia a Florianópolis”.

O Santa Portal entrou em contato na quinta-feira (18) com o Mr. Dantas e conversou com a gerência. “Desconhecemos o assunto”, foi a manifestação do estabelecimento, para em seguida questionar o porquê de a cliente não ter procurado a casa no dia seguinte e só registrar boletim de ocorrência cerca de um mês depois, sem saber sobre a fratura no fêmur e a necessidade de intervenção cirúrgica. (EVF)

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