Baixada Santista tem aumento de 29,87% no número de microempreendedores

Por Anna Clara Morais em 25/09/2025 às 05:00

A Baixada Santista registrou aumento de 29,87% no número de microempreendedores individuais de 2023 para 2024, segundo dados do Seade Empresa, a partir dos números do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), disponibilizado pela Secretaria Especial da Receita Federal. 

De um ano para o outro, foram mais de 44.828 cadastros, passando de 150.074 para 194.902. O cenário foi o mesmo em cada uma das cidades da região, pois todas as localidades apresentaram crescimento no número de registros de MEI de 2023 em relação a 2024.

O motivo do aumento, de acordo com o Secretário Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Maurício Juvenal, é multifatorial e observado não só na região, mas em todo o país. 

“Não há só um fator determinante, mas um conjunto, onde o principal deles é a intensificação de uma cultura empreendedora pela população brasileira. As pessoas estão despertando cada vez mais para essa possibilidade de empreender e, a partir do seu próprio negócio, buscar não só a renda que lhes garanta os recursos para manutenção de suas despesas mensais, mas, também, ganhos adicionais que permitam acessar crescimento patrimonial ou acesso a sonhos de consumo”, explica.

O secretário explica que se trata de uma mudança de comportamento das novas gerações de trabalhadores, alinhada ao surgimento de um ambiente cada vez mais propício para o microempreendedor. 

“Nas últimas três ou quatro décadas os grandes sonhos de consumo eram trabalhar com carteira assinada, conquistar a casa própria e adquirir um carro. Hoje, pesquisas mostram que o maior sonho é o de trabalhar por conta, melhorando a própria vida, das pessoas no entorno e até mesmo o mundo. Não distante disso, é fundamental considerar que há um ambiente para o negócio muito mais favorável do que antes. Os governos têm trabalhado em políticas públicas de estado assertivas, que estimulam e tornam mais fácil e possível a abertura de pequenos negócios. Por fim, há esforços visíveis dos governos municipais em estimular o empreendedorismo, entendendo que eles são fundamentais para fazer a roda da economia girar em decorrência do consumo de bens e serviços, o que ajuda a aquecer a economia local”.

Atrelado ao crescimento de microempreendedores na região, observa-se também o aumento expressivo no setor de serviços, com alta de mais de 39% em 2024 em relação a 2023. Aliás, o setor em questão, representou 57% do número das microempresas registradas em 2024.

Para Juvenal, a característica se deve aos traços do consumidor e da economia encontrada no litoral paulista.

“Passa pela questão do turismo, mas também pelo fato da região apresentar um PIB per capita bastante representativo, o que leva ao consumo. Em geral, o setor de serviços acaba também exigindo um menor aporte inicial de recursos, investimento, e tem a característica de adaptação mais rápida às necessidades do público consumidor. Não se pode perder de vista, e sobretudo pensando no empreendedorismo de base (uma realidade de perfil na região), que a escassez estimula a criatividade e, consequentemente, o desejo de empreender”, ressalta.

Juvenal também diz que a prestação de serviço acaba sendo o caminho mais rápido, fácil e natural nesse caso. “Os processos de transformação digital e o crescimento virtuoso do comércio eletrônico, que funcionam como vitrine para prestadores de serviço, também compõem o rol de justificativa para o crescimento maior do setor de serviços”.

Para os próximos anos, a expectativa é que o número continue crescendo, principalmente devido ao cenário em que o país se encontra. 

“Todos os indicadores macroeconômicos apresentam melhora nesses dois últimos anos, mesmo em meio a tantas turbulências no mundo e na própria política brasileira, o que acaba por impactar a economia. Após a importante aprovação da Reforma Tributária, que agora levará cerca de sete anos para sua total implementação, ela facilitará muito a vida de quem empreende já que reduz de cinco para dois a quantidade de impostos. É a oportunidade de fazer a relação trabalho-renda virar tema central para que o País possa voltar a se desenvolver em patamares ainda melhores do que os atuais. Naturalmente o crescimento dos pequenos negócios, e sobretudo no setor dos serviços, vai continuar acontecendo”, conclui o secretário. 

MEI em Santos

Em Santos, especialmente, a quantidade de microempreendedores saltou de 33.124 para 42.083, representando um aumento de mais de 27% de 2023 para 2024. E, assim como os mais de 40 mil MEIs da cidade, Giulli Salles, dona de um studio de cílios e sobrancelhas, criou o seu próprio negócio na região. 

“Criei o MEI após meu primeiro final de ano como profissional, visando o fato de que levaria isso como certeza em minha vida e tendo a noção de que precisaria administrar tudo isso de forma correta e ao meu favor. Criei sozinha, e o processo foi bem tranquilo”, conta a empreendedora. 

O Studio Giulli Salles nasceu de um sonho de infância, sempre presente no coração da lash designer, que começou antes da pandemia, com um curso de capacitação. No início, o atendimento era feito dentro do quarto e a cama servia de maca para as clientes. No entanto, com persistência e vontade de dar certo, o negócio cresceu naturalmente e, de repente, o espaço já não era proporcional à quantidade de clientes. 

“Com o tempo, consegui alugar meu primeiro espaço e daí em diante minha carreira profissional deslanchou”. 

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Hoje, o que antes era apenas imaginação, virou o dia a dia da profissional que já constrói a extensão do seu primeiro espaço. 

“Meu estabelecimento já está dando um certo tchau, deixando de ser uma microempresa para ser uma empresa de fato… Sendo empreendedora ou microempreendedora é a mesma sensação, liberdade, amor, trabalho duro e felicidade. Vivo a vida dos meus sonhos e ainda está só no começo. É gostoso demais ver o negócio dando certo como fruto do esforço”.

Números da Baixada Santista 

Atualmente, Praia Grande é o município com o segundo maior número de registros de MEIs, atrás apenas de Santos e, conta com mais de 40.260 criadores de pequenos negócios, contabilizando um aumento de 30,04% de 2023 para 2024. 

São Vicente vem em seguida, conquistando o terceiro lugar no pódio, com 38.285 e um crescimento de mais de 40,44% de um ano para o outro. Em Guarujá, os números não ficam muito para trás, são 32.620 microempreendedores em 2024, 23,49% a mais do que o registrado em 2023.

No entanto, a cidade com o maior crescimento percentual foi Cubatão, mais de 49,87% novos MEIs em 2024 em relação a 2023. Logo atrás, também em termos de porcentagem, está Mongaguá, com aumento superior a 40,01% nesse mesmo período.

Completando o cenário regional, Bertioga conta com mais 21,25% de microempreendedores de 2023 para 2024, Itanhaém com 20,85% e, por último, Peruíbe, com 17,21%.

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