Violonista itanhaense lança seu álbum de estreia pela gravadora Decca
Por Vinicius Martins em 11/07/2022 às 10:28
Recém-contratado pela produtora musical americana Decca Gold, o violonista Plínio Fernandes lançou seu álbum de estreia, Saudade, com participação especial da cantora Maria Rita, na última sexta-feira (8).
A artista renomada vai interpretar a famosa música O Mundo é o Moinho, de Angenor de Oliveira, o Cartola. Além dela, os irmãos Sheku e Braimah Kanneh-Mason são os outros convidados do disco.
O álbum conta com 18 faixas, dentre elas seis de autoria de Heitor Villa-Lobos e três de Antônio Carlos Jobim, sendo Garota de Ipanema uma delas. A canção Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, é mais uma das históricas músicas presentes.
Nascido em São Bernardo do Campo, mas criado em Itanhaém, além do lançamento do novo álbum, o artista também tem envolvimento com educação musical. Recentemente também foi convidado a se tornar embaixador da instituição filantrópica Music Masters, em que irá ensinar e orientar jovens músicos nas escolas.
Em entrevista ao Santa Portal, Plínio comentou sobre o processo de produção do álbum, a sensação de se tornar embaixador da Music Masters, sobre seu início de carreira entre outras coisas. Confira abaixo.
Como foi o contato para a contratação pela Decca Gold?
Foi muito engraçado. Recebi uma mensagem pelo Instagram. Cliquei e estava um dos funcionários deles, o Alex, falando ‘Oi, Plínio, tudo bem? Sou scouter da Decca US, estamos muito impressionados com seu trabalho e queria saber sobre seus projetos futuros’. Daí mostrei para meus colegas, o Sheku e o Braimah, e eles disseram que era interessante.
Fiquei ansioso, mas depois de três dias tivemos uma chamada de zoom, que foi muito boa, e cinco dias depois disso tive uma reunião com o presidente da Decca dos Estados Unidos, o Parker, e ali ficou muito claro para mim que era um interesse deles.
Em que momento teve a ideia de lançar um álbum e quais as expectativas?
De acordo com o contrato fonográfico, o primeiro álbum é o primeiro passo. Não seria um disco de música predominantemente brasileira, ia ser uma coisa meio misturada, mas no final chegamos à conclusão, em um bate-papo entre mim e a gravadora, de que seria um excelente primeiro passo de gravar Villa-Lobos. Mas inverti a ordem das coisas, a prioridade foi gravar as canções que realmente amo desde sempre e fazer uma compilação disso. E foi assim que aconteceu.
Algumas músicas brasileiras bem conhecidas estão no seu álbum, como O Mundo é o Moinho e Garota de Ipanema, o que você pensou ao inseri-las?
Cresci ouvindo essas canções, não foi uma escolha difícil. ‘O Mundo é o Moinho’ é uma canção que acho muito linda e a Maria Rita cantando seria uma combinação perfeita. ‘Garota de Ipanema’ é uma canção muito batida, todo mundo conhece mundo afora; é a segunda canção mais regravada da história entre todos os gêneros.
Claro que pelo ponto de vista mercadológico é incrível, mas tivemos que ter uma cautela no pensamento de como fazer isso sem ser uma coisa muito clichê e igual às outras versões, porque fazer mais do mesmo não faz muito sentido. Enfim, o arranjador fez um trabalho incrível e acredito que tive uma contribuição bacana.
Como foi o contato com os convidados?
Moro com o Sheku e o Braimah, são meus melhores amigos. O Sheku é uma espécie de padrinho para mim, apesar de ser mais novo que eu. Por ele ser esse fenômeno e por me deixar gravar uma faixa do CD dele, muitas coisas aconteceram. Gravamos em programa de TV e rádio. E o Braimah, sempre tocamos algumas coisas, mas nunca gravamos nada juntos. Mas eles são de fato uma extensão da minha família. Admiro-os demais. Já a Maria Rita é uma das minhas cantoras favoritas da vida. Foi uma escolha muito fácil.
Por que definiu Saudade como o nome do álbum?
É o sentimento mais recorrente que tive durante esse tempo de vivência em Londres, uma saudade incrível. Fiquei um tempão sem vir para o Brasil. Durante quase esses oito anos de Londres, tive no Brasil apenas duas vezes, fiquei pouco tempo. Então foi uma forma de me reconectar com esse universo cultural. Foi através da música. E realmente selecionando essas canções que adoro e que têm um significado muito grande para mim.
O que se tornar embaixador do Music Masters representa para você?
Representa muito o fato de eu poder contribuir com um projeto tão bacana, pois realmente adoro o ensino musical. O contato e a troca com os jovens é incrível, apesar de eu não ter tido um contato tão intenso ainda. Mas estou bem empolgado em trabalhar com as crianças e aprender muito com elas.
Como foi seu início de carreira?
Sou original de São Bernardo do Campo, mas me considero itanhaense. Cresci em Itanhaém desde os três anos de idade. Depois me mudei para a Inglaterra aos 20 anos. Comecei vendo meu pai brincando com um violão, e ele me levou para aprender com o Eduardo Martinelli, que dava aula na Prefeitura de Itanhaém. Comecei a fazer aula particular com ele.
Nos primeiros anos ele sempre me encorajou a fazer os concursos nacionais juvenis e tudo isso foi dando sempre muito certo. No primeiro ano, ganhei um prêmio que me deixou super empolgado a continuar aprendendo e estudando. Sempre tive muito apoio da minha família, que adora música e que sempre me deu apoio incondicional. Depois o Eduardo se mudou para Campo Grande, e eu comecei a estudar em São Paulo.
Em que momento da sua vida decidiu se tornar músico?
Foi uma coisa muito natural, a música sempre esteve comigo. Comecei a tocar com sete anos. Sempre tive isso em mente.
Em algum momento passou pela sua cabeça a ideia de cantar?
Canto por diversão, com amigos, mas não profissionalmente. Acho que não me representaria tão bem como cantor. A vida é longa, mas por ora fico só tocando mesmo.
Quais são suas referências musicais?
Milton Nascimento; Racionais, cresci escutando rap; violonistas brasileiros, como Fábio Zanon. Sou alucinado pelas Elis Regina, Billie Holiday, entre outros.