10/08/2021

Campeã olímpica, Ana Marcela agradece recepção na Unisanta: "Minha casa"

Por Rodrigo Martins em 10/08/2021 às 14:05

Guilherme Dionizio/Folhapress
Guilherme Dionizio/Folhapress

Medalhista de ouro nos 10 km da Maratona Aquática nas Olimpíadas de Tóquio, a nadadora da Unisanta, Ana Marcela Cunha, chegou a Santos nesta terça-feira (10). Após passar por diversas vias da cidade, Ana Marcela foi recepcionada na Unisanta, onde foi recebida pela alta direção da universidade, por funcionários cecilianos e por autoridades.

Durante entrevista coletiva, Ana Marcela Cunha falou sobre a emoção de retornar a Santos, onde deu as suas primeiras braçadas na Unisanta até alcançar o sonho de se tornar uma medalhista olímpica. “É uma emoção muito grande, não imaginava (essa recepção). Estou muito feliz de retornar a Santos e receber o carinho de todo mundo. Hoje virou a minha cidade, minha casa. Sou soteropolitana, mas todos os meus resultados a nível mundial e conquistas eu tive aqui. Foi muito especial voltar a Santos para comemorar essa conquista”, disse.

Ana Marcela, que durante a cerimônia recebeu o certificado de conclusão do curso de Educação Física (Fefesp) da Unisanta, fez agradecimentos especiais para a Família Teixeira e para a Unisanta pelo apoio desde o começo de sua carreira – ela chegou em 2007 na universidade. “A gente sente no abraço o carinho e a admiração, a gente vê que é diferente. Sou muito agradecida por tudo o que a Família Teixeira fez por mim, principalmente o Marcelo Teixeira. É muito especial voltar para cá e receber o abraço do Marcelo representa muita coisa para mim. Ele é um cara que gosta muito do esporte, vive muito isso. É um dia muito especial, a coroação de uma vida toda”, afirmou.


Foto: Fernanda Freitas/Santa Cecília TV

Sobre a prova, a atleta destacou que procurou ‘tirar o peso’ da competição e focar apenas no que ela precisava fazer para sair vitoriosa das águas de Tóquio. “A gente encarou muito bem, mesmo sabendo da grandiosidade dos Jogos Olímpicos. Entramos pensando como se fosse um Campeonato Mundial, onde eu tenho 12 medalhas. Consegui fazer isso super bem. Até brinquei com o Fernando (Possenti, técnico): ‘que sentimento de Campeonato Mundial’. Quando chegou o final eu não pensei ‘vou ser campeã olímpica’. Fiz a prova como tinha combinado. Como a gente falou, essa foi a prova perfeita, nunca nadei tão bem. Pensei que era mais uma competição, não coloquei peso de Jogos Olímpicos no final de prova. Essa prova eu tive total controle do que eu queria e do que eu estava fazendo. Não deixei o coração acelerar, me mantive fria para não perder o foco”, comentou.

Campeã olímpica, Ana Marcela também falou do apoio dos pais, Ana Patrícia e George, que sempre foram incentivadores da sua carreira. “A briga é boa entre eles e o Fernando (em relação ao apoio para nadar). Meus pais mudaram a vida inteira deles quando eu vim para cá. Qualquer coisa que eu passei sempre foram eles que estiveram do meu lado. Onde a gente está, onde eu cheguei, tudo isso vai do quanto os meus pais acreditaram em mim. Por isso digo que essa conquista não é só minha, é dos meus pais, da universidade e do meu staff. Sou uma pirâmide. Eu sou a ponta, o que aparece no final, mas essa estrutura só é sustentável pela base, que é a família”, ressaltou.


Foto: Noelle Neves/Santa Portal

Indagada sobre o próximo ciclo olímpico, Ana Marcela Cunha assegurou que não está pensando agora em Paris 2024. Para ela, o mais importante é estar preparada para o próximo desafio. “Quem me conhece sabe que eu sou muito passo a passo. Um degrau de cada vez, eu sou assim. Estou pensando na próxima etapa da Copa do Mundo, que vai ser disputada na primeira quinzena de setembro em Israel. Sabemos que por ser pandemia não vamos ter muitas etapas. Logo depois a nossa cabeça vai ser no Campeonato Mundial, que será realizado em maio do ano que vem. Assim que acabar o Mundial vou ter férias. Sabemos que o ciclo é menor, a partir dali a gente começa a planejar. A gente sabe que o ciclo para Paris é mais curto, porém prefiro pensar passo a passo para que a gente possa trabalhar e melhorar cada vez mais. Preciso me manter em alto nível, entre as melhores, para poder chegar bem”, concluiu.

