Governo Trump vai discutir China, migração e Canal do Panamá em 1º giro pela América Latina
Por Julia Chaib e Mayara Paixão/ Folha Press em 01/02/2025 às 09:37
O novo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que ocupa cargo equivalente ao de ministro das Relações Exteriores do Brasil, escolheu a América Latina como destino de sua primeira viagem oficial, indicando que a região será priorizada no governo de Donald Trump.
Rubio embarca neste sábado (1º) para um giro de seis dias que inclui visita a Panamá, El Salvador, Costa Rica, Guatemala e República Dominicana. O governo dos cinco países têm sido considerados aliados pelos EUA.
Serão discutidos a disputa sobre o Canal do Panamá, a influência da China na região e políticas de imigração -esses países estão entre os que têm mais imigrantes em situação irregular nos EUA.
Trump quer que as nações latino-americanas contribuam para sua política de deportação em massa recebendo pessoas expulsas dos EUA das mais variadas origens.
“O foco e a prioridade que o presidente Trump deu à região e o fato de que isso é liderado pelo nosso secretário de Estado, o primeiro secretário de Estado hispânico, que conhece a região como ninguém, é realmente histórico”, disse Mauricio Claver-Carone, enviado da Casa Branca para a América Latina, em entrevista nesta sexta (31).
O giro terá início no Panamá, onde o secretário vai se encontrar com o presidente José Raul Molino e também visitar o Canal do Panamá.
Claver-Carone disse que o foco da visita será discutir o canal, o qual Trump já disse querer controlar, além de temas relacionados à imigração. “Vemos a presença da China no Canal do Panamá, e o presidente Trump deixou muito claro que não é apenas uma ameaça à segurança nacional dos EUA, mas à segurança do próprio Panamá e, em última análise, à segurança da região”, disse.
Ele ainda elogiou o programa de expatriação do país e disse que a política deveria ser expandida para outros lugares. “O Panamá tem sido muito útil em lidar com sua fronteira e em expatriar muitas das pessoas não apenas da América do Sul, mas de todo o mundo que usam [a região de] Darién para fazer a rota até os Estados Unidos”, afirmou.
Depois, Rubio viajará a El Salvador, onde terá um encontro com o presidente Nayib Bukele, considerado um grande aliado de Trump. Também ali, o líder republicano quer costurar um acordo para que a nação da América Central receba imigrantes deportados oriundos de outros países.
Claver-Carone elogiou Bukele e disse que o governo americano quer analisar as ações do presidente, consideradas bem-sucedidas, para combater a criminalidade em seu país.
Rubio depois encontrará o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, com quem também quer desenhar um acordo para que o país receba pessoas deportadas dos Estados Unidos de outras cidadanias que não costarriquenhas.
“Chaves tem sido um grande líder em relação ao reconhecimento das ameaças que a China representa naquele país”, disse Claver-Carone.
A penúltima parada será na Guatemala, elogiada pelo governo Trump em função de seus esforços na área de imigração. “Esperamos expandir com a Guatemala as discussões sobre como o governo pode continuar a nos apoiar na migração e obviamente combater a influência chinesa em toda a região”, disse.
Por fim, Rubio deve encerrar a viagem na República Dominicana. Claver-Carone disse que o país é afetado pela crise no Haiti e tem sido responsável por receber boa parte das pessoas repatriadas do país vizinho.
“Se você realmente olhar para a importância desses cinco países, todos são aliados dos Estados Unidos e, obviamente, buscamos aprofundar e fortalecer a cooperação com todos eles”, afirmou.