Líder em campo, Léo relembra título Brasileiro de 2002: "Mudou tudo"

Por Guilherme Esron em 15/12/2022 às 06:00

Há 20 anos, no estádio do Morumbi lotado, o Santos quebrava um incômodo jejum de 18 anos sem títulos relevantes. Na final do Campeonato Brasileiro, em 15 de dezembro de 2002, o Peixe derrotou o Corinthians por 3 a 2. Autor de um dos gols da decisão, o lateral-esquerdo Léo relembrou a conquista.

Na época, o Brasileirão era disputado de uma forma diferente. A primeira divisão contava com 26 times que jogavam entre si e os oito primeiros se classificavam para um mata-mata, com quartas, semi e final. 

Santos x Corinthians, final do Campeonato Brasileiro 2002. Foto: Divulgação/Santos FC

Comandado pelo técnico Emerson Leão, o Santos conseguiu se classificar na oitava posição e, logo de cara, encarou o primeiro colocado, o favorito São Paulo. Mas o Peixe venceu. Léo afirma que essa vitória foi crucial para o time arrancar rumo ao título.

“Quase não nos classificamos para o mata-mata, pois perdemos diversos jogos na reta final da primeira fase. Por isso, a opinião geral é que o São Paulo iria nos atropelar. Tinha feito uma campanha excelente e contava com um elenco recheado de estrelas. A vitória por 3 a 1 no primeiro jogo, na Vila Belmiro, da forma como aconteceu, acabou mudando completamente o cenário”, fala Léo.

O elenco do Santos era uma mescla de jogadores mais experientes e jovens talentos, como Robinho, Diego, Renato e Elano. Léo, por sua vez, estava no meio termo, com seus 27 anos. Ele conta como era a relação que tinha com os Meninos da Vila da época e como lidavam com o protagonismo do time.

“A relação era excelente. O Robinho comandava a ‘bagunça’ do elenco, a maior parte formada de garotos. Era uma família, um jogava e brigava pelo outro”, ressalta Léo.

Léo era o torcedor em campo

O lateral era um dos líderes do time, quase como um torcedor dentro de campo, e sua paixão, às vezes fazia com que ele revidasse algumas provocações que vinham dos torcedores rivais e até mesmo de outros jogadores. Afinal, o Santos vivia um jejum de 18 anos sem títulos.

E foi justamente essa garra e paixão que fez com que o torcedor abraçasse Léo e mantém até hoje um sentimento especial pelo ex-jogador.

“Eu sempre fui, e continuo sendo, um cara autêntico. Falo o que penso, sem muitos filtros. É claro que às vezes me dou mal por isso… As minhas declarações e posicionamentos eram espontâneos. Percebendo isso, e o meu amor verdadeiro pelo Santos, a torcida me abraçou como seu representante em campo”

Léo, ex-lateral-esquerdo do Santos
Santos x Corinthians, final do Campeonato Brasileiro 2002. Foto: Divulgação/Santos FC

Quando falamos do título de 2002, a primeira lembrança da maioria das pessoas são apenas dos dois jogos da final contra o Corinthians. Mas poucos se lembram que o time chegou desacreditado ao mata-mata. Léo faz questão de lembrar que a virada de chave, o ponto fundamental, aconteceu antes mesmo das oitavas contra o São Paulo. 

O ex-lateral conta que Leão levou o time para uma cidadezinha na divisa entre Minas Gerais e São Paulo, preparando o time para os jogos eliminatórios.

“Muita gente não lembra, mas assim que acabou o jogo em que perdemos para o São Caetano, no ABC, pela última rodada da fase de classificação, o Leão mandou a gente direto para Extrema, cidade na divisa de Minas com São Paulo. Passamos uma semana em um hotel fazenda, concentrados. Treinamos e conversamos bastante sobre a importância do título para o Santos e para cada um dos atletas. Aquilo fez uma grande diferença”.

Jejum de 18 anos

Ao conquistar o Campeonato Brasileiro de 2002, o Santos quebrou um jejum, que já durava 18 anos. Sua última conquista tinha sido o Campeonato Paulista em 1984. Por isso, a pressão que o time vinha sofrendo era muito grande. 

Quando Marcelo Teixeira assumiu a presidência do clube em 2000 (sua segunda passagem) começou a montagem do time que viria a ser bicampeão brasileiro em 2002 e 2004 e vice-campeão da Libertadores em 2003.

A gestão de Marcelo revelou grandes jogadores que estão eternizados na história do Santos e claro, quebrou esse jejum de 18 anos. Léo conta que essa conquista foi uma das mais importantes da sua carreira, pois foi onde tudo mudou. 

“Fui campeão da Libertadores de 2011, mas sempre que me perguntam qual o mais importante dos oito títulos que ganhei pelo Santos, não tenho dúvidas de apontar o Brasileiro de 2002. Ele mudou tudo. O clube voltou a ser respeitado, a torcida recuperou o orgulho. 2002 abriu as portas para tudo de bom que aconteceu com o Santos nos anos seguintes. E o Marcelo teve uma participação fundamental para que tudo aquilo fosse possível”.

Santos x Corinthians, final do Campeonato Brasileiro 2002. Foto: Divulgação/Santos FC

Má lembrança do Paulistão 2001

Havia uma grande pressão sobre todos para ganhar o campeonato. Principalmente para os jogadores que já estavam no time no ano anterior e perderam na semifinal do Paulista, no último lance da partida, diante do Corinthians.

E para segurar a pressão e trazer a torcida para o lado do time só existia uma solução: vencer. 

“No futebol só existe uma maneira de fazer isso: vencendo. A gente sabia que só mudaria as coisas sendo campeão. O trauma ainda era grande pela derrota na semifinal do Paulista de 2001, no último lance do jogo. Muitos dos jogadores daquela derrota ainda estavam no elenco, inclusive eu. A gente queria que o final da história fosse diferente. E foi!”

Léo, ex-lateral-esquerdo do Santos

Léo ainda lembra que a noite antes da grande decisão foi bem longa. Mesmo com a vitória na primeira partida, estava bem apreensivo para o último jogo.

“A gente queria que a hora do jogo chegasse logo. Foi difícil dormir naquela noite. A vitória no primeiro jogo por 2 a 0 deixou a gente ainda mais confiante e motivado, mas sempre tem aquela apreensão de um jogo decisivo, contra o maior rival, que havia conquistado o Rio-São Paulo e a Copa do Brasil naquele ano. Aliás, contava com um time fortíssimo e experiente, comandado pelo Parreira”, finaliza Léo.

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