Túnel Santos-Guarujá avança após quase 100 anos

Por Eduarda Esteves/Folhapress em 19/02/2025 às 06:00

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A construção do túnel submerso que vai ligar as cidades de Santos e Guarujá está mais perto de sair do papel. Aguardada há quase cem anos por moradores da Baixada Santista, a obra promete reduzir o tempo da travessia entre os dois municípios para cerca de dois minutos. O edital do projeto será publicado no próximo dia 27 de fevereiro.

Demanda histórica da Baixada Santista. O túnel servirá como ligação seca entre os dois municípios para o deslocamento de veículos, bicicletas e pedestres. Atualmente, mais de 21 mil carros cruzam diariamente as duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.

A obra vem sendo discutida há pelo menos 98 anos. Em janeiro de 1927, o jornal A Tribuna publicou uma reportagem sobre a construção do túnel. O texto cita a ideia do engenheiro Enéas Marini, que também planejava um túnel entre Rio de Janeiro e Niterói.

A construção do túnel é uma promessa antiga de diferentes governos. nesta terça-feira (18), a ligação entre as duas cidades é feita pela rodovia Cônego Domenico Rangoni (SP-055), com 43 km de extensão, e pelas balsas das Travessias Litorâneas da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), que levam em média 18 minutos para concluir a travessia.

De acordo com o governo federal, as conexões nesta terça-feira (18) disponíveis entre os municípios também apresentam impactos na operação do Porto de Santos, formado por um conjunto de terminais voltados à armazenagem e à movimentação de cargas e passageiros.

O leilão para definir a empresa que vai tocar a obra deve ser realizado em 1º agosto. A empresa que vencer o leilão será responsável pela construção, operação e manutenção do túnel.

O governo federal e o governo de São Paulo formalizaram um convênio para a construção do túnel. A obra, orçada em R$ 6 bilhões, será custeada em três frentes: o governo de São Paulo, a União e o setor privado. A construção do túnel faz parte do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um conjunto de investimentos do governo federal para acelerar o crescimento econômico e a inclusão social.

Inauguração do túnel é planejada para 2028. As cidades são separadas pelo canal do estuário, a uma distância de 400 metros, o que traz desafios à mobilidade urbana da população. A distância é percorrida em aproximadamente sete minutos, sendo que a espera para a travessia pode variar de 15 minutos até mais de uma hora, dependendo das condições da maré no estuário.

Caso a obra saia do papel, este será o primeiro túnel submerso do Brasil e o maior da América Latina. O objetivo é garantir mais segurança e agilidade no deslocamento entre Santos e Guarujá. O projeto faz parte do Programa de Parcerias de Investimentos de São Paulo.

Como será o túnel entre Santos e Guarujá?

O túnel submerso fará a ligação entre o cais de Outeirinhos, no bairro do Macuco, em Santos, e o Linhão da Codesp, no bairro de Vicente de Carvalho, no Guarujá.

Tempo da travessia deve cair para cerca de dois minutos. A projeção é da Autoridade Portuária de Santos. A travessia via estrada dura 60 minutos. O objetivo principal da obra é melhorar o fluxo de carros, pedestres e cargas entre as duas cidades do litoral.

Toda a estrutura terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersa. Haverá três faixas de rolamento por sentido, com uma delas para a passagem do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O túnel também terá acesso para travessia de pedestres e ciclistas.

Governo prevê construção do túnel deve gerar nove mil empregos diretos e indiretos. Ao todo, 86% do investimento será dividido entre o Ministério de Portos e Aeroportos e o governo de São Paulo. O restante do valor será custeado pela iniciativa privada.

“Estamos tirando do papel uma obra aguardada há quase cem anos pelos moradores da região. Além de fundamental para melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida das pessoas que precisam se deslocar na Baixada Santista, o túnel vai ajudar no escoamento da produção do Porto de Santos, no sentido de contribuir para a segregação do tráfego portuário do urbano. Além disso, vai fortalecer a infraestrutura portuária e ajudar cada vez mais na geração de emprego e renda do país. Essa é a maior obra da história”, disse Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos.

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