Baixada Santista tem salto de 200% nos casos de feminicídio em um ano
Por Beatriz Pires em 20/11/2025 às 12:00
A Baixada Santista vive uma “epidemia de feminicídios”. De acordo com boletins da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), entre janeiro e agosto de 2025, a Baixada Santista registrou seis casos de feminicídio — dois em Santos e os demais em Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. No mesmo período de 2024, haviam sido contabilizados apenas dois casos, um em Santos e outro em Peruíbe, o que representa um aumento de 200%.
A maioria dos crimes ocorreu dentro da residência das vítimas, cerca de 67% dos casos. Os demais aconteceram em via pública e em consultório médico, sendo este último registrado em maio deste ano. Em quatro dos seis casos, o meio utilizado foi o disparo de arma de fogo, seguido pelo uso de força corporal e de objetos cortantes.
Entre os 166 feminicídios registrados no Estado de São Paulo entre janeiro e agosto de 2025, 3,61% ocorreram na Baixada Santista. No ano anterior, as cidades do litoral somaram 1,32% desses crimes, indicando um aumento de 155% no mesmo período. Segundo pesquisa do Instituto Sou da Paz, os casos de feminicídio cresceram 9% em todo o estado.
Ações na região para combater o crime
Na Baixada Santista, as cidades têm buscado prevenir o feminicídio por meio de programas e políticas de enfrentamento à violência doméstica.
O Programa Guardiã Maria da Penha, presente em Guarujá e Cubatão, oferece acompanhamento às vítimas — mediante registro de boletim de ocorrência. Em Cubatão, Peruíbe, Itanhaém e São Vicente, as vítimas também podem receber o Auxílio Moradia municipal ou o Auxílio Aluguel, iniciativa estadual concedida após avaliação técnica.
Em Guarujá, outros serviços incluem a Casa Ser, voltada ao acolhimento e atendimento psicossocial de mulheres e crianças vítimas de violência sexual e doméstica, além de um curso de capacitação para profissionais da segurança e da rede de atendimento sobre a atuação integrada no combate à violência contra mulheres.
Em Cubatão Sala Lilás, garante atendimento humanizado às vítimas de violência. O município também implementou novas medidas, como a criação de um canal de denúncia para casos de violência moral e sexual no serviço público.
Em Mongaguá, a prefeitura disponibiliza casas de acolhimento para mulheres em risco de morte e seus filhos, além do auxílio-aluguel, benefício temporário concedido por até seis meses.
Em Peruíbe, o projeto Somos Marias se destaca ao propor o fortalecimento da autoestima e da autonomia das mulheres atendidas. A cidade também conta com a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e a Patrulha Maria da Penha, que monitora casos com medidas protetivas e oferece apoio emergencial por meio do aplicativo 153 Cidadão.
Em São Vicente, o enfrentamento à violência de gênero envolve ações como o Grupamento e a Sala Guardiã Maria da Penha, o projeto Maria vai à Escola, a parceria OAB Por Elas, além de atendimentos realizados pelo Creas e Cravi. O município também aderiu ao protocolo Não se Cale e prepara a inauguração da Casa da Mulher Vicentina, que ampliará o atendimento especializado.
