Queda de elevador que matou quatro pessoas em Santos completa 50 dias sem nenhuma resposta
Por #Santaportal em 19/02/2020 às 13:42
TRAGÉDIA – Cinquenta dias depois do queda do elevador que matou quatro pessoas da mesma família no Edifício Tiffany, na Vila Belmiro, em Santos, não houve nenhuma resposta conclusiva a respeito do que causou o acidente.
Tudo aconteceu na noite de 30 de dezembro do ano passado. O elevador despencou desde o quinto andar e passou por oito níveis, matando quatro pessoas da mesma família: Jucelina Santos, esposa de um suboficial da Marinha (o prédio era destinado exclusivamente a militares da corporação), o casal Edilson Donizete e Lucineide de Souza Goes, além do filho Eric Miguel. Segundo o Instituto Médico Legal, a causa foi politraumatismo.
Os laudos periciais ainda não foram concluídos pelo instituto de Criminalística de Santos. Eles dependiam do trabalho do Núcleo de Física da Instituto de Criminalística da Polícia Científica, em São Paulo. O órgão já concluiu as análises de dois conjuntos de peças do elevador e os dados estão à disposição. Elas passaram por vários exames e equipamentos no Núcleo de Física, dentre eles o MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura) e o novo Raio-X. O microscópio aumenta mais de 600 mil vezes uma amostra de uma peça de local de crime e pode chegar a mostrar, por exemplo, se a estrutura se partiu ou se foi fabricada com defeito.
Vale ressaltar que todos os profissionais têm larga experîência e formação no assunto, inclusive no Exterior. Os peritos criminais do Núcleo de Física interpretam gráficos e exames de forma científica para elaboração dos laudos periciais.
A Marinha, por sua vez, aguarda o inquérito policial para terminar o seu. E a corporação também fica de mãos atadas, porque só pode substituir o equipamento depois disso. Enquanto isso, a Marinha disponibilizou residências para os familiares das vítimas e moradores do edifício que tenham alguma dificuldade motora, em razão da ausência do elevador. Algumas pessoas, inclusive, já se mudaram do local dentro dessas circunstâncias. É uma forma de, segundo a corporação, minimizar os transtornos causados pelo acidente. Soma-se a isso assistência social e psicológica.
Empresa
Por sua vez, a Villarta, empresa responsável pela manutenção do elevador, alega a possibilidade de ter sido uma falha de fabricação de uma peça o motivo da queda do equipamento. “Tais esclarecimentos só serão possíveis após a elaboração do laudo pericial, o qual poderá apontar a causa da queda do elevador de serviço, contudo, diante das análises feitas, temos motivos para acreditar que o acidente foi ocasionado por uma falha de fabricação da placa de suspensão, a qual veio se romper naquela ocasião”, diz o documento enviado à Prefeitura de Santos, assinado por Carlos Ramalho, gerente da empresa.
“Sendo esta falha um vício oculto de fabricação, há grandes possibilidades do elevador social ser portador do mesmo problema. Desta forma, o religamento do mesmo não seria prudente, pois esta atitude colocaria a segurança dos demais moradores em risco”, continua o texto.
Ainda no documento, a Villarta também revela ter encaminhado para análise da Marinha do Brasil proposta de compra e venda para realizar a troca completa dos dois elevadores, “a fim de proporcionar aos moradores daquele edifício um equipamento novo, com tecnologia avançada e – principalmente – seguro”.
No entanto, no mesmo documento enviado pela Villarta e protocolado na Prefeitura às 15h02 de 6 de fevereiro não consta qualquer laudo técnico solicitado pelo Poder Público a respeito dos itens de segurança dos elevadores. A justificativa é que não havia base de comparação entre os dois equipamentos em razão da retirada de peças por parte da Polícia Científica. A razão é a mesma de não se ligar novamente o elevador social.
“Como alguns dos componentes de segurança do elevador social foram retirados pela Polícia Científica para efeitos de comparação entre as duas estruturas, a sinistrada e não impactada, testes complementares não puderam ser realizados de forma efetiva. A Villarta solicitou o acompanhamento dos exames e aguarda autorização para acesso ao material recolhido, impossibilitando exames aprofundados acerca dos componentes dos elevadores até o presente momento. Sendo assim, o mesmo permanece desligado e fora de uso”, afirma o texto.
A Villarta também chama a atenção “que o equipamento e todos os seus itens de segurança, até a ocorrência do acidente, estavam com a sua manutenção em dia e em andamento a todas as normas técnicas exigidas, como bem atestou esta própria repartição municipal”. A referência está nos relatórios trimestrais e controle de manutenção preventiva, segundo a empresa, já entregues à Prefeitura de Santos. “Contudo, após o acidente, alguns componentes técnicos do elevador de serviço ficaram danificados, sendo impossível o seu mero reparo”, emenda.