30/03/2025

Delegado quer chegar à 'engrenagem' do racha de charretes que matou ciclista em praia

Por Eduardo Velozo Fuccia/Vade News em 30/03/2025 às 19:00

Fotos: Divulgação/Polícia Civil/Montagem: Santa Portal
Fotos: Divulgação/Polícia Civil/Montagem: Santa Portal

“Nós investigamos uma comunhão de esforços, na qual todos os envolvidos aderiram ao dolo. Mais do que isso, com base na Teoria do Domínio Funcional do Fato, foi necessária a conduta individual de cada um, como se fosse uma engrenagem, para a consumação do resultado”.

Essa análise foi empregada pelo delegado Arilson Veras Brandão, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Itanhaém, ao pedir a prisão temporária de um homem. Ele é acusado de matar uma ciclista durante racha entre duas charretes na praia do município vizinho de Peruíbe, no último dia 23, um domingo.

“Os documentos constantes da representação apontam indiciariamente para a prática de crime de homicídio doloso com omissão de socorro”, observou a juíza Danielle Câmara Takahashi Cosentino Grandinetti, da 2ª Vara de Peruíbe, ao decretar a prisão de Rudney Gomes Rodrigues (foto principal), de 31 anos. Ele foi capturado no sábado (29).

Para o avanço das investigações do inquérito, a julgadora reconheceu a imprescindibilidade da custódia cautelar do acusado, identificado por imagens e vídeos como um dos envolvidos no racha. O delegado disse que mais três pessoas, no mínimo, participaram do evento ocorrido na faixa de areia.

“Ninguém participa de um racha sozinho. Apuramos que havia um segundo charreteiro na disputa. Porém, os condutores de dois carros seguiam à frente para filmar a corrida e supostamente servir como batedores. A atuação de cada um será delimitada para que respondam pelo mesmo delito na medida de suas culpabilidades”, explicou o delegado.

Brandão pediu a prisão temporária de cinco dias, que pode ser prorrogada mais uma vez por igual prazo, porque tipifica o caso como homicídio simples. “Não vislumbramos por ora circunstâncias de natureza objetiva ou subjetiva que qualifiquem o delito, mas acreditamos no dolo eventual, porque praia não é lugar para corrida de charretes”.

O prazo da prisão temporária nos crimes hediondos, como é o caso do homicídio qualificado, é de 30 dias, com a possibilidade de uma renovação por idêntico período, nos termos do artigo 2º, parágrafo 4º, da Lei 8.072/1990. Porém, a partir da captura do primeiro charreteiro, o delegado espera concluir o inquérito nos próximos dez dias.


Foto: Reprodução

Como foi

O racha teve como vítima Thalita Danielle Hoshino, de 37 anos. Casada e moradora em São Bernardo do Campo, ela trabalhava na área de tecnologia da informação. Por ocasião do acidente, ela pedalava uma bicicleta. Ela era acompanhada por uma amiga, fisioterapeuta, que estava em outra bicicleta e chegou a alertá-la.

A testemunha disse que estava alguns metros atrás de Thalita e viu carros e as charretes se aproximando em alta velocidade. A fisioterapeuta conseguiu desviar e pediu para a amiga tomar cuidado, mas uma das charretes a atingiu. A vítima sofreu traumatismo cranioencefálico e morreu na terça-feira (25), no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande.

Na manhã de sábado (29), além da ordem de captura, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em três endereços. Em um deles, situado em Praia Grande, foram encontrados o cavalo e a charrete usados pelo acusado já identificado. A prisão de Rudney ocorreu em sua casa, na mesma cidade.

* Eduardo Velozo Fuccia / Vade News

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