Jogadora da Baixada celebra convocação para Copa do Mundo: "Me sinto no auge"
Por Rodrigo Cirilo em 29/06/2023 às 21:00
Natural de Santos, a zagueira Kathellen, de 27 anos, está entre as 23 convocadas de Pia Sundhage para a Copa do Mundo Feminina, que inicia em 20 de julho. Este será o segundo mundial da atleta do Real Madrid. Na edição de 2019 a defensora foi titular nos quatro jogos do Brasil na competição.
Kathellen viveu em Cubatão durante a infância e se mudou para São Vicente no começo da adolescência, após receber uma bolsa escolar do colégio Objetivo. Em entrevista ao Santa Portal, a atleta explica que apesar de não ter atuado profissionalmente em um clube brasileiro, as escolinhas de futebol da região foram fundamentais para sua carreira.
“Digo que sou cria da Baixada, as quadras e campos da região seguraram meu sonho. Atuei por Praia Grande, São Vicente, escolinha da Sereias da Vila e Objetivo, venci todas as competições locais que participei”.
Em 2014, após o encerramento das atividades das Sereias da Vila e com poucas oportunidades no cenário nacional, Kathellen foi selecionada para ingressar na Monroe College, dos Estados Unidos, como bolsista por mérito esportivo.
Na liga universitária norte-americana (NCAA), a zagueira disputou duas temporadas por Monroe, uma por Louisville Cardinals e outra por UCF Knights, respectivamente.
Kathellen sofreu para se adaptar com o idioma diferente e com a distância da família. No entanto, o período no país foi fundamental para seu crescimento pessoal e profissional.
“Hoje tudo vale isso a pena. Nos Estados Unidos, o esporte é muito valorizado, além de ser uma forma de criar disciplina, de melhorar de vida. Os EUA têm uma mentalidade de ter que trabalhar muito para conquistar as coisas. É necessário ter disciplina lá, pois se você não tiver as notas boas, você não pode participar do esporte. Então, a educação e o esporte andam juntos”.
Carreira profissional
O destaque de Kathellen na NCAA chamou a atenção de clubes da Europa, como o Bordeuax, que a contratou para a temporada 2017/18. Na equipe francesa, a santista disputou 31 partidas e marcou dois gols, além de conquistar vaga na convocação de Vagão, técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo Feminina de 2019.
Após três temporadas no Bordeaux, Kathellen seguiu para a Inter de Milão, em 2020, onde atuou em 28 partidas e anotou um gol. Com ótimas atuações na liga italiana, a zagueira foi contratada pelo Real Madrid em agosto, onde tem status de titular.
“Sinto no meu auge como atleta, por tudo que vivi e onde me encontro no momento, Real Madrid. Assim, sigo apreendendo e trocando experiências com meninas da seleção e com as que tenho contato”.
Seleção Brasileira
Figurinha carimbada em convocações da seleção brasileira desde 2018, a defensora disputou a Copa do Mundo de 2019 e a Copa América 2022, onde ganhou seu primeiro título no profissional.
Em 2019, o Brasil caiu nas oitavas de final contra a França, após perder por 2 a 1 na prorrogação. Com expectativa de chegar em fases mais agudas da competição, Kathellen acredita que a experiência aliada a preparação física pode ser um diferencial para essa edição.
“Nos últimos tempos, tivemos amistosos com grandes seleções, ganhamos alguns e perdemos outros. Entretanto mostramos que não estávamos tão longe das grandes potências, como na nossa última vitória contra a Alemanha por 3 a 1. Creio que em 2019, ainda não estávamos fisicamente preparadas, mas vejo a evolução física da seleção e minha também”.
Falta de apoio
Única representante da região na Copa do Mundo, Kathellen revela que a falta de apoio e visibilidade são empecilho para a formação de mais atletas de alto nível da Baixada Santista.
“Nessa época de convocação fui mais ovacionada por cidade de fora, até do Ceará. Então falta mais apoio, e visibilidade! Acredito que a Baixada Santista tem tantos talentos, em todas as áreas do esporte. Mas não damos valor aos nossos atletas”.
Espelho de muitas garotas, a santista pede por perseverança, para que possam driblar os obstáculos até chegar no lugar desejado.
“Não desista, a trajetória é difícil, de altos e baixos, mas tudo é um processo. Se for seu sonho, lute até o fim, porque realizar um sonho é a melhor coisa do mundo, é gratificante. Talvez você não se sinta preparada para nada, mas não deixe que o medo te impeça de avançar”.
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