29/07/2022

Veterinário explica o que é a Felv, tipo de leucemia que acomete gatos

Por Marcela Ferreira em 29/07/2022 às 06:20

(Foto: Ana Rocha/Arquivo pessoal)
(Foto: Ana Rocha/Arquivo pessoal)

A leucemia felina é uma doença que acomete os gatos, e que pode ser alvo de preconceito e desinformação, principalmente na hora de adotar um novo amigo. Conhecida pela sigla inglesa Felv (vírus da leucemia felina), a doença, apesar de não ter cura, pode não se manifestar em todos os gatos que sejam portadores do vírus.

Segundo o veterinário e professor universitário Eduardo Filetti, a leucemia felina é causada pelo vírus da Felv, e o gato fica mais vulnerável a ficar doente. “O felino pode ficar mais propenso a ter uma doença infecciosa, a ter um problema de pele, a ficar desnutrido, a cicatrização não começa muito boa, fica com gânglios aumentados, por exemplo. A sobrevivência desses animais é baixa, é de 80% de mortalidade após os três primeiros anos de vida”, diz o especialista.

A infecção é mais comum em gatos de rua, mas nem todos os animais infectados desenvolvem a doença. Os sintomas podem aparecer só depois dos dois primeiros anos de vida, ou podem nem aparecer, segundo Filetti. “A doença não tem cura. A transmissão acontece por meio da saliva, urina, fezes, de animais infectados para outros saudáveis. O simples fato de dividir uma tigela de água pode infectar um gato sadio, mas às vezes não, o gato pode ter resistência e não pegar. Gatas prenhas podem transmitir pelo parto ou pelo leite para os filhotes”, completa.

Mesmo assim, a maioria dos gatos não desenvolve sintomas. Os donos devem ficar atentos a alterações como perda de pelo, desnutrição, perda de peso, secreção nasal e ocular e diarreia. “O vírus da Felv pode causar imunodeficiência, tumores em células linfáticas. Muitos não pegam a doença e outros pegam e não têm sintomas. O vírus entra pela faringe, pela garganta, e atinge o sistema sanguíneo, se espalhando pelo corpo. Ele enfraquece o sistema imunológico do gato e pode dar uma infecção de medula óssea. O vírus começa a se replicar nos glóbulos brancos do animal e vai para as mucosas, e é aí que é possível haver uma infecção que passe para outros”, explica o veterinário.

Apesar do nome, a leucemia felina não é igual à leucemia humana, e não é capaz de nos contagiar, sendo uma doença que afeta apenas os felinos. “Os gatos vacinados contra a leucemia estão protegidos em 95% dos casos, mas é uma vacina cara. Quando você castra o animal, também diminui as possibilidades, porque o gato fica mais em casa, sai menos na rua”.

Nos casos de gatos já diagnosticados com a doença, o tratamento envolve analgésicos, antivirais, vitaminas, e se o gato vive dentro de casa, é possível que a expectativa de vida aumente, já que os riscos de uma infecção são menores. “O gato necessita de cuidados, boa alimentação, acompanhamento e com veterinário. Em alguns casos, é recomendada a autoimunoterapia, que é tirar o sangue do gato e aplicar nele mesmo, um tratamento moderno”, finaliza Filetti.

Adoção

A UX designer Ana Rocha, realizou uma campanha nas redes sociais nesta semana pela adoção de um gato que ela resgatou das ruas, e que foi diagnosticado com a Felv. O pet ganhou um novo lar nesta quarta-feira (27), com uma tutora que terá todos os cuidados necessários.

gato felv resgatado
(Foto: Ana Rocha/Arquivo pessoal)

“Eu e minha mãe encontramos ele chorando na garagem do prédio onde moramos. Ele tinha claros sinais de abandono, estava machucado e bem magrinho, então colocamos um pouco de ração e água, e ele agradeceu de imediato antes de comer”, relembra.

“A gente ficou com o coração na mão pensando nele, torcendo para ele voltar no dia seguinte pra levarmos ao hospital, e ele apareceu! conseguimos colocar na caixinha de transporte e levamos. Lá, descobrimos que ele é Felv+ e foi bem triste. Conseguimos um lar temporário, cuidamos, castramos, agendamos mais exames e mimamos bastante”, explica.

A tutora temporária do gato lamentou a desinformação sobre a Felv. “Infelizmente, ainda tem muita desinformação sobre a Felv. As pessoas acham que transmite para outros animais ou até humanos, ou que abrevia muito a vida do gato, e não é verdade. Muitos vivem anos sem sintomas, outros são assintomáticos para sempre, tudo vai depender de como a imunidade dele está”, diz.

Agora no novo lar, o gato poderá ter uma história mais feliz, com uma família que lhe dará o amor e carinho que merece.

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