Família quer reverter decisão para que ex-esposa de Igor Peretto responda por homicídio
Por Santa Portal em 18/10/2025 às 05:00
A família de Igor Peretto quer reverter a decisão judicial que beneficiou Rafaela Costa, ex-esposa da vítima. No caso de Rafaela, o magistrado desclassificou a acusação de homicídio doloso (quando há intenção de matar) para outro crime não doloso contra a vida. Ela teve a prisão preventiva revogada e foi solta nesta sexta-feira (17) da Penitenciária de Santana, na Capital.
“Ela foi a mentora. Se não fosse ela, a traição, não teria acontecido o que aconteceu naquele apartamento. No meu eu tenho que ela é tão culpada ou mais, os três são igualmente culpados”, disse a mãe de Igor, Rosemary Ronconi, em entrevista ao Caderno Regional, da Santa Cecília TV.
Para o irmão da vítima, o vereador de São Vicente, Tiago Peretto, a família não tem dúvidas sobre o envolvimento de Rafaela na morte de Igor. “Ela atrai o meu irmão até o local do crime, ela posteriormente foge com os assassinos, depois ela dorme com o assassino na noite do crime. Depois ela dá abrigo para o assassino. Acredito que isso não é favorecimento: isso é participação no início, meio e fim”, afirmou.
Segundo Tiago, apesar de respeitar a decisão da Justiça, a sua família vai lutar para que Rafaela também seja julgada pelo homicídio. “A gente respeita a decisão do juiz, ele tem sido um bom juiz no caso, mantendo a prisão dos outros envolvidos. Mas a Rafaela tem que ser incluída também no homicídio”, destacou.
Enquanto aguarda pelo julgamento dos acusados, a mãe de Igor pede que a Justiça seja feita. “Eu tenho Deus que me fortalece nesse um ano e dois meses, o Theo (neto dela, filho de Igor) é o meu combustível, minha força diária. Estou muito confiante que isso vai acabar, da maneira que eu preciso, com os três indo a júri popular e condenados. (Espero) que o meu filho seja honrado com dignidade e a verdade, que é o mínimo que ele merece”, concluiu Rosemary.
O assistente de acusação e advogado da família da vítima, Felipe Pires Campos, explicou que o magistrado entendeu que Rafaela não teria participado diretamente do homicídio, o que determinou sua liberdade e o prosseguimento do processo apenas quanto a eventuais atos posteriores ao crime. Ele afirmou ainda que a família confia na Justiça e disse que entrará com um recurso para trazer a ex-esposa de volta ao processo principal.
Defesa de Rafaela
Em nota, o advogado de Rafaela, Yuri Cruz, afirmou que a defesa recebeu a decisão “com serenidade e senso de justiça” e considerou que ela reconhece a inexistência de provas para sustentar a acusação de homicídio doloso. O advogado destacou ainda que o resultado foi alcançado após “um trabalho técnico intenso e cuidadoso, em meio à forte repercussão e pressão midiática”.
Irmã e ex-cunhado vão a júri popular
O juiz manteve três qualificadoras ao pronunciar Marcelly Peretto e Mário Vitorino a júri popular: motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
A defesa de Vitorino, Mário Badures, informou que vai recorrer. “A defesa tem um posicionamento muito claro: essas qualificadoras não existem. A defesa irá buscar isso, inclusive, no Tribunal de Justiça, alicerçando o que impera na jurisprudência do STJ, que é repelir essas qualificadoras que não tem minimamente qualquer ligação concreta com o conjunto probatório”.
Já a defesa de Marcelly Peretto, o advogado Leandro Weissman, disse que o juiz baseou sua decisão na presença da ré em sua própria casa e na saída com o outro acusado após o crime, o que teria sido considerado suficiente para justificar o encaminhamento ao júri popular. O advogado destacou, no entanto, que a suposta relação amorosa entre os acusados e a motivação financeira “foram rechaçadas ao longo do processo”. Ele afirmou que as provas e detalhes do caso não sustentam a decisão tomada e reforçou a confiança em uma “avaliação rigorosa e criteriosa” dos fatos.
Relembre o caso
Igor Peretto, de 27 anos, foi morto a facadas dentro de um apartamento no Canto do Forte, em Praia Grande, na madrugada de 31 de agosto do ano passado. A irmã e o cunhado da vítima também estavam no imóvel, mas foram embora antes da chegada de policiais militares. O edifício onde ocorreu o assassinato fica na Avenida Paris, 724.
Acionados para atender a uma ocorrência de “desentendimento” no prédio, policiais militares chegaram ao local por volta das 7h30 e foram recepcionados pela síndica. De acordo com essa testemunha, foram ouvidos muito barulho e gritos vindos de um apartamento do quarto andar. Como ninguém atendeu a campainha do imóvel, os PMs recorreram a um chaveiro para abri-lo.
No corredor e em outras partes do apartamento havia diversas manchas de sangue. O corpo de Igor foi encontrado caído em um quarto, próximo à janela. O imóvel estava bastante revirado, indicando a ocorrência de luta corporal. Com 22 centímetros de lâmina, uma faca foi encontrada no banheiro suja de sangue, sendo apreendida para ser submetida a perícia.
Mário Vitorino foi localizado e preso na manhã de 15 de setembro, em Torrinha, no interior de São Paulo, a 352km de onde ocorreu o crime. Mário estava foragido desde o dia 31 de agosto, quando ocorreu o crime.
O cunhado foi localizado por Tiago Peretto, irmão de Igor, após familiares receberem uma denúncia. Tiago, que é vereador em São Vicente, foi até Torrinha e localizou o foragido.
Mãe de Igor consegue guarda do neto
A Justiça decidiu, na última segunda-feira (11), conceder a guarda definitiva do filho de Igor Peretto, de seis anos, à avó paterna, Rosemary Ronconi. A criança é filha do comerciante com Rafaela Costa.
A decisão foi comemorada pelo advogado da família, Felipe Pires de Campos, que afirma que o resultado reconhece o melhor interesse do menor. A defesa também reafirmou o compromisso de Rosemary Ronconi em resguardar os direitos do neto e seguir integralmente todas as determinações judiciais.