08/10/2023

Brasileiro relata momentos de tensão em Israel após ataques extremistas

Por Guilherme Esron em 08/10/2023 às 08:00

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

“Vamos permanecer mais um bom tempo aqui”. É dessa forma que o jornalista Airton Gontow e sua esposa, que atualmente moram na cidade de Haifa, em Israel, reagiram após o sábado sangrento no país. Mesmo diante de uma iminente guerra, o casal afirmou que não pretende voltar para o Brasil por causa dos conflitos.

“Nós estamos aqui há dois anos, viemos para Israel depois de um Covid muito devastador aí no Brasil. Depois de um processo muito difícil, tive Covid com trombose, e embolia pulmonar extensa, tive pneumonia, então foi perigoso, difícil, e quando você tá com a ameaça de não sobreviver, você questiona o que você não fez, seus sonhos, e a gente sempre sonhou em morar fora do Brasil, fazer nosso livro, ter tempo para tocar alguns projetos pessoais. A gente seguirá aqui e dependendo do que que acontecer, a gente pode ir para outros países, mas a vontade é de permanecer mais um bom tempo aqui. Se a gente sair, vamos para um outro país, que fique seis horas à frente do Brasil”, afirma o jornalista Airton Gontow.

Em conversa com o Santa Portal, Gontow contou como tem sido esses momentos de tensão após os ataques extremistas ocorridos em Israel. O jornalista explicou como a cidade costuma ser e como está agora. 

Localizada no norte de Israel, Haifa é reconhecida por sua diversidade e sensação de tranquilidade. Mas agora vive momentos de tensão devido à escalada do conflito no país. Embora a cidade normalmente desfrute de uma atmosfera de paz, o atual cenário de incerteza gerou preocupação entre seus habitantes.

“Normalmente na cidade existe uma sensação de tranquilidade muito grande. É comum ver pessoas andando tranquilamente pelas ruas tarde da noite. Não só na cidade, mas em todo país é assim, o que mais nos encanta aqui é a segurança. Embora exista essa sensação de segurança, há momentos em que tudo vai por água abaixo, como nessa situação que estamos vivendo”, conta Gontow. 

Os mísseis não atingiram Haifa, a ameaça começou no sul de Israel e já alcançou o centro do país, deixando dúvidas sobre se a cidade continuará segura. A preocupação se estende também à possível infiltração de terroristas na região. A distância até Tel Aviv até Haifa é de 92 km, enquanto de Haifa até Gaza é de cerca de 140 a 150 km.

Com a incerteza pairando no ar, as pessoas têm receio de sair às ruas. O governo fez recomendações para que todos permaneçam em suas casas, algo incomum em Haifa, onde as portas normalmente não são trancadas. À medida que a situação se desenrola, o número de mortos e feridos continua a aumentar, criando um clima de ansiedade.

“Então, o governo recomendou, já cedo, que ninguém saia de casa. Todo mundo tranque a porta. Aqui, quase ninguém tranca a porta do apartamento. Quando alguém vem te entregar algum produto, você dá a senha de segurança para qualquer entregador, e agora todo mundo pediu pra fechar”, explica.

Embora a chegada de mísseis vindos do sul não seja considerada provável, ainda persiste a preocupação de que alguns possam atingir Haifa. Há também a compreensão de que grupos extremistas podem começar  confrontos, mesmo contra a vontade das partes envolvidas. A presença do Hezbollah, no sul do Líbano, próximo à fronteira com o norte de Israel, acrescenta um elemento de incerteza à segurança.

É importante observar que o Líbano enfrentou desafios econômicos significativos e, embora não tenha relações diplomáticas com Israel, assinou recentemente um acordo de proteção de gás que é vital para sua economia. Portanto, o Líbano tem um forte interesse em evitar conflitos internos.

Embora muitos israelenses, incluindo aqueles que são pacifistas e de esquerda, façam parte do serviço militar obrigatório, o sentimento de solidariedade em tempos de crise é generalizado. Todos têm amigos ou familiares nas forças armadas, e uma pequena extensão do país faz com que todos estejam conectados de alguma forma à situação atual.

Preocupados com a segurança, as casas em Haifa geralmente têm um quarto de segurança, onde água e comida são armazenadas em caso de necessidade. O medo é palpável, e a incerteza sobre o desfecho do conflito persiste, enquanto Haifa, normalmente um refúgio de tranquilidade, enfrenta uma situação tensa e incerta.

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