Série traz 'Alien' para a Terra e transforma o mundo em obra de ficção científica
Por Davi Galantier Krasilchik/Folhapress em 11/08/2025 às 11:33
Humanos e ciborgues navegam pelo espaço e dividem a mesma tripulação. Eles capturam criaturas pelo desconhecido afora, treinados como armas perfeitas. Na Terra, as naves cruzam o céu cinzento e arranhas-céus dominam o horizonte. Tudo parece artificial.
Embora este cenário pertença à “Alien: Earth”, série do universo de Ridley Scott que chega ao Disney+ nesta terça (12), Sidney Chandler diz que certos elementos já estão entre nós.
“Em Austin, no Texas, de onde venho, faz pouco tempo que vi um robô caminhando pela rua. Acho que é um produto chinês ou algo do tipo. Um robô de verdade, com cabeça de cavaleiro. É assustador”, afirma a atriz, que se vê como novata em Hollywood.
Popularizada pela minissérie “Pistols” produção de Danny Boyle que conta a história da banda Sex Pistols, a artista trocou a música por treinamentos militares e vive a protagonista Wendy. Cria de grandes corporações, ela representa a evolução científica do momento os “híbridos”, mentes humanas implantadas em corpos robóticos.
A incerteza sobre a vida alienígena ainda nos persegue o que talvez justifique a longevidade do xenomorfo criado em 1979, que no ano passado emplacou a segunda maior bilheteria de sua saga, mas o experimento em questão não traz surpresas.
Se as idas de Scott ao espaço sempre estudaram a humanidade ele também marcou época com “Blade Runner”, que questiona a natureza de um caçador de androides, o limite entre homens e máquinas nunca foi tão debatido.
Num mundo onde big techs se confundem com o governo e a inteligência artificial tenta simular a criatividade, robôs texanos que entregam caixas de pizza ou buscam conhecimento são apenas um detalhe.
“É bizarro estar num seriado de ficção científica quando vejo que minha realidade também se tornou um mundo de ficção científica. Não sei por quanto tempo consigo encarar isso”, diz Chandler.
Seja por doenças terminais, seja pela necessidade de ajudar seus líderes, os “híbridos” dão continuidade a crianças condenadas ao fim. Memórias desse passado infiltram o presente e impulsos se misturam à exatidão de suas engrenagens.
No caso de Wendy, seus fantasmas são lapsos em que vê o irmão, médico de guerra de quem foi separada. Por outro lado, sua brutalidade in vitro lembra a dos monstros intergalácticos. Entre ameaças conhecidas e novas bizarrices, esta é a primeira vez que desembarcam em solo terráqueo.
“Em sua visão, ela ainda é humana. Wendy não costuma duvidar da própria identidade. Procurei desenvolvê-la com a mesma coragem e ingenuidade de qualquer criança, sempre considerando como absorvem aquilo ao seu redor. Elas são as esponjas da sociedade”, diz Chandler, que se apaixonou pelo projeto e saiu correndo até o showrunner Noah Hawley.
Bastou um almoço para conquistar um papel de destaque na franquia que marcou sua infância. Ela culpa o original, “O Oitavo Passageiro”, por horas e horas de sono perdido. “Foi assustador se juntar a um universo que sempre significou tanto para mim. Tentei dar o meu melhor, e espero que o público se apaixone por Wendy como aconteceu comigo.”
No campo das controvérsias, Chandler põe “Prometheus”, de 2012, entre os seus favoritos. Apesar do sucesso comercial, o longa desagradou fãs ferrenhos ao reinterpretar a mitologia da saga, conforme as críticas a “Alien: Covenant” reforçaram cinco anos depois.
Segundo Gina Balian, presidente do canal FX, responsável pelo seriado, a atriz não deve se preocupar. “Nem tudo nesse universo precisa se encaixar perfeitamente. É diferente do que se espera da Marvel”, afirmou ele em julho, na Comic-Con de San Diego.
Sobre as comparações que têm sido feitas com Ellen Ripley, a piloto imortalizada por Sigourney Weaver, Chandler recusa títulos. Enquanto publicações precipitadas insistem em interpretá-la como atualização da lendária personagem, ela prefere que o tempo fale por si.
ALIEN: EARTH
- Quando Estreia nesta terça (12) na Disney+
- Classificação 16 anos
- Elenco Sidney Chandler, Timothy Olyphant e Alex Lawther
- Produção Estados Unidos, 2025
- Criação Noah Hawley