18/12/2025

Maduro ordena escolta a petroleiros após bloqueio de Trump, diz jornal

Por Folha Press em 18/12/2025 às 16:46

Reprodução/ Instagram
Reprodução/ Instagram

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou que os navios petroleiros do país tenham escolta militar após Donald Trump anunciar um bloqueio total aos que estão sob sanção, segundo o jornal americano The New York Times.

Maduro orientou a marinha do país a escoltar os navios que transportam petróleo e derivados para fora do porto. O New York Times afirma que a decisão foi tomada ontem e arrisca um confronto em alto-mar com os EUA, desafiando a declaração dada pelo presidente americano.

Diversos navios sem sanção teriam partido com escolta desde o anúncio de Trump. Três autoridades informaram que as viagens aconteceram entre a noite de terça-feira e a manhã de ontem, mas nenhuma das embarcações estavam na lista de petroleiros sancionados.

Washington já estaria ciente sobre a escolta. Ainda para o jornal, uma pessoa familiarizada com o assunto teria dito que a Casa Branca teve conhecimento da ordem dada por Maduro e considera agora diversas medidas a serem tomadas —mas sem citá-las.

Venezuela havia dito anteriormente que a exportação de petróleo continua mesmo com o bloqueio. A estatal petrolífera PDVSA afirmou em comunidade que os petroleiros envolvidos nas operações continuam navegando com plano seguro, suporte técnico e garantias operacionais.

Entenda a sanção

Trump anunciou a medida em uma postagem na rede Truth Social. Na mensagem, ele disse que o governo venezuelano foi designado pelos EUA como “organização terrorista estrangeira” e justificou a decisão com acusações de terrorismo, tráfico de drogas, contrabando e tráfico de pessoas.

“Pelo roubo de nossos ativos e por muitas outras razões, incluindo terrorismo, contrabando de drogas e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado como uma organização terrorista estrangeira. Portanto, hoje, estou ordenando um bloqueio total e completo de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela”, disse Trump, na Truth Social.

Decisão foi anunciada uma semana após os EUA apreenderem um petroleiro na costa venezuelana. Isso, na prática, já vinha funcionando como um embargo informal. A partir de então, navios carregados com milhões de barris de petróleo permaneceram em águas venezuelanas para evitar o risco de apreensão.

Ontem a Venezuela havia denunciado ao Conselho de Segurança da ONU o “roubo” daquela embarcação. Os EUA apreenderam o petroleiro como parte de suas operações militares no Caribe e Washington afirma que o navio era usado em uma “rede ilegal de envio de petróleo que apoia organizações terroristas estrangeiras”. A Venezuela, por sua vez, chamou a ação de “ato de pirataria naval”.

Ainda não está claro como o bloqueio será imposto na prática, nem se o governo americano usará a Guarda Costeira ou forças militares para interceptar embarcações. Nos últimos meses, os EUA deslocaram milhares de soldados e quase uma dúzia de navios de guerra para a região, incluindo um porta-aviões.

A Venezuela chamou a decisão de Trump de “irracional” e “ameaça grotesca”. A declaração foi dada pela vice-presidente, Delcy Rodríguez, em um comunicado à imprensa publicado na mídia estatal venezuelana.

Escala retórica e militar

Trump afirmou que a Venezuela está cercada por forças militares dos EUA. Segundo a CNN, o presidente disse que o país está rodeado pela “maior armada já reunida na história da América do Sul” e sugeriu que o contingente militar na região ainda pode aumentar.

Trump passou a classificar o governo de Nicolás Maduro como “regime ilegítimo” ao justificar o bloqueio. O presidente dos EUA acusou Caracas de usar receitas do petróleo para financiar tráfico de drogas, terrorismo, tráfico de pessoas, assassinatos e sequestros.

Bloqueio ocorre em meio a operações militares dos EUA no Caribe. O governo Trump já realizou ataques contra embarcações suspeitas na região, apresentadas oficialmente como ações de combate ao narcotráfico, e que o presidente tem afirmado repetidamente que ofensivas em solo venezuelano devem ocorrer em breve.

Medida teve efeito imediato no mercado de petróleo. Os contratos futuros do petróleo bruto dos EUA subiram mais de 1% nas negociações asiáticas, para US$ 55,96 (R$ 308,30) o barril. No fechamento anterior, o preço havia atingido US$ 55,27 (R$ 304,50), o menor nível desde fevereiro de 2021.

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