Processo do MP detalha ligações de presos em operação com facção criminosa

Por Santa Portal em 21/04/2024 às 08:00

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O processo do Ministério Público (MPSP), usado como base na investigação sobre possíveis ligações entre servidores públicos de Cubatão e um grupo ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), reúne diálogos entre os investigados e Vagner Borges Dias, apontado como líder do grupo criminoso.

O vereador de Cubatão Ricardo Queixão (PSD), a servidora pública Fabiana de Abreu Silva e o advogado Áureo Tupinambá foram presos na última terça-feira (16), no âmbito da Operação Munditia, que investiga fraudes em licitações em todo o estado.

Nos registros do processo, Fabiana é a primeira citada. O MPSP aponta que a servidora mantinha “constante e escuso” contato com Vagner. De acordo com o processo, Fabiana usava o próprio CPF para o recebimento de propina. A servidora, que atuava como secretária adjunta de governo no momento da prisão, foi exonerada do cargo. Ela deixou a cadeia na sexta-feira (19) e está em prisão domiciliar.

Ricardo Queixão e Áureo Tupinambá são citados em seguida. O processