Tarcísio fala em punição exemplar e monta força-tarefa para prender assassinos de ex-delegado
Por Folha Press e Santa Portal em 16/09/2025 às 10:00
O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou a integração de uma força-tarefa para prender os responsáveis pela morte do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, 63, assassinado na noite desta segunda-feira (15) em Praia Grande, na Baixada Santista.
Em declaração enviada à Folha, Tarcísio disse que o governo trabalha para que os criminosos sejam exemplarmente punidos pela Justiça.
“Ruy Ferraz Fontes deixou um legado na Segurança Pública de São Paulo. Foi pioneiro nas investigações contra o PCC e dedicou 40 anos à nossa Polícia Civil, chegando ao cargo de delegado-geral da instituição. Hoje foi covardemente assassinado em Praia Grande, onde atuava como secretário de Administração na prefeitura local. Vamos trabalhar para identificar e prender os criminosos responsáveis, para que sejam exemplarmente punidos pela Justiça, com todo o rigor da lei”, disse o governador.
Conforme a Polícia Militar, o ataque ocorreu na avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, por volta das 18h20. Uma testemunha contou ter ouvido diversos disparos de arma de fogo e acionado policiais. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) constatou a morte de Fontes no local.
Equipes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), a tropa de elite da Polícia Militar, desceram para a Baixada Santista logo após o assassinato do ex-delegado.
“Lamento o assassinato do delegado aposentado Ruy Ferraz Fontes, secretário em Praia Grande e ex-delegado-geral. Determinei integração de força-tarefa, com prioridade definida pelo gov. Tarcísio, para prender os criminosos. O procurador-geral de Justiça [Paulo Sérgio de Oliveira e Costa] ofereceu o apoio do Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público]”, escreveu o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite em sua conta na rede social X.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, equipes da polícia estão em campo, realizando diligências e utilizando ferramentas de inteligência para identificar, prender e responsabilizar os envolvidos pelo assassinato.
Segundo prévia do boletim de ocorrência, homens efetuaram tiros de fuzil contra a vítima, que estava em seu carro. Um vídeo mostra a ação. Nas imagens, Fontes aparece acelerando um Fiat Argo. Ele bate num ônibus, capotando o automóvel. Nesse momento, os suspeitos desembarcam de outro veículo e efetuam disparos contra o ex-delegado.
O carro utilizado no crime foi encontrado queimado pela polícia. Segundo a Prefeitura de Praia Grande, uma mulher e um homem ficaram feridos durante o ataque ao delegado. Eles estavam na rua e foram atingido por tiros. Os dois foram socorridos no local, encaminhados a uma unidade de pronto atendimento, e depois a um hospital. Nenhum dos dois feridos corre risco de vida, segundo a prefeitura.
Policiais ouvidos pela Folha afirmam acreditar no envolvimento da facção criminosa no homicídio desta segunda. Para Osvaldo Gonçalves, o Nico, secretário-executivo da SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, a teoria de que teria sido morto por integrantes da facção criminosa é precipitada e as investigações devem ser aprofundadas antes de qualquer suspeita.
Nico, que conhecia Fontes desde a década de 1970, diz estar muito triste com a morte do amigo. “É um momento muito difícil. Era uma pessoa fantástica. “Fontes trabalhava ultimamente como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande A Secretaria da Segurança Pública, do governo Tarcísio, emitiu nota de pesar pela morte na noite desta segunda-feira.
Em nota, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) lamentou a morte de Fontes e criticou o tratamento dado à Polícia Civil pelo Governo de São Paulo. “[A execução de Fontes] escancara a forma como o Governo do Estado de São Paulo cuida de seus policiais mais dedicados, ao mesmo tempo em que torna gritante a necessidade de a Polícia Civil ser melhor tratada, com efetiva valorização de seus profissionais, mais contratações e aumento nos investimentos em estrutura física e de materiais”, diz o posicionamento.
Circulação de carros será analisada
O atual chefe da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian, afirmou que imagens do assassinato e de dias anteriores serão coletadas e analisadas pela investigação. Em entrevista coletiva a jornalistas em Praia Grande, Dian disse que os criminosos usaram táticas e técnicas apuradas para a execução.
“Então a gente não pode descartar nada de crime organizado tendo participado. Nossas equipes estão fazendo a coleta de todas as imagens possíveis, não só do dia do fato, mas de outros dias também em que eventualmente veículos suspeitos pudessem estar circulando a prefeitura”, disse.
O delegado-geral também disse que Fontes não temia estar sendo seguido. “Pelo que levantamos preliminarmente ou das últimas vezes em que pude conversar com ele, não existia esse receio. Claro que um policial sempre tem toda a cautela, ele andava armado”.
Combatente do PCC
O ex-delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo e secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros na noite desta segunda-feira (15), em Praia Grande, no litoral de São Paulo, foi um dos principais combatentes à facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Fontes chegou, inclusive, a constar em uma lista de policiais que deveriam ser mortos como ‘retaliação’ pela transferência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, da prisão estadual em São Paulo.
O ex-delegado-geral era considerado um dos principais especialistas do país sobre a estrutura do PCC, tendo sido o primeiro delegado a investigar a atuação da organização no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Deic.