Ex-professor de Larissa Pimenta relembra início da trajetória da medalhista olímpica

Por Santa Portal em 30/07/2024 às 05:00

Tharin Polheim Alves/ Arquivo pessoal
Tharin Polheim Alves/ Arquivo pessoal

Ao conquistar o bronze, no último domingo (28), e se tornar a primeira mulher brasileira medalhista dos Jogos Olímpicos de Paris, Larissa Pimenta ganhou os holofotes mundiais. No entanto, sua conquista foi construída desde quando ela começou a aprender as primeiras técnicas de judô na Escola Estadual Antonio Luiz Barreiros, no Japuí, em São Vicente.

Na época, seu professor de educação física, Tharin Polheim Alves, precisou tomar uma decisão rigorosa. Cortou a pequena atleta e suas irmãs Letícia e Giovanna do grupo de treinos. Mais de 15 anos depois, ele garante que manteria a atitude com a ex-aluna, hoje reconhecida em todo o país.

“Para que um estudante se mantenha na turma de treinamento de judô, é preciso que ele tenha boas notas e mantenha o respeito e o bom comportamento dentro da escola”, conta Alves, que começou com o projeto na Escola Antonio Luiz Barreiros no ano de 2002. 

No caso de Larissa, o professor conta que a judoca passou por um crescimento no esporte e por um processo que culminou com a conquista da medalha de bronze. “A Larissa não era tão boa aluna. Eu cheguei a expulsar ela e as irmãs da aula porque elas não paravam de falar. No ano seguinte, ela me pediu para voltar e permaneceu treinando com a gente até ser chamada a competir pelo Esporte Clube Pinheiros”, revela.

As irmãs de Larissa também seguiram e permanecem no esporte até hoje. Além de dar aulas de judô, o professor Tharin também treina wrestling (luta olímpica) com os estudantes da escola estadual, caminho seguido por Letícia e Giovanna, que têm se destacado em competições nacionais e internacionais, como o sulamericano e o panamericano. 

Ao ver a ex-aluna conquistando a medalha de bronze, o professor exalta a trajetória da judoca. “Eu acredito que este foi o encerramento de um ciclo e que agora ela está abrindo um outro ciclo, que pode resultar na conquista de uma medalha de ouro, por exemplo. Em Paris, eu percebi a Larissa muito mais madura do que em Tóquio. Quando vi a disputa e a vitória dela, alguns flashes passaram pela minha cabeça, como ela aprendendo a ser uma atleta. Muitas outras pessoas passaram pela trajetória vitoriosa dela, aqui foi só o começo”, relata Alves.

Wander Roberto/COB

Inspiração para a nova geração

O professor não sabe dizer ao certo quantos estudantes da Escola Antonio Luiz Barreiros já passaram pelas suas turmas ao longo dos 22 anos de projeto, mas arrisca que cerca de 70% da população do bairro já foi sua aluna.

“Essa conquista da Larissa será muito importante, porque não só vai incentivar os estudantes da iniciação na escola, mas dar visibilidade a todo um bairro que respira o judô. Ela saiu de um bairro que muita gente não dá valor e correu atrás, é um exemplo para os jovens”, reforça.

Atualmente, dez estudantes participam das aulas de judô e luta olímpica na escola às segundas, quartas e sextas, no período noturno. Durante a formação da turma, o professor passa nas salas de aula da escola para convidar quem quer participar. Para ingressar no time, é preciso demonstrar o mínimo de aptidão para um dos esportes, manter boas notas e bom comportamento. Os alunos podem escolher ou são encaminhados pelo próprio professor, de acordo com seu desenvolvimento, a se aprofundarem no judô ou no wrestling. 

Além das aulas na escola estadual, o professor deixa as portas de sua academia abertas para que os estudantes do grupo possam treinar no espaço. Ele conta que assim como Larissa, Letícia e Giovanna, todos seus estudantes são federados nesses esportes.

O diretor da Escola Estadual Antonio Luiz Barreiros, professor Paulo Renato Almeida Costa, o projeto de judô do professor Tharin integra as atividades curriculares desportivas, que podem ser propostas por docentes da rede estadual, com aulas no contraturno das aulas semanais. Além da empolgação dos estudantes no primeiro dia de aula com a conquista da conterrânea, o diretor reconhece que a medalha de bronze vai impactar positivamente o dia a dia da escola.

“O que mais catapulta os estudantes é que eles podem ver a trajetória dela. Os alunos que participam do projeto são muito ativos. A conquista da Larissa inspira a comunidade e nossos alunos são engajados a partir da dedicação do professor Tharin”, aponta o diretor.

Além da Escola Estadual Antonio Luiz Barreiros, em São Vicente, Larissa Pimenta concluiu seus estudos no Ensino Médio em outra escola estadual, localizada na zona oeste da capital paulista.

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