Novo teste auxilia no diagnóstico de alergia alimentar em pets
Por Santa Portal em 20/01/2022 às 07:17
Um estudo utilizando um teste de sensibilização realizado pelo Instituto Veterinário de Alergia AllerGen demostrou que, de modo geral, a dieta-teste definida apenas com base nos hábitos alimentares do animal, seja ração ou caseira, tem uma chance de acerto de menos de 35% dos casos contra 87% obtidos com a dieta definida com base nos resultados deste teste.
Não está claro se existe diferença entre alimentos industrializados e os preparados em casa, mas o importante é que nenhum deles contenha componentes alergênicos (que causam a alergia) para aquele animal.
E como saber a que alimentos seu pet reage? De acordo com o alergista veterinário Caio Catalani, meste em alergologia veterinária do Instituto Veterinário de Alergia Allergen, o diagnóstico das alergias alimentares é feito com base na resposta do animal a uma dieta especial, seja ração ou comida “caseira”, determinada pelo veterinário e mantida por algumas semanas. O problema é “como” esta dieta é determinada. Basicamente o veterinário procura levantar a história de alimentos consumidos pelo paciente e procura “desenhar” uma dieta livre de “todos” os componentes já utilizados.
Você não espera que isso seja fácil, certo? Já imaginou lembrar de tudo o que seu pet já consumiu? Para o médico alergista Caio Catalani, existe ainda outro problema: existe um fenômeno chamado “reatividade cruzada” que implica dizer que existem proteínas comuns a vários alimentos que podem causar alergias mesmo que você não tenha consumido um alimento específico. Não entendeu? Pense assim: as carnes de vaca e de cordeiro tem proteínas muito parecidas entre elas; um pet alérgico a carne de vaca tem grande chance de reagir ao comer carne de cordeiro, mesmo sem nunca tê-la consumido antes. Outro exemplo acontece com grãos: não é raro encontrarmos animais sensibilizados a diferentes grãos ao mesmo tempo. Este exemplo explica também por que não adianta simplesmente trocar de marca ou tipo de ração já que muitas delas utilizam os mesmos componentes, ou muito parecidos.
Bem, e quanto as rações “hipoalergênicas” tão utilizadas pelos veterinários para o diagnóstico da alergia? Há um problema: tais rações são “parcialmente hidrolizadas” e ainda mantém alguns poucos componentes capazes de causar alergias e por isso podem não funcionar em todos os pacientes. Um estudo recente apontou que mesmo na ração mais hidrolizada conhecida, ainda apresentou quatro proteínas às quais os cães reagiram.
Tratamento para doença
O alergista dispõe de algumas cartas na manga para isso. Existem testes alérgicos cutâneos, percutâneos, de contato, mas uma boa arma nesta guerra são os testes de sensibilização alimentar. É um teste realizado em uma amostra de sangue do animal onde é investigada a presença de alguns tipos de anticorpos contra uma seleção de alimentos comuns nas rações e nas dietas caseiras. “Como isso ajuda? Pense que a presença de anticorpos contra determinado alimento significa dizer que tal alimento “não é novo” para aquele paciente e, portanto, não deve ser adicionado na dieta-teste. Aproveitando o exemplo das carnes, é muito comum termos resultados do teste positivos para cordeiro e vaca ao mesmo tempo (mesmo que o animal nunca tenha comido cordeiro); neste caso, as dietas com cordeiro não seriam indicadas para fechar o diagnóstico neste paciente” afirma Catalani.
“Você pode estar pensando: e por que preciso fazer a dieta se o teste já deu positivo para alguns alimentos? O alergista pode explicar em detalhes, mas de uma maneira simples pense assim: um resultado positivo a peixe nos diz que “pode ser” alergia a este alimento, enquanto um resultado negativo nos diz, com 90% de certeza, que o problema “não é” o peixe e por isso ele pode ser usado na dieta-teste. Assim, cabe ao veterinário interpretar os resultados e definir quais ingredientes ele utilizará para desenhar a dieta” diz o alergista Caio Catalani.