Moro promete "passagem só de ida" para fugitivos de prisão no Paraguai; Maioria é do PCC
Por #Santaportal e Agência Brasil em 20/01/2020 às 08:12
POLÍCIA – Nas primeiras horas de hoje, 76 prisioneiros da Penitenciária Pedro Juan Caballero, no Paraguai, fugiram. Presume-se que tenham escapado da prisão por um túnel com a cumplicidade de autoridades. Dos 76, 40 são brasileiros . O número total divulgado inicialmente foi de 91, mas houve a retificação. O chefe de Segurança e o diretor da instituição foram demitidos.
A fuga obrigou o Ministério da Justiça e Segurança Pública a determinar o bloqueio da fronteira entre Brasil e Paraguai no trecho que corresponde ao Mato Grosso do Sul. Do lado paraguaio, é Pedro Juan Caballero. Do lado brasileiro, é Ponta Porã.
Trata-se de um reforço de policiamento com helicópteros e barreiras. “Isso é chamado pela polícia de bloqueio, mas a fronteira não está fechada no Mato Grosso do Sul. Brasileiros e paraguaios continuam podendo ir e vir”, informou a assessoria do ministério.
O ministro Sérgio Moro prometeu que se os fugitivos voltarem ao Brasil, “ganham passagem só de ida para presídio federal”. “Estamos trabalhando junto com as forças estaduais para impedir a reentrada no Brasil dos criminosos que fugiram de prisão do Paraguai. E o Paraguai tem sido um grande parceiro na luta contra o crime.”, afirma.
A ministra da Justiça, Cecilia Pérez, disse que “a possibilidade de envolvimento de agentes penitenciários corruptos” é alta na fuga dos 76 membros do Primeiro Comando da Capital (PCC).
?Impossível que eles não tenham visto a quantidade de areia em uma das celas. O túnel foi cavado de uma cela que vai para o lado da prisão. Não é possível que os funcionários não tenham visto uma saída no perímetro da penitenciária. Existe um conluio brutal óbvio?, disse a ministra Pérez.
A ministra da Justiça confirmou que o chefe de Segurança, Matías Vargas, e o diretor da penitenciária, Cristian González, foram demitidos. Também foram presos cinco guardas da prisão.
Ela adiantou que se encontrará com o presidente da República, Mario Abdo Benítez, para oferecer sua renúncia ao cargo de Ministro da Justiça. ?A responsabilidade política deste ministério é minha e eu trabalho e devo ao Presidente da República, à cidadania e à opinião pública. O presidente tomará a decisão que ele deve tomar?, afirmou.
Perez disse que, se o presidente determinar, ela continuará trabalhando para reverter ?esses eventos sérios?, para que as responsabilidades sejam determinadas e as pessoas envolvidas sejam processadas.
O ministro do Interior, Euclides Acevedo, afirmou que a fuga foi uma libertação de prisioneiros. ?Já nos dias anteriores vários dos fugitivos teriam deixado a prisão pela porta principal. Isso implica que, com efeito, toda a penitenciária está envolvida?.
Ele afirmou que a maioria dos 76 presos do PCC que escaparam da prisão “não saiu pelo túnel”. Os outros, segundo o ministro, “saíram pela porta da frente”.
Em 16 de dezembro, a ministra da Justiça, Cecilia Pérez, e o vice-ministro de Política Penal, Hugo Volpe, relataram a descoberta de um plano de voo para um suposto membro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com os dados fornecidos pelas autoridades, a quantia de até US$ 80 mil foi oferecida a agentes penitenciários ou membros das forças públicas para esse fim. Perez acrescentou que, segundo a inteligência, a fuga foi planejada para um preso da Penitenciária Regional Pedro Juan Caballero, em Amambay.