Família enfrenta dificuldades para conseguir dieta líquida para idosa em Santos
Por Marcela Ferreira em 14/04/2022 às 06:20
A idosa Ruth Henriques Peres, de 91 anos, usa uma sonda de gastrostomia desde dezembro de 2021 e precisa, diariamente, consumir cerca de um litro de uma dieta líquida. A família, no entanto, luta para conseguir comprar a alimentação para a senhora, já que não consegue obter o benefício pelo Ambulatório Médico Especialista (AME) Santos.
A dieta necessária custa mais de R$ 800,00, segundo a filha de Ruth, Rosely Peres. Ela conta que desde o fim de janeiro está buscando obter os insumos para a mãe pelo AME de Santos, conforme pedido médico, mas até o momento, não conseguiu ser atendida. “Minha mãe colocou a sonda GTT, que fica na barriga, em dezembro do ano passado. Comecei a tentar essa solicitação no final de janeiro, início de fevereiro”.
“Quando eu fui ao AME pessoalmente me disseram que devido à pandemia tinha que passar essa solicitação por e-mail. Fiz a solicitação por e-mail, encaminhei os documentos e o formulário, a descrição das várias dietas que ela pode receber, e aí eu recebi a resposta de ‘caixa de destinatário cheia’. Achei o cúmulo, fiz uma nova tentativa e depois escreveram que faltava o formulário, e o formulário estava anexo”, relata a filha.
Os gastos com a dieta líquida que Ruth precisa passam dos R$ 800,00 em um local que vende o insumo por um preço considerado bom por Rosely. “O governo oferece, o estado, então eu faço questão de receber”, diz Rosely.
Ainda em trocas de e-mail com funcionários do AME Santos, buscando entender por que sua solicitação ainda não foi aceita, Rosely diz que ainda não conseguiu respostas, e muito menos os insumos para sua mãe. “Não tem resposta satisfatória, quando respondem é bem complicado. Conversando onde eu compro a dieta, eu soube de outras pessoas que até desistiram, porque não conseguem, porque eles já avisam que, mesmo quando a documentação for aprovada, demora no mínimo uns 40 dias para receber. É muito deprimente”, desabafa.
Em contato com a ouvidoria, Rosely diz que se sentiu desrespeitada, e que nunca conseguiu registrar a sua queixa pela falta de atendimento para conseguir a dieta líquida para Ruth. “Depois de uns dias, me ligaram da ouvidoria do Departamento Regional de Saúde, e me falaram que o e-mail estava com problema. Eu fui bem sincera, falei que não acreditava, aí me deram um outro e-mail, me deram um monte de explicações. Mas tentam contornar a situação dizendo que o caso é encaminhado para uma comissão de farmacologia para ver se é pertinente receber ou não a dieta, e eu falei que era uma indicação médica, não era uma solicitação minha”.
Após mais alguns dias sem respostas, Rosely ligou novamente na ouvidoria diversas vezes e não foi atendida. Após uma funcionária responder, afirmou que não havia recebido nenhuma ligação e nem e-mail sobre o assunto. “Falei que se fosse necessário, eu iria na polícia abrir um boletim de ocorrência, e ela respondeu ‘faça o que bem entender’. Eu agradeci e desliguei o telefone, e decidi tentar realmente por outros caminhos. Eu ainda estou aqui no aguardo, não recebi nenhum comunicado”, relata.
Apesar da dificuldade que enfrenta para comprar os insumos para a mãe, Rosely diz que não está em busca de doações, e sim de seus direitos. “Algumas pessoas entraram em contato para ajudar, e eu agradeço de coração, mas o que eu quero é que seja divulgado para que eu e tantas outras pessoas que têm direito a essa dieta possam receber do Estado”.
Resposta da Secretaria Estadual de Saúde
O Santa Portal procurou a Secretaria Estadual de Saúde, que administra o AME Santos, que enviou a seguinte resposta por meio de nota: “O Departamento Regional de Saúde (DRS) da Baixada Santista informa que a solicitação da paciente R.H.P já foi encaminhada para a Comissão de Farmacologia. A documentação está em processo de análise e, caso seja aprovada, a entrega do insumo será realizada à paciente”, diz o comunicado enviado pelo órgão.