21/05/2020

Laudo pericial sobre queda de elevador, produzido pela Polícia Científica de Santos, já foi entregue

Por Ted Sartori/#Santaportal em 21/05/2020 às 11:38

TRAGÉDIA – O laudo pericial, elaborado pela Polícia Científica de Santos e que inclui as conclusões a respeito do que causou a queda do elevador no Edifício Tiffany, na Vila Belmiro, em Santos, já foi entregue ao 2º Distrito Policial da cidade, segundo apurou o #Santaportal. A peça analisada também foi remetida.

O documento será analisado e, posteriormente, um relatório emitido para a promotoria seguir com o andamento do caso. As informações contidas no laudo ainda são mantidas em segredo. 

Contactado, o delegado Alexandre Aranha preferiu não se manifestar sob a alegação de que o caso ainda não está concluído.

Tudo aconteceu na noite de 30 de dezembro do ano passado. O elevador despencou desde o quinto andar e passou por oito níveis, matando quatro pessoas da mesma família: Jucelina Santos, esposa de um suboficial da Marinha (o prédio era destinado exclusivamente a militares da corporação), o casal Edilson Donizete e Lucineide de Souza Goes, além do filho Eric Miguel. Segundo o Instituto Médico Legal, a causa foi politraumatismo.

O Núcleo de Física do Instituto de Criminalística da Polícia Científica, em São Paulo, havia concluído os trabalhos no início de fevereiro. Ele fez as análises de dois conjuntos de peças do elevador e os dados estão à disposição. Elas passaram por vários exames e equipamentos no Núcleo de Física, dentre eles o MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura) e o novo Raio-X. O microscópio aumenta mais de 600 mil vezes uma amostra de uma peça de local de crime e pode chegar a mostrar, por exemplo, se a estrutura se partiu ou se foi fabricada com defeito.

Vale ressaltar que todos os profissionais têm larga experîência e formação no assunto, inclusive no Exterior. Os peritos criminais do Núcleo de Física interpretam gráficos e exames de forma científica para elaboração dos laudos periciais.

A Marinha, por sua vez, aguarda o inquérito policial para terminar o seu. E a corporação também fica de mãos atadas, porque só pode substituir o equipamento depois disso. Enquanto isso, a Marinha disponibilizou residências para os familiares das vítimas e moradores do edifício que tenham alguma dificuldade motora, em razão da ausência do elevador. Algumas pessoas, inclusive, já se mudaram do local dentro dessas circunstâncias. É uma forma de, segundo a Marinha, minimizar os transtornos causados pelo acidente. Soma-se a isso assistência social e psicológica.

Empresa
A Villarta, empresa responsável pela manutenção do elevador, alega a possibilidade de ter sido uma falha de fabricação de uma peça o motivo da queda do equipamento. “Tais esclarecimentos só serão possíveis após a elaboração do laudo pericial, o qual poderá apontar a causa da queda do elevador de serviço, contudo, diante das análises feitas, temos motivos para acreditar que o acidente foi ocasionado por uma falha de fabricação da placa de suspensão, a qual veio se romper naquela ocasião”, diz o documento enviado à Prefeitura de Santos, assinado por Carlos Ramalho, gerente da empresa.

“Sendo esta falha um vício oculto de fabricação, há grandes possibilidades do elevador social ser portador do mesmo problema. Desta forma, o religamento do mesmo não seria prudente, pois esta atitude colocaria a segurança dos demais moradores em risco”, continua o texto.

Ainda no documento, a Villarta também revela ter encaminhado para análise da Marinha do Brasil proposta de compra e venda para realizar a troca completa dos dois elevadores, “a fim de proporcionar aos moradores daquele edifício um equipamento novo, com tecnologia avançada e – principalmente – seguro”.

No entanto, no mesmo documento enviado pela Villarta e protocolado na Prefeitura às 15h02 de 6 de fevereiro não consta qualquer laudo técnico solicitado pelo Poder Público a respeito dos itens de segurança dos elevadores. A justificativa é que não havia base de comparação entre os dois equipamentos em razão da retirada de peças por parte da Polícia Científica. A razão é a mesma de não se ligar novamente o elevador social.

“Como alguns dos componentes de segurança do elevador social foram retirados pela Polícia Científica para efeitos de comparação entre as duas estruturas, a sinistrada e não impactada, testes complementares não puderam ser realizados de forma efetiva. A Villarta solicitou o acompanhamento dos exames e aguarda autorização para acesso ao material recolhido, impossibilitando exames aprofundados acerca dos componentes dos elevadores até o presente momento. Sendo assim, o mesmo permanece desligado e fora de uso”, afirma o texto.

A Villarta também chama a atenção “que o equipamento e todos os seus itens de segurança, até a ocorrência do acidente, estavam com a sua manutenção em dia e em andamento a todas as normas técnicas exigidas, como bem atestou esta própria repartição municipal”. A referência está nos relatórios trimestrais e controle de manutenção preventiva, segundo a empresa, já entregues à Prefeitura de Santos. “Contudo, após o acidente, alguns componentes técnicos do elevador de serviço ficaram danificados, sendo impossível o seu mero reparo”, emenda.

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