Veja mais trechos da entrevista de Ana Marcela:

Importância da Unisanta


Um dos poucos lugares onde tem a integração entre Educação e Esporte no Brasil está aqui. Nos Estados Unidos tem isso, se você nada bem tem uma porcentagem maior de bolsa. É um apoio que vem desde a base. Na Unisanta temos essa conciliação, tanto que hoje a universidade tem duas medalhas nas maratonas aquáticas (o bronze de Poliana Okimoto, no Rio-2016 e Ana Marcela Cunha, ouro esse ano). Continuei estudando enquanto competia. Sinto que falta isso que a Unisanta faz no Brasil: a gente ter um olhar especial e um incentivo maior, aliando Educação e Esporte. Somos uma potência, mas temos que continuar lapidando. Entre 16 e 19 anos ou você estuda ou vai ser atleta. A Unisanta mostra que é possível esse suporte, para que a pessoa não seja apenas um atleta, mas um cidadão acima de tudo. A Unisanta e a Família Teixeira me tiraram da Bahia, me dando estrutura e vendo o meu potencial. Perguntei sobre trazer a família e eles logo disseram que sim. Aqui é um lugar muito especial para mim.

Carinho da população santista

Eu fico muito feliz de ter essa galera toda pelas ruas. No momento que eu cheguei senti esse calor humano. Agradeço todo mundo que ficou esperando. É algo gostoso, sou baiana, é algo muito caloroso sentir isso do santista, é muito gratificante. Espero que eles olhem isso querendo um dia conseguir serem medalhistas olímpicos também. Ficaria muito contente de olhar que uma dessas crianças que está aqui fosse campeã um dia.


Foto: Isabela Marangoni/Santa Cecília TV

Preparação mental

A preparação física, o treino, anda juntamente com a parte mental. Aplicar a preparação mental dentro dos treinamentos é importante, incluímos isso dentro do treinamento, do nosso cotidiano. Posso dizer que (a preparação mental era algo) que estava inserida, junto com a parte física em si. O que fizemos para as Olimpíadas de diferente é que eu levei como Campeonato Mundial, o que estou bem acostumada. Não tive pensamentos negativos. Em 2008 eu muito jovem, não classifiquei em 2012, e fui décima no Rio. Não pensei em nada disso. Só nos meus treinos e na minha estratégia. Por isso, esse apoio psicológico foi fundamental.

Protocolos em Tóquio

Para nós atletas, que somos disciplinados, entrar no protocolo é simples, não vejo como algo difícil. Vira um hábito você coletar saliva todo dia para fazer o PCR, você não esquece de fazer. Andar de máscara, álcool em gel, tudo isso faz parte diariamente da rotina. Fui fazendo e não tive dificuldade alguma. Foi igual para todo mundo. É um novo mundo, enquanto não estivermos todos vacinados com as duas doses e essa pandemia continuar. Vamos continuar tomando cuidado e protegendo quem nós amamos.

Nadar piscina e maratonas aquáticas em Paris

É um pouco diferente, principalmente porque a natação é disputada uma semana antes da maratona aquática. Pensando no meu desempenho acho que é algo que pode influenciar um pouco. Existem atletas que conseguem fazer isso no masculino, mas ninguém no feminino faz isso. Se a maratona aquática fosse antes da piscina seria uma possibilidade.

Trilha sonora do ouro

Tenho tatuada parte de uma música do Charlie Brown: “Histórias nossas histórias, dias de luta, dias de glória”. É uma música muito importante na minha vida. Ouço bastante Charlie Brown Jr na minha playlist. Gosto bastante mesmo.


Foto: Noelle Neves/Santa Portal


Foto: Fernanda Freitas/Santa Cecília TV


Foto: Isabela Marangoni/Santa Cecília TV


Foto: Noelle Neves/Santa Portal


Foto: Noelle Neves/Santa Portal


Foto: Noelle Neves/Santa Portal


Foto: Isabela Marangoni/Santa Cecília TV

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