"Ficou muita tristeza no coração", desabafa moradora que perdeu tudo em deslizamento no Guarujá, há 3 anos

Por Beatriz Araujo e Yasmin Braga em 03/03/2023 às 06:00

Yasmin Braga/Santa Cecília TV
Yasmin Braga/Santa Cecília TV

Há mais de mil dias, a vida da ajudante de cozinha Edilene Bispo dos Santos, de Guarujá, não é mais a mesma. E nunca será. Ela perdeu sua casa soterrada em um dos deslizamentos que assolaram a Baixada Santista em 2020, um temporal sem precedentes que deixou 45 pessoas mortas em decorrência das fortes chuvas.

Revisitando o passado, que ainda se faz presente, Edilene contou à Santa Cecília TV que morava há apenas 6 meses em sua casa no morro quando a tragédia aconteceu. Ela perdeu tudo durante o deslizamento e agora vive de aluguel no pé do mesmo morro junto a duas filhas e o marido.

Edilene e sua família viram tudo acontecer. Quando a chuva apertou, ela e o marido estavam deitados. Então ela saiu da casa e foi no vizinho olhar a situação de forma mais ampla. “Chegando lá, eu vi o morro estremecendo”, relembra.

Quando os deslizamentos começaram, eles conseguiram descer o morro, assim como alertar outros vizinhos sobre o perigo. Em meio a essa fuga, uma conhecida disse a Edilene que sua casa tinha desabado, que não existia mais.

“No outro dia eu voltei para procurar minha gata. Cheguei pensando que ainda ia existir alguma coisa, mas não tinha mais nada, só desastre. Oito casas desabaram mas, graças a Deus, ninguém morreu”, conta, com a voz embargada.

Edilene só se deu conta da gravidade da situação dias depois. Desde então, até agora, três anos após o ocorrido, não é fácil superar. “Ficou muita tristeza no coração e o sentimento de saber que muita gente morreu nesse dia”.

No momento, a expectativa é que a Prefeitura de Guarujá forneça uma nova moradia social para sua família, para que deixem de viver com medo de que um novo deslizamento aconteça e os atinjam.

Segue na mesma casa

Maria Rodrigues de Barros dos Santos também estava em sua casa, onde mora há 65 anos, no dia 3 de março de 2020. Sua família estava na sala e pensaram que o barulho estranho que escutaram era de uma jaca que havia caído ao lado da residência. Mas, em pouco tempo, se deram conta do que estava acontecendo.

Em seu caso, a reação não foi a de tentar fugir. “A gente não fez nada. Ficamos pensando no que fazer, mas sabíamos que a Defesa Civil ia aparecer de todo jeito, né?”, conta.

Agora, ao lado de sua casa, há um buraco que não os deixa esquecer da tragédia. Mesmo assim, apesar do medo, dona Maria reconhece sua moradia como “um pedaço de céu”.

Se for para sair do morro, só se muda se for para uma boa residência. Porque, para ela, “se é para morar em barraco, moro aqui em cima mesmo”.

Relembre

O temporal começou na noite do dia 2 de março de 2020, se estendendo pela madrugada e a manhã do dia 3. Por causa do grande volume d’água, diversos bairros da Baixada Santista ficaram alagados e quedas de barreiras foram registradas. 

A situação foi mais grave nos morros de Guarujá e o município que registrou o maior número de mortes, 34. Em Santos, oito pessoas morreram. Já São Vicente teve três óbitos.

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