Flamengo tenta ressignificar pré-temporada nos EUA que virou 'legado'
Por Eder Traskini e Luiza Sá/Folhapress em 14/01/2025 às 11:04
O Flamengo foi aos Estados Unidos para a pré-temporada como um legado deixado pela antiga diretoria, comandada por Rodolfo Landim. Se Leila Pereira, presidente do Palmeiras, acredita que essas excursões são feitas para os dirigentes “passearem na Disney”, o rubro-negro tentou ressignificar a passagem pelo país. Mesmo assim, financeiramente não há ganhos.
O que aconteceu
A pré-temporada foi fechada ainda pela gestão Landim no ano passado. Era um plano da antiga gestão retornar aos Estados Unidos todos os anos para fincar a bandeira do Flamengo no processo de internacionalização da marca.
A ida aos EUA não representa nenhum ganho financeiro ao Flamengo. Pelo contrário, todos os custos de logística são bancados pelo rubro-negro. O acordo prevê apenas uma participação nos lucros, como na bilheteria do jogo contra o São Paulo, no estádio do Inter Miami. Esse montante será dividido entre as equipes. Internamente, o clube acha que conseguirá sair em algo próximo do “0 a 0”, mas isso não está previsto em contrato.
Em termos de comparação, o São Paulo faz sua pré-temporada nos Estados Unidos sem custos. Passagens e hospedagem estão sendo bancadas pelas empresas que patrocinam a FC Series.
Além disso, o Tricolor fechou um acordo de ativação com a patrocinadora máster, a Superbet, que vai render cerca de R$ 3 milhões ao clube. A delegação também tem feito ativações a convite da FC Series, como a presença na partida do Orlando Magic, na NBA, e a presença nos parques da Universal no dia 17.
No caso do Fla, não houve nenhuma ação de marketing fechada para esse período. Em 2024, o elenco viveu uma rotina parecida com a do São Paulo, esteve em parques e também em jogo da NBA. A única coisa que o Flamengo vai participar em 2025 é de um treino aberto nesta terça-feira. O clube tinha ações previstas para Fort Lauderdale após o amistoso com os paulistas, mas o encurtamento da viagem fez tudo mudar.
Por que manter?
A nova diretoria cogitou cancelar a participação do Flamengo no torneio, mas não levou para frente. Além do contrato já assinado e dos possíveis desdobramentos jurídicos nos Estados Unidos, a multa também tinha um alto valor e não valeria a pena. O que se fez foi reduzir o período fora do país em quase uma semana.
A declaração de Leila já fez sentido de alguma forma dentro do Fla. Em 2024, dirigentes e familiares lotaram o avião que foi para a Flórida com os jogadores e a comissão técnica. Inclusive pessoas sem relação com o futebol. A atual direção proibiu essa prática, reduziu a delegação e nem o presidente Bap viajou. Apenas José Boto e Gabriel Skinner foram com o elenco.
Mas por que manter? O Flamengo entende que pode se beneficiar do ponto de vista da marca e esportivo. Primeiro, o rubro-negro mantém a ideia da importância de internacionalizar o nome do clube para aumentar a visibilidade. Depois, o período integral dos jogadores com o técnico Filipe Luís e José Boto é visto como positivo para a preparação.
A escolha da localização mais afastada foi proposital. Filipe Luís queria o ambiente mais controlado possível. A ida a Gainesville, cidade universitária da Flórida, também é visando a tranquilidade e o isolamento pedidos pelo treinador.