Queixão admite ter recebido pagamentos de empresário e chora em depoimento ao MP

Por Santa Portal em 27/04/2024 às 19:00

Divulgação/Câmara Municipal de Cubatão
Divulgação/Câmara Municipal de Cubatão

O vereador de Cubatão e ex-presidente da Câmara Municipal da cidade, Ricardo Queixão (PSD), admitiu em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) que aceitava pagamentos mensais de R$ 5 mil feitos por um empresário que tinha contrato com o Legislativo.

Em audiência realizada na última terça-feira (23), Queixão contou ter sido abordado pelo empresário Vagner Borges Dias em 2020 – Vagner é apontado como o principal nome do esquema criminoso e ele segue foragido. O parlamentar informou que o contato teria sido realizado por Vagner para demonstrar o interesse de participar da política em Cubatão.

O vereador ainda disse que ligou para o empresário e, em seguida, teria firmado um acordo com ele. Segundo Queixão, o acerto estabelecia o apoio a um eventual candidato federal. Em troca, ele receberia repasses mensais, que seriam usados pelo vereador para cumprir os compromissos assumidos com a população.

O parlamentar relatou que o pagamento era recebido via Pix em contas de terceiros, para pagar pessoas que o apoiaram na campanha e, também, para quem não conseguiu arrumar cargos.

No final de seu depoimento ao MP, Queixão chegou a chorar e revelou que pretende renunciar ao cargo na Câmara – ele está em seu terceiro mandato no Legislativo em Cubatão.

Além do vereador, também foram presos a servidora pública Fabiana de Abreu Silva e o diretor da Câmara Municipal, Aureo Tupinambá, que também é advogado de André do Rap. Recentemente, Tupinambá deixou a prisão e vai responder ao processo em liberdade.

Operação Munditia

Deflagrada em todo o estado pelo Ministério Público (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e da Polícia Militar, a ação tem como objetivo desarticular um grupo criminoso, associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e investigado por inúmeras fraudes em licitação em todo o Estado.

Segundo o apurado pelo Gaeco, as empresas envolvidas simulavam concorrência com outras pessoas jurídicas, que atuavam em parceria ou integravam um mesmo grupo econômico, para obter contratos públicos voltados a serviços de facilities, notadamente os de mão de obra para limpeza e postos de fiscalização e controle. Só nos últimos cinco anos, o grupo firmou contratos que chegam a R$ 200 milhões. 

Yuri Frisberg, promotor de Justiça do Gaeco, afirmou que a Munditia tinha 15 alvos de mandados de prisão cautelar.

“Tivemos ainda 42 mandados de busca cumpridos, com a apreensão de quatro armas de fogo e grande número de munições, 22 celulares, 22 notebooks, R$ 3,5 milhões em cheques, cerca de R$ 600 mil em espécie e 8.700 dólares”, disse, acrescentando que as diligências prosseguem. Os mandados foram cumpridos em endereços situados em cidades como Mogi, Guarulhos, Santos, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Poá, Buri, Jaguariúna e Itatiba, entre outras.

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