Rueda vê melhora financeira, defende elenco e projeta fazer mais investimentos no futebol

Por Rodrigo Martins em 14/04/2023 às 06:00

Rodrigo Martins/Santa Portal
Rodrigo Martins/Santa Portal

O Santos comemora 111 anos nesta sexta-feira (14) e, como parte da programação especial preparada pelo Jornalismo do Sistema Santa Cecília de Comunicação, o Santa Portal traz uma entrevista exclusiva com o presidente do clube, Andres Rueda. No bate-papo, Rueda falou sobre as comemorações do aniversário do Peixe, a situação financeira do clube, rebateu as críticas feitas ao elenco santista e projetou maiores investimentos na equipe a partir da metade deste ano.

Leia a entrevista completa com Rueda:

Santa Portal: Hoje o Santos completa 111 anos. Qual a programação de aniversário do clube? Quais as atrações musicais para esse evento de aniversário do Peixe?

Rueda: Hoje é um dia muito feliz para o Santos, que comemora 111 anos de existência. Será uma programação bem variada. Teremos a apresentação do novo uniforme, além de um super show do Raça Negra no Blue Med Convention Center. Vamos ter carnaval também! Temos duas torcidas organizadas que têm escolas de samba e vão estar presentes também: a Torcida Jovem e a Sangue Jovem. Ainda estamos preparando algumas surpresas, que vamos guardar para o momento certo, se não vamos dar spoiler de tudo. Vai ser uma festa de muita felicidade, com a alegria que o Santos merece.


Foto: Divulgação/Raça Negra

O Rei Pelé vai receber alguma homenagem especial do Santos nessa data?

Qual tipo de homenagem vai ser eu não gostaria de falar ainda. Vamos ter sim, mas é uma surpresa que estamos preparando. O Pelé sempre tem que ser homenageado, ainda mais no primeiro ano de aniversário do Santos sem a presença física do Edson Arantes do Nascimento. Sem dúvida alguma, já é um aniversário diferente por causa disso. Além disso, vai ser muito bom reencontrar todas as torcidas e simpatizantes do Santos fisicamente. A gente espera que esse seja um momento de união de toda a Nação Santista. Um dia muito feliz, certamente vai ser um sucesso essa festa de aniversário do Santos.


Foto: Arquivo/Divulgação Santos FC

São 111 anos de Santos Futebol Clube: qual o sentimento de estar na presidência do Peixe em mais uma data especial para o time da Vila Belmiro?

É algo muito gratificante. A cada ano que passa, a marca Santos se solidifica ainda mais a nível mundial. São 111 anos, desde a nossa fundação! Estou muito contente em fazer parte disso. Cada vez mais torço para a união da nossa Nação Santista. Atravessamos um momento não tão satisfatório no campo nos últimos anos, mas tenho certeza que isso vai mudar. Por isso, a nossa torcida precisa estar cada vez mais unida, para daqui há 100 anos a gente estar lembrando dessas datas de 2023, 2022 e 2021, como um período que fez a reestruturação do Santos para que o clube pudesse alcançar maiores degraus no cenário do futebol mundial.

Falando sobre gestão, a sua administração pegou o Santos em uma situação muito delicada financeiramente, em janeiro de 2021. Hoje em dia, qual é a real situação financeira do clube? O Santos ainda vive um caos administrativo?

Hoje posso dizer que a dívida está administrável. A situação no começo de 2021 era caótica, estávamos entrando em uma insolvência financeira. O clube estava com transfer ban, impedido de contratar jogadores, com as contas bloqueadas e fornecedores bloqueados. Os salários estavam atrasados há mais de quatro meses, era uma situação completamente caótica. Em dois anos, pagamos praticamente R$ 190 milhões em dívidas passadas. Por isso, eu diria que o financeiro do clube hoje está administrável. Não é uma situação confortável, todo mês é uma luta para honrar os compromissos. Agora, uma coisa que muito me orgulho da nossa gestão é que, desde o início, em janeiro de 2021, todos os salários de jogadores foram pagos rigorosamente em dia. Toda a parte de impostos está rigorosamente em dia. Ou seja, o Santos mudou de patamar e, desse jeito, a coisa começa a ficar mais administrável. Ainda é preocupante (financeiramente), a nossa situação ainda requer muito cuidado e responsabilidade financeira.

Ainda sobre a situação econômica do Santos, o clube terá que vender jogadores na janela da metade do ano para poder fazer novos investimentos? Ângelo e Marcos Leonardo podem deixar o clube neste ano?

Uma coisa que muitas vezes o torcedor não entende é que a receita no futebol é menor que a despesa em quase 5 ou 6 milhões de reais. Na verdade, os clubes hoje só conseguem manter equilíbrio financeiro com vendas de jogadores. Isso é inegável, mas é uma coisa que preocupa muito a nossa gestão e estamos buscando alternativas para sair dessa situação onde o ‘cachorro fica correndo atrás do próprio rabo’. A situação é essa: a gente tem que ter responsabilidade financeira. Agora isso não pode perdurar para sempre, alguma coisa tem que ser feita para quebrar isso. Receita tem que estar lado a lado com as despesas. Caso contrário, a tendência é você ir aumentando dívida, faturando só para pagar dívida. Isso tem que mudar.


Foto: Raul Baretta/Divulgação Santos FC

Sobre o futebol, o Santos teve campanhas fracas nos últimos anos e o torcedor teme uma nova briga contra o rebaixamento, assim como aconteceu no Brasileirão de 2021 e nos últimos três Campeonatos Paulistas. Qual a expectativa da diretoria e da comissão técnica sobre o desempenho do Peixe neste Campeonato Brasileiro que se inicia? Até onde o Santos pode chegar no Brasileirão 2023?

Nosso pensamento é sempre otimista, voltado para conquistar grandes resultados. Eu sempre digo que se o presidente não acreditar que o time pode ser campeão tem alguma coisa errada. Aí eu tenho que ir embora para casa. Eu acredito muito nesse time! A gente pecou muito no campo em 2021 e 2022, foram cometidos erros que prejudicaram no campo. Erramos muito com treinador, diretor. Mas o problema não era só esse, tínhamos problemas para adequar o elenco em cima das nossas necessidades. Antes, a situação financeira não permitia grandes voos com contratações, isso mudou em 2023. Nós contratamos praticamente 13 jogadores nos últimos seis meses. Confio muito no nosso time e no trabalho do Odair (Hellmann). Acredito que essa equipe ainda vai dar muitas alegrias para a nossa torcida.

A principal crítica dos torcedores é que o Santos contrata bastante em quantidade, sem priorizar tanto a qualidade dos jogadores que chegam. Entende que essa análise é justa? Qual a avaliação que a diretoria e a comissão técnica fazem do atual elenco?

Se a gente pensar bem, o Joaquim era pretendido por quatro ou cinco equipes (do Brasil e de fora do país), o Rodrigo Fernández se encaixou bem, assim como o Dodi e o próprio Lucas Lima. O nosso plantel não é ruim, temos algumas situações específicas que podemos melhorar. Estamos numa linha crescente, agora temos que trabalhar muito e treinar, para dar liga. É nisso que a gente acredita.


Foto: Divulgação/Santos FC

O Santos pretende trazer mais algum jogador até o fechamento desta janela interna no dia 20 de abril?

O Santos sempre está procurando qualificar mais o seu time. Sobre a janela de 20 de abril, nós demos as contratações como encerradas, porém a janela de junho ou julho a gente ainda pretende – conseguindo a venda de algum jogador – dar uma reforçada ainda mais no time.

O clube pretende trazer nomes de peso, que possam mudar a equipe de patamar na sequência da temporada?

Não diria (jogadores) de maior peso. Vamos ter dois meses para ver quais posições precisamos mais e trazer jogadores que possam suprir possíveis carências. Claro que queremos jogadores que mudem o perfil do time, estamos procurando no mercado. Mas precisamos ter calma, não vamos cometer erros anteriores. Estamos monitorando tudo, conversando com jogadores e o nosso objetivo é encorpar ainda mais esse elenco.

Como surgiu o interesse pelos jogadores Gabriel Inocêncio, Luan Dias e Bruno Mezenga, todos do Água Santa? Essas negociações já estavam em andamento? Os nomes foram aprovados pela comissão técnica?

Toda contratação do Santos, desde o início da nossa gestão, sai de um consenso entre comissão técnica, diretoria esportiva e Comitê de Gestão. Esses nomes foram colocados lá atrás e tivemos o sinal verde para trazer. Quando temos o aval positivo da comissão técnica e da diretoria esportiva, o presidente vai atrás para tentar viabilizar economicamente e conseguimos. Foi o que aconteceu. Criamos uma proximidade com o Água Santa quando emprestamos a Vila sem cobrar aluguel na semifinal do Paulistão (contra o Red Bull Bragantino). Desde o início, nós estávamos tentando os três, mas o Luan Dias tinha propostas de fora. Estava difícil, mas conseguimos reverter. O Água Santa entendeu e o jogador ajudou.


Foto: Anderson Lira/Futura Press/Folhapress

Como está a situação do Soteldo? O Santos irá contratar o atacante em definitivo ao final do período de empréstimo, no dia 3 de julho? (O valor de compra é US$ 4 milhões, o equivalente a R$ 20 milhões, a serem pagos em parcelas semestrais)

Vamos exercer esse direito. Toda contratação de empréstimo, o nosso modelo prevê uma opção de compra por parte do clube. São valores factíveis e que cabem no bolso do Santos. A nossa ideia é ficar com o Soteldo, ao final do empréstimo. Já tenho programado em contrato as parcelas que eu tenho que pagar para ficar em definitivo com o jogador.


Foto: Raul Baretta/Divulgação Santos FC

Como está o andamento do projeto da nova arena do Santos? Já existe uma previsão para o início das obras?

Está na parte burocrática de assinatura, de memorando de intenções e Prefeitura. O projeto já está sendo feito pela W Torre. A nossa previsão é que as obras comecem no final desse ano.

Por fim, como você avalia a sua gestão no comando do Santos? Qual legado pretende deixar ao clube?

O maior legado, ao meu modo de ver, é ter tirado o Santos de uma situação de praticamente insolvência. O clube atravessava uma grave crise financeira, moral e ética. Com muito trabalho, estamos conseguindo reverter essa situação. Abraçamos o clube, protegemos o Santos em todos os seus setores. Vimos renascer a nossa base, que estava devendo muito dentro do campo. Melhoramos os processos, acabamos com o isolamento e a nossa base voltou a ser elemento principal nos campeonatos que disputa. Novos ‘raios’ estão despontando dentro do clube. O grande legado é justamente ter aumentado a régua da ética, da moral e de processos no Santos. Com certeza vamos entregar um clube muito melhor do que recebemos. Esperamos que a próxima gestão faça a sua parte e dê uma melhorada no que tiver que ser feito. Só assim que a gente evolui, assim que a vida é feita.


Foto: Divulgação

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