Greve em São Vicente entra no terceiro dia com denúncias de truculência e repressão
Por Rodrigo Cirilo em 07/04/2025 às 05:00

A greve dos servidores da educação de São Vicente chega a seu terceiro dia nesta segunda-feira (7), com novo ato marcado para as 8h em frente ao Paço Municipal. A mobilização, que reúne professores e trabalhadores do magistério, vem ganhando força diante de denúncias de violações de direitos, repressão e tentativas de intimidação por parte da administração municipal.
Os ânimos se intensificaram desde a última sexta-feira (4), quando manifestantes relataram ter sido vítimas de truculência durante protesto. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores no Magistério e na Educação Municipal de São Vicente (Sintramem), uma professora fraturou o pé em decorrência de um atropelamento, e outros servidores foram atingidos no rosto com spray de gás de pimenta, borrifado por um motorista.
O presidente do Sintramem, Roberto Cicarelli Filho, criticou a postura da prefeitura e relatou que aumentaram os casos de perseguição e ameaças de processos administrativos contra os grevistas. “O desespero está do lado da administração. Estão fazendo listas de grevistas, ameaçando retirar direitos e tentando enfraquecer o movimento. Isso só mostra que o movimento está forte”, declarou Cicarelli.
Diante da escalada de denúncias, o sindicato lançou uma central de denúncias exclusiva para os profissionais da Educação. Através de um formulário disponível na página oficial do Sintramem, os servidores podem relatar, com sigilo garantido, casos de assédio, perseguição ou irregularidades nos locais de trabalho. O sindicato afirma que as denúncias serão encaminhadas ao setor jurídico e que os responsáveis serão responsabilizados.
“O sindicato não ameaça, o sindicato faz. Jamais toleraremos essa situação. Estamos ao lado dos trabalhadores contra uma administração que os massacra”, concluiu o presidente do Sintramen, que reafirmou que a pauta central do movimento é a proposta de reajuste salarial apresentada pela prefeitura. O aumento de R$ 0,80 por hora-aula revoltou a categoria. Também estão entre as reivindicações, um aumento na cesta básica de R$ 400,00 para R$ 805,84, ajuste no auxílio educação de R$ 250,00 para R$ 700,00, entre outros pedidos.
Prefeitura alega paralisação completa em escolas
Em nota oficial, a Prefeitura de São Vicente afirmou que o Sintramem está descumprindo a ordem judicial que determina a manutenção de 70% dos servidores em atividade durante a greve, o que, segundo a gestão municipal, tem causado a paralisação completa em diversas unidades escolares.
A administração não comentou diretamente as denúncias de violência durante a manifestação nem os relatos de perseguição aos grevistas. No entanto, a prefeitura alegou ter recebido em sua ouvidoria diversas denúncias de mães de alunos referentes a servidores municipais dispensando crianças da sala de aula sem justificativa legal, o que pode configurar prática abusiva que será investigada.
“A administração municipal entende que o direito à greve é legítimo desde que cumpra com o determinado pela justiça, o que não vem sendo cumprido pelo sindicato. A Prefeitura continuará exercendo a fiscalização sobre a continuidade dos serviços de educação para não prejudicar as mães e as crianças, como a legislação obriga que ela faça”, disse em nota.
Por fim, a prefeitura reforçou que segue aberta ao diálogo e ao bom andamento das negociações. “Porém, o sindicato não compareceu à audiência de reconciliação e segue em um processo de desinformação, orientando professores a não cumprirem ordens judiciais e divulgando informações falsas nas redes sociais”, finalizou.