Fórmula E terá tecnologia de recarga rápida que pode vir para carros de rua
Por Carolina Alberti/Folhapress em 23/01/2025 às 16:00
A demora para carregar é um dos grandes entraves para a popularização dos carros elétricos, mas a Fórmula E promete uma revolução. A categoria lançou o Pit Boost, uma parada durante as corridas -semelhante ao pit stop da Fórmula 1- que aumentará a energia disponível em 10% (3,85 kWh) em apenas 30 segundos. E a promessa é que essa nova tecnologia chegue também às ruas e carros convencionais.
“A solução para a mobilidade hoje passa por uma maior autonomia e também por recarregar carro mais rapidamente. Tecnologias como essa [Pit Boost] estão ajudando para a adoção da eletrificação da mobilidade para o futuro”. Alberto Longo, Cofundador e Diretor do Campeonato da Fórmula E.
“Ainda há muita evolução possível na infraestrutura para recarregar carros. Meus agradecimentos a essas tecnologias, que estão dando um passo à frente para a implementação de uma tecnologia que está muito além [das demais]”, afirma Pablo Martino, Diretor Diretor do Campeonato da Fórmula E para a FIA
Segundo Alberto, essa tecnologia começou a ser desenvolvida há mais de 3 anos e deve trazer ainda mais emoção para as corridas. Isso porque as equipes terão que adequar suas estratégias à parada para reabastecer.
“É uma grande inovação para a Fórmula E. Nós sempre buscamos coisas novas para deixar a corrida mais emocionante. Isso [Pit Boost] vai ter um grande efeito sobre as estratégias das equipes.[…] Vai criar um risco à corrida, e as equipes usarão essa energia de diferentes formas e momentos”, diz Alberto.
Como o Pit Boost vai funcionar
Será obrigatório para todos os pilotos nas corridas designadas. A janela para a realização do Pit Bost será determinada pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e comunicado às equipes 21 dias antes de cada corrida.
Os pilotos de mesma equipe não poderão realizar o Pit Boost de forma simultânea. A recarga será feita por até três integrantes da equipe de box, sendo um deles designado apenas para liberar o carro.
O pit stop contará com um tempo de parada total de 34 segundos. O tempo de recarga será de 30 segundos e os pilotos terão permissão para abastecer quando a bateria do carro tiver entre 60% e 40% de carga.
Em caso de rodada dupla, o Pit Boost acontecerá apenas em uma das corridas. O E-Prix de Jeddah, por exemplo, contará com duas corridas, uma no dia 14 de fevereiro (sexta-feira), e outra no dia 15 (sábado).
Dois equipamentos extras estarão disponíveis nas garagens de cada equipe. Eles poderão ser utilizados em caso de falha dos equipamentos.
O Pit Boost não afeta o ‘modo de ataque’, que segue liberado para utilização a partir da segunda volta. Pilotos e equipes serão os responsáveis por decidir qual será o melhor momento para usar ambos os elementos.
O Pit Boost foi testado em três eventos e será reavaliado após a estreia no E-Prix de Jeddad. A Fórmula E já considera a implementação em mais corridas da Temporada 11, bem como ampliação do uso na Temporada 12.
Muito lento?
O pit stop da Fórmula E será bem mais lento do que o da Fórmula 1. Na principal categoria do automobilismo, uma parada que supere a casa dos três segundos é considerada lenta.
O recorde da Formula 1, por exemplo, é de apenas 1,8 segundos. A marca aconteceu no GP do Qatar de 2023, em troca de pneus de Lando Norris, da McLarren.
A agilidade, porém, não é a prioridade da Fórmula E neste momento. A categoria destacou o cuidado com a segurança para a realização da recarga.
“Essa tecnologia é completamente nova, então nós queremos ir pelo lado seguro para depois, de alguma forma, colocar isso em estresse, mas isso virá com o tempo. […] Este é o primeiro estágio e vamos aprimorar com o passar do tempo. Tem muita gente falando que uma parada de 30 segundos pode não parecer rápida, mas há muita ação na pista enquanto alguns carros estarão parando. Queremos muito mostrar uma tecnologia que será transferida para a via pública. E isso é incrível. Estamos muito orgulhosos disso [Pit Boost]”, afirma Alberto.