29/05/2024

Justiça decreta prisão temporária de mãe que levou filho à força das mãos da avó em Santos

Por Santa Portal em 29/05/2024 às 16:10

Reprodução
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A mulher que levou o próprio filho à força após tomá-lo das mãos da avó paterna, em Santos, teve a sua prisão temporária decretada pela Justiça. O crime ocorreu no dia 23 de abril.

Segundo informações da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, inicialmente registrado como subtração de menor de idade, o caso agora é tratado como sequestro, cárcere privado e subtração de incapaz.

Tias presas

As duas mulheres (de 49 e 44 anos, respectivamente) que ajudaram a mãe a desaparecer com o filho passaram por audiência de custódia, nesta quarta-feira (29), no Fórum de Santos. Elas, que são tias paternas da criança, tiveram suas prisões temporárias mantidas pela Justiça.

De acordo com a delegada responsável pelo caso, Deborah Lazaro, as tias do garoto tinham desavenças com o irmão, pai da criança, e teriam ajudado a mãe do menino a sequestrá-lo em abril.

As suspeitas foram detidas e transferidas para a cadeia feminina de São Vicente, onde devem cumprir prisão temporária de 30 dias. Embora não tenham participado diretamente da ação, elas são acusadas de planejar o sequestro.

A mãe da criança permanece foragida, e a polícia continua as buscas para encontrá-la e recuperar o menino. Além das tias, dois homens foram interrogados – um motorista contratado para a ação e o ex-cunhado da mãe da criança. Ambos foram ouvidos e liberados.

Por fim, a Delegacia de Defesa da Mulher de Santos informou que segue investigando o caso.

Mais de um mês de angústia

Na última quinta-feira (23) fez um mês que Manuela Xavier subtraiu o filho, de cinco anos, em Santos. Desde então, o pai da criança, Eduardo Cassiano, vive uma angústia sem notícias sobre o filho.

O Santa Portal conversou com Eduardo na última sexta (24) e ele falou sobre como foi o último mês sem o filho. “São 31 dias de angústia sem saber como ele está, com quem está. São 31 dias de pura angústia”, afirmou o pai do garoto.

Eduardo revelou a sua preocupação com o estado da criança, que foi levada à força dos braços da avó e que, desde então, está longe de sua rotina – o pai e a avó paterna legalmente têm a guarda do garoto.

“Existe uma preocupação porque a gente não sabe como ele está, onde a Manuela está com ele ou com quem ela tem deixado o meu filho enquanto ela tem que trabalhar? Foram três anos aqui, apenas uma vez ele foi passar férias com a família dela em Aracaju. Foi uma vez para lá só e não tenho boas recordações da volta. O menino voltou todo arranhado, machucado. Minha mãe cobrava maiores cuidados com ele. Ela cuidou três dias ele no Natal, o menino voltou doente”, comentou.

Segundo o pai da criança, as reclamações com a mãe do menino sobre os cuidados com ele levaram Manuela a mudar a sua postura com a família dele e fazer ameaças.

“Depois começaram as ameaças de que iria levar embora, aí entrei na Justiça. Decidi entrar na Justiça, coisa que deveria ter feito antes. Só não entrei antes porque até então a gente tinha um bom entendimento. Ela vinha de São Paulo, ficava na casa da minha mãe com o menino. Ela sempre teve livre acesso, nunca teve proibição de vê-lo como ela disse”, afirmou Eduardo.

Ele também rebateu as acusações de Manuela de que teria sido proibida de ver o filho e, por isso, teria tomado essa atitude extrema de levá-lo da avó. Eduardo também negou que tenha agredido a mulher, como ela alegou em Boletim de Ocorrência registrado contra ele.

“Ela tem a narrativa dela, mas nós temos provas de que ela fazia as ameaças de levar o meu filho embora, por isso entramos com processo para regulamentação das visitas dela. O Ministério Público disse que ela podia visitar, tinha direito de ver o meu filho a cada 15 dias com supervisão nossa. Mas ela aparecia no judô, na escola, ia na sorveteria com a minha mãe e ele. Mesmo assim, nunca proibimos. Depois, na semana da Páscoa, ela tentou pegar o meu filho quando veio entregar uma cesta para ele. Tenho as filmagens das vizinhas que mostram tudo. Eu apenas tentei fechar o portão. Não existe agressão, ela criou uma narrativa que não existe. Desde aquele dia ela estava tentando pegá-lo”, contou.

Eduardo também negou a argumentação de Manuela de que estaria sendo afastada do filho pois ele não teria aceitado o fim do relacionamento. Ela disse que o pai do menino teria a convidado para passar o Natal com ele.

“Não tenho relacionamento com ela desde sempre. Tivemos um breve relacionamento em 2018, que foi quando ela engravidou. Tanto que eu já estava até com outra pessoa agora. Não sei por qual razão ela diz isso. A questão do Natal foi para ela passar com o filho, tanto que a minha mãe levou a criança até São Paulo para passar o Natal com ela”, declarou.

Apesar de Manuela ter levado o garoto embora e sem notícias sobre a localização do filho, Eduardo destaca que não pretende excluir a criança do convívio com a mãe.

“Sentimento de decepção, não tenho raiva ou ódio para não deixar ela conviver com a criança. Acho muito importante o vínculo materno, a referência materna para ele. Só que da maneira correta, não usar de ameaças. Ela causou dois traumas nele, no feriado de Páscoa e agora que ela pegou a criança. Nunca tive a intenção de privá-la do convívio com o filho. Antes disso nunca tivemos problemas, mas ela causou tudo isso pelas ameaças que vinha fazendo”, apontou.

Preocupado, o pai admite que a sua maior preocupação é que a Polícia possa finalmente encontrar o seu filho e devolvê-lo para ele.

“As últimas informações que temos é que eles estariam próximos de capturá-la. Mas é uma aflição total, tenho a expectativa de encontrar logo com ele novamente”, concluiu.


Foto: Frederico Dias/Santa Cecília TV

Advogada fala sobre processos

Além do processo pela guarda na Vara da Família, Manuela agora foi denunciada pelo pai também na Vara Criminal.

“Assim que ele foi levado à força comunicamos a Vara da Família, sendo expedido um mandado de busca e apreensão da criança. Lavramos um Boletim de Ocorrência no 6º DP e depois foi encaminhado para a DDM, que era onde começaram todos os fatos, na Sexta Santa. Ela está sendo investigada por subtração de incapaz, mas existe a possibilidade de alteração da natureza do delito para cárcere privado, estamos vendo se o juiz vai autorizar. São dois processos, um na Vara Criminal e outro na Vara da Família”, comentou Talita Alambert, advogada da família, ao Santa Portal.

“A partir do momento que ela afasta o filho da rotina dele, do genitor, até mesmo do convívio da avó, que criou ele desde um ano e oito meses, ela está praticando alienação parental. É mais um processo que cabe nesse caso. Estamos estudando e vamos entrar com isso também”, acrescentou Talita.

Relembre o caso

Um menino de cinco anos foi levado pela mãe, que perdeu a guarda dele provisoriamente, da frente da casa da avó paterna, em Santos.

Um vídeo mostra o momento que a mãe leva a criança. Nas imagens é possível ver que a mãe sai de um carro vermelho e corre até a avó do menino. A criança cai e é arrastada por alguns metros, até entrarem no veículo, dirigido por outra pessoa, não identificada.

A mochila do menino, que está de uniforme escolar, é deixada para trás. Quando o veículo sai do local, a idosa é amparada por outra mulher.

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