Ladrões furtam açúcar para exportação e tentam ocultar o crime com areia na carga
Por Santa Portal em 06/07/2023 às 06:00
Criminosos furtaram parte do açúcar transportado em dois caminhões para o Porto de Santos e colocaram areia no lugar, inviabilizando a exportação do produto. A descoberta ocorreu após amostras das cargas serem periciadas por um químico do próprio terminal portuário – Corredor Logística e Infraestrutura (CLI). Estima-se que a quantidade subtraída seja superior a 4,5 toneladas. Por enquanto, ninguém foi preso.
O “corte” de cargas – furto de mercadorias transportadas com a introdução de outro produto para compensar o peso e retardar a descoberta do crime – não é fato novo no Porto de Santos. Porém, essa modalidade de delito se reveste de maior gravidade quando os carregamentos são contaminados por substâncias que comprometem a sua qualidade e a segurança ao consumo humano.
Além dos prejuízos materiais, esse tipo de crime abala a imagem comercial do Brasil quando o corte da carga só é detectado no exterior. No caso de a exportação envolver açúcar, além do furto, em tese, também está caracterizado o delito contra a saúde pública previsto no artigo 272, parágrafo 1º-A, do Código Penal (entregar a consumo substância ou produto alimentício falsificado, corrompido ou adulterado).
Motoristas negam
O Santa Portal apurou com exclusividade que os cortes nas cargas de açúcar foram descobertos no último sábado. Procedentes de uma usina situada no município paulista de Mendonça, distante a 532 quilômetros de Santos, dois motoristas chegaram ao terminal do CLI transportando em seus caminhões carregamentos de 41,2 toneladas e 34 toneladas do produto, respectivamente, avaliados em R$ 99 mil e R$ 81,6 mil, conforme as notas fiscais.
Logo após os veículos ingressarem na empresa no Porto, um perito coletou amostras das cargas e elaborou um laudo para cada carregamento, constatando a contaminação por areia. O químico estimou que das cargas de 41,2 e 34 toneladas foram furtados, respectivamente, 512 e 4.073 quilos de açúcar. Segundo o expert, a substância contaminante não faz parte do processo produtivo e nem da colheita da cana-de-açúcar.
Com a constatação do ocorrido, a Guarda Portuária foi acionada, sendo os motoristas conduzidos à Central de Polícia Judiciária (CPJ), onde também compareceu um advogado representando o CLI. Segundo esse representante jurídico, a perícia feita no terminal é um “procedimento de rotina” e, com contaminação detectada, a carga sequer foi recebida. Por meio do advogado, o Santa Portal tentou ouvir a empresa do Porto, mas ela não se manifestou.
Questionados sobre os cortes nas cargas e a introdução de areia no produto de exportação, os caminhoneiros alegaram inocência. Segundo eles, o carregamento dos caminhões foi de responsabilidade exclusiva da usina e eles apenas conduziram os veículos até o terminal portuário, nada ocorrendo de anormal durante o trajeto. As investigações terão sequência pela Delegacia de Polícia do Porto de Santos. (EF)