Polícia identifica torcedor que ofendeu goleiro da Briosa com palavras racistas
Por Santa Portal em 23/02/2025 às 12:00

A Polícia Civil já identificou o torcedor da Portuguesa Santista que iniciou as ofensas racistas ao goleiro Tom Cristian, da própria equipe, durante a partida disputada contra o São José EC, no Estádio Ulrico Mursa, na noite da última quinta-feira (20). O atleta disse na delegacia que foi xingado de “macaco filho da puta, preto e preto vagabundo”.
O nome do ofensor não foi divulgado, porque ele ainda será intimado para prestar esclarecimentos. “Um grupo hostilizou o goleiro Tom, mas o homem identificado e reconhecido foi quem iniciou os insultos racistas e inflamou a massa”, revelou o delegado Marcelo Gonçalves da Silva, do 2º DP de Santos, que comanda as investigações.
Tom registrou boletim de ocorrência na tarde de sexta-feira (21). A pedido do delegado, diante da repercussão do caso, ele compareceu ao distrito e detalhou o ocorrido. Estava junto com Cassiano Carduz, gerente de futebol da Briosa, do defensor José Leonardo Lima Oliveira, o Leo, e do meio-campista Leonardo Silva Franco, o Leonardo Mancha.
Um vídeo de um grupo de 40 a 50 torcedores, gravado logo após o início das ofensas racistas, foi entregue ao delegado. “Na hora dos xingamentos, Tom estava de costas e não viu quem o insultou, mas os outros jogadores conseguiram visualizar aquele que começou tudo e o identificaram na filmagem”, contou a autoridade policial.
A partir dessa identificação visual, os investigadores do 2º DP realizaram diversas pesquisas em “fontes abertas”, que incluem redes sociais, e descobriram o nome, o endereço e outros dados do acusado. “Vamos intimá-lo e, a partir dele, pretendemos identificar outras pessoas que também teriam cometido o ato racista”, disse o delegado.
A injúria racial não é mais um delito contra a honra capitulado no Código Penal. Passou a ter tratamento mais severo ao ser classificado como crime resultante de preconceito de raça ou de cor, sendo descrito no artigo 2º-A da Lei 7.716/1989. Quando cometido por duas ou mais pessoas, é punível com reclusão, de três anos a sete anos e seis meses.
Fim de jogo
O episódio racista no estádio da Briosa aconteceu durante partida válida pela série A2 do Campeonato Paulista, após a Portuguesa tomar o terceiro gol aos 31 minutos do segundo tempo. Diante da confusão, o jogo ficou paralisado até o árbitro Henrique Otto Cruz Hengstmam decidir por encerrá-lo.
“O goleiro Sr. Winiston Cristian Santos manifestou a mim a decisão de não prosseguir na partida, sendo apoiado por seus companheiros de equipe e comissão técnica. Após 23 minutos de paralisação, todos os atletas e membros da comissão técnica da equipe mandante deixaram o campo de jogo”, anotou o árbitro na súmula. (EF)