Ex-delegado-geral de SP morto em Praia Grande combateu PCC e chegou a estar em 'lista' de Marcola
Por Santa Portal e Folha Press em 16/09/2025 às 05:00
O ex-delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo e secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros na noite desta segunda-feira (15), em Praia Grande, no litoral de São Paulo, foi um dos principais combatentes à facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Fontes chegou, inclusive, a constar em uma lista de policiais que deveriam ser mortos como ‘retaliação’ pela transferência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, da prisão estadual em São Paulo.
A informação foi publicada em uma denúncia assinada pela promotora Silvia Vieira Marques, da Segunda Promotoria de Justiça Criminal da Capital do Ministério Público (MP), em 30 de agosto de 2019.
O ex-delegado-geral era considerado um dos principais especialistas do país sobre a estrutura do PCC, tendo sido o primeiro delegado a investigar a atuação da organização no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Deic.
No Deic, a equipe de Fontes indiciou por formação de quadrilha todos os líderes da facção no início dos anos 2000, ocasião em que divulgou os primeiros organogramas indicando Marcola; César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha (1968-2006); e José Márcio Felício, o Geleião (1961-2021), como os cabeças da facção.
Os criminosos foram transferidos para o regime disciplinar diferenciado) no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) do presídio de Presidente Bernardes, inaugurado em abril de 2002 para abrigar integrantes de facções criminosas.
Ruy Ferraz Fontes foi delegado-geral do Estado de SP, de janeiro de 2019 a abril de 2022, na gestão do governador João Doria. Nessa função, ele respondia diretamente ao governador e ao secretário de Segurança Pública.
Vivia sem proteção policial em PG
Apesar do forte combate ao crime organizado, Fontes falou, em entrevista a um podcast da CBN e do jornal O Globo, que vivia sem nenhuma proteção policial na cidade do litoral paulista.
“Desde 2002 fui encarregado de fazer investigações relacionadas especificamente com o PCC (…) eu tenho proteção de quê? Eu moro sozinho na Praia Grande, que é o meio deles. Eu não tenho estrutura nenhuma”, disse o ex-delegado-geral.
Entenda o caso
O ex-delegado-geral da Polícia Civil e secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, foi morto a tiros no começo da noite desta segunda, na Avenida Marginal, próximo ao Mercadão da Vila Mirim.
Imagens de câmeras de monitoramento mostraram que os criminosos chegaram em uma rua das imediações em uma caminhonete Toyota Hilux preta, por volta das 17h30, e lá ficaram aguardando a passagem de Ruy, que costumava sair da Prefeitura às 18h.
A emboscada surpreendeu o secretário, que não teve qualquer chance de reação, devido à superioridade numérica dos atiradores e das armas de grosso calibre que portavam. Três bandidos desembarcaram da picape e fuzilaram o carro de Ruy.
Na tentativa de escapar, a vítima chegou a acelerar o Fiat, perdendo o controle da direção e colidindo em um ônibus, próximo ao Fórum de Praia Grande. O secretário morreu no local.
Consumado o homicídio, os atiradores retornaram à caminhonete, na qual um quarto comparsa os aguardavam no volante, e fugiram pela contramão. No momento da publicação desta matéria, o veículo e o corpo da vítima permaneciam no local da execução aguardando os trabalhos de perícia.
Os bandidos abandonaram o veículo utilizado na emboscada na periferia da Cidade e o incendiaram para apagar eventuais vestígios do crime. Por enquanto, não há informações de como eles deram prosseguimento à fuga.