07/05/2022

Endometriose atinge oito milhões de mulheres no Brasil

Por Santa Portal em 07/05/2022 às 15:01

Imagem ilustrativa/Freepik
Imagem ilustrativa/Freepik

A endometriose atinge uma a cada dez mulheres brasileiras, segundo o Ministério da Saúde. A doença é de difícil detecção, e provoca cólicas menstruais intensas, dores pélvicas crônicas, dores no ato sexual e dificuldade para engravidar. O sofrimento causado por este problema impede mulheres de realizarem atividades diárias e ainda consequências emocionais.

O dia 7 de maio é marcado pelo Dia Internacional da Luta contra a endometriose. No mundo, 180 milhões de mulheres são afetadas de acordo com órgãos oficiais de saúde. O diagnóstico tardio da endometriose ainda é uma barreira para amenizar os impactos do problema. Isso porque os sintomas muitas vezes são confundidos com cólicas menstruais normais, e os exames comumente realizados não são específicos para identificar lesões, mas, por outro lado, algumas lesões podem ser tão pequenas que não são detectadas nas avaliações.

Segundo a ginecologista Tamara Ferraz, da Medicar Soluções em Saúde, apesar da doença não ter cura, é importante que o diagnóstico seja feito precocemente, já que existe tratamento.

Segundo Tamara, a endometriose é a presença do tecido do endométrio – que reveste a parte interna do útero e descama todo mês na menstruação – para fora do corpo uterino, podendo se implantar nos ovários, intestino, ligamentos uterinos e bexiga. Esse movimento provoca um processo inflamatório que pode ter repercussões leves e severas no organismo. 

“A endometriose atinge mulheres em idade reprodutiva, de 25 a 35 anos e é mais comum se manifestar em pessoas com histórico familiar da doença. Costumamos dizer que a endometriose é composta principalmente por três sintomas: dor pélvica crônica, infertilidade e dor nas relações sexuais, porém, as pacientes também podem apresentar sintomas como dor e sangramento cíclico ao evacuar e urinar, sensação de inchaço abdominal, entre outros”, explica a médica.

De acordo com a profissional, a dor provocada pela endometriose pode ocorrer dentro e fora do período menstrual. “A dor da endometriose pode se localizar apenas em uma região da pelve, ou pode ser difusa. Os sintomas também podem apresentar piora com o decorrer do tempo”, detalha. 

Tamara explica que o diagnóstico preciso da endometriose é feito por meio da análise anatomopatológica do tecido sugestivo causador da doença, que é retirado em um procedimento cirúrgico chamado videolaparoscopia. No entanto, quando se estabelece a suspeita clínica do problema a partir de sintomas, o tratamento é iniciado e a cirurgia é raramente necessária. “São poucos os casos que necessitam deste procedimento para a confirmação do diagnóstico. Além disso, algumas lesões podem ser identificadas por meio de ultrassom transvaginal, ou ressonância magnética”, comenta. 

Bem-estar

Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS) para casos de endometriose, além de oito mil internações. O problema, que é conhecido como doença da mulher moderna, muda a vida de mulheres jovens e provoca altos níveis de estresse, o que favorece o desenvolvimento de transtornos psicológicos. 

Conforme a especialista, as dores provocadas pela doença têm grande impacto na qualidade de vida das pacientes, por isso, um tratamento adequado é muito importante. “Mudanças no estilo de vida, como a prática de atividade física regular, dieta balanceada rica em leguminosas e verduras são muito importantes para a melhora dos sintomas. Além disso, pode ser realizado também um tratamento com uso de anti-inflamatórios e contraceptivos. A cirurgia pode ser uma opção em algumas situações específicas”, ressalta. 

Outra preocupação das mulheres que descobrem a endometriose é a infertilidade. Tamara esclarece que, nem sempre o tamanho da lesão tem relação direta com a presença da infertilidade. “Estima-se que, cerca de 10% a 20% das mulheres no período reprodutivo terão endometriose. Alguns estudos sugerem que 25% a 50% das mulheres inférteis têm endometriose e que, 30% a 50% das mulheres com endometriose são inférteis”, comenta Tamara. 

Embora não tenha cura, a endometriose é uma doença que pode ser descoberta de forma precoce e tratada para que não atrapalhe a vida da paciente. De acordo com Tamara, a melhor maneira de prevenir os impactos da doença no organismo é estar atenta aos sintomas de cólica e realizar exames de rotina com um médico ginecologista. “O tratamento tem como objetivo a melhora dos sintomas e não necessariamente evita o surgimento de novas lesões. Em caso de dores pélvicas ou dificuldade de gestação, procure seu ginecologista para uma consulta. Cólicas sempre devem ser investigadas”, conclui.

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