Casal cai em golpe e realiza investigação particular para recuperar caiaque roubado

Por Laila Aguiar em 11/08/2022 às 11:00

Casal cai em golpe e realiza investigação sozinhos para recuperar caiaque roubado
Casal cai em golpe e realiza investigação sozinhos para recuperar caiaque roubado

Um casal de Santos caiu em um golpe na internet, na tentativa de vender um caiaque. O crime aconteceu em julho, porém o casal luta até hoje para encontrar a embarcação roubada.

O caminhoneiro Thiago Luiz da Silva e a psicóloga Patrícia Astudillo Teixeira da Silva decidiram vender o caiaque após os dois perderem o emprego. O casal tentou adiar a venda da embarcação, porém com o desemprego e três filhas pequenas, essa acabou sendo a solução encontrada para conseguir uma renda.

De acordo com a Patrícia, o golpe aconteceu após ela divulgar nas redes sociais que estava vendendo a embarcação. O golpista foi uma das pessoas que entraram em contato relatando interesse no produto.

“Uma pessoa chamada Paulo Henrique me chamou nas redes sociais pedindo que entrasse em contato com ele pelo WhatsApp. Meu marido o chamou e eles começaram a conversar”, relata Patrícia.

Essa conversa aconteceu no dia 22 de julho e o suposto comprador afirmou que preferia comprar o produto pelo Mercado Livre, onde ele poderia parcelar o valor no cartão de crédito.

O casal criou o anúncio na plataforma e enviou o link para o golpista. “Minutos depois, Thiago perguntou qual era meu e-mail, pois o comprador mandou um print no qual pedia, por segurança, que o endereço eletrônico fosse confirmado para conclusão da venda”.

Imagem enviada ao casal solicitando o e-mail. Reprodução/Arquivo pessoal

O número registrado no aplicativo era da Patrícia, que recebeu uma mensagem de um suposto atendimento do Mercado Livre. Na mensagem, a psicóloga foi orientada a ir até o aplicativo e pausar o anúncio para não acontecer uma compra com duplicidade.

Mensagens trocadas com a suposta atendente do mercado livre. Reprodução/Arquivo pessoal

Patrícia imediatamente realizou a ação pedida, porém ao entrar no aplicativo, foi solicitado que ela escaneasse a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e também seu rosto.

Durante a conversa com a atendente, foram informados dados bancários, endereço e CPF. Com todo o processo realizado, o casal enviou o produto para o endereço informado.

Quando a ficha caiu

O carreto chegou na casa do casal no dia seguinte, após o contato do golpista. “A funcionária do Mercado Livre dizia que assim que o produto fosse encaminhado nós tínhamos que fotografar e mandar para que o comprador classificasse o anúncio”.

Após algum tempo, o comprador classificou o anúncio e pediu ao motorista do carreto que o caiaque fosse entregue em outro local, aproximadamente 20 minutos de distância do primeiro endereço fornecido.

Com a confirmação do recebimento do produto, Patrícia recebeu um e-mail que dizia que era preciso pagar uma taxa de 10% do valor da compra. “Ela me disse que o valor da compra só seria liberado após a realização do pix com a porcentagem informada”.

A venda tinha o valor de R$ 6 mil, ou seja, o casal teria que pagar R$ 600 de taxa. Thiago chegou a pedir ajuda do comprador que disse que pagaria uma parte do valor.

Mensagens trocadas com o suposto comprador do caiaque. Reprodução/Arquivo pessoal

Após a insistência da Patrícia, a atendente teria conseguido deixar a taxa em 8%, ficando em R$ 480. O valor foi pago, porém o dinheiro da venda não caiu na conta no horário informado. “Foi aí que desconfiamos do golpe e fomos imediatamente para a polícia fazer um boletim de ocorrência”.

Na delegacia, o casal foi orientado a procurar o Mercado Livre porque essa prática realmente se tratava de um golpe. A empresa informou que não existia nenhuma venda no perfil informado. “Você não imagina como ficamos nervosos e desesperados”.

A busca pelo caiaque

Com o endereço da entrega em mãos, o casal decidiu que iria até a Vila Nancy, em São Paulo. “Mesmo sem dinheiro tivemos essa iniciativa para que pudéssemos tentar o máximo de ajuda”.

O casal foi batendo de porta em porta e perguntando se os moradores tinham alguma informação ou se teriam imagens do circuito de monitoramento. Um comércio da região conseguiu uma imagem que mostra o caiaque chegando na rua informada pelo golpista. O problema é que as imagens não mostram quem recebeu e o local exato da entrega da embarcação.

Vídeo que o casal conseguiu com o comerciante. Reprodução/ Circuito de monitoramento.

Os problemas após o golpe

O crime deixou o casal abalado. Patrícia relata que se sente culpada por tudo que aconteceu. “Me sinto tão culpada por esse acontecimento. O Thiago não sabe mexer em nada de aplicativo. Eu que fiz todo o procedimento. Me sinto tão triste, foi algo que ele batalhou tanto para conseguir e simplesmente fomos roubados.

Sem emprego, o casal decidiu abrir uma vaquinha virtual para tentar ajudar nas contas de casa e manter as filhas. “Estamos na esperança de conseguirmos recuperar o que é nosso”.

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