Da versão em papel ao aplicativo: a evolução do ticket alimentação no Brasil
Por Santa Portal em 09/10/2025 às 17:34
Quando o ticket alimentação foi instituído no Brasil, na década de 1970, em meio ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), sua forma mais comum era o talão de papel, semelhante a um cheque. Os cupons, distribuídos mensalmente pelas empresas, representavam não apenas uma complementação à renda do trabalhador, mas também um desafio logístico: a impressão, a distribuição e a aceitação pelos estabelecimentos exigiam um esforço constante de controle.
Com o passar das décadas, a digitalização modificou profundamente a forma como esse benefício é oferecido, refletindo as mudanças do mercado e o avanço da tecnologia.
A era dos talões de papel
Durante muitos anos, o ticket em papel foi sinônimo de benefício corporativo. O colaborador recebia os cupons no início do mês e precisava guardá-los cuidadosamente, já que, em caso de perda, não havia como reaver o valor. Além disso, os estabelecimentos precisavam enviar os cupons de volta às administradoras, que realizavam o reembolso em prazos que podiam se estender.
Apesar da praticidade inicial em relação ao pagamento em dinheiro vivo, o sistema era suscetível a fraudes, falsificações e até ao uso indevido em locais não autorizados. Ainda assim, foi responsável por consolidar uma cultura de apoio à alimentação do trabalhador, que se mantém até hoje como um dos benefícios mais valorizados.
A transição para os cartões magnéticos
Nos anos 2000, a substituição gradual do papel pelos cartões magnéticos trouxe um marco na evolução do benefício. Inspirado no modelo de cartões de crédito e débito, o formato ofereceu maior segurança, tanto para empresas quanto para funcionários e estabelecimentos.
Com o cartão, ficou possível bloquear em caso de perda ou roubo, acompanhar extratos e garantir que os valores fossem usados exclusivamente para alimentação. Para os comércios, o processo de reembolso foi agilizado, já que o fluxo passou a ocorrer por meio das bandeiras de cartões, reduzindo a burocracia.
Essa mudança também ajudou na transparência das transações e abriu espaço para novos recursos, como a possibilidade de consulta de saldo em caixas eletrônicos e sites.
O salto para o ambiente digital
A popularização dos smartphones e o avanço dos meios de pagamento digitais impulsionaram a terceira fase dessa evolução: os aplicativos. Atualmente, grande parte das operadoras de benefícios oferece apps que permitem acompanhar saldo em tempo real, consultar extratos, localizar estabelecimentos conveniados e até receber promoções exclusivas.
Além disso, carteiras digitais e meios de pagamento por aproximação ampliaram o alcance do ticket alimentação, permitindo que o trabalhador utilize o benefício diretamente pelo celular ou smartwatch. Essa integração com soluções digitais responde ao novo perfil de consumo, mais ágil e conectado.
Benefício em sintonia com novas demandas
A transformação do ticket alimentação também dialoga com a busca por bem-estar financeiro e praticidade no dia a dia. Recursos como notificações de saldo, categorização de gastos e acesso a informações sobre promoções em redes de supermercados ajudam o colaborador a organizar melhor sua rotina.
Do lado das empresas, os sistemas digitais facilitaram o repasse do benefício e o acompanhamento do uso, tornando o processo mais eficiente e reduzindo custos operacionais. Já os estabelecimentos comerciais passaram a contar com transações mais rápidas, seguras e integradas.
Do papel ao aplicativo, a jornada do ticket alimentação no Brasil é um reflexo da própria transformação digital vivida pela sociedade. O benefício, que começou com cupons que precisavam ser guardados na carteira, hoje cabe em um clique na tela do celular, acompanhando os hábitos de consumo contemporâneos.
Mais do que um auxílio, o ticket se consolidou como um símbolo de adaptação às mudanças do tempo, e seu futuro promete estar ainda mais conectado às inovações financeiras e às necessidades dos trabalhadores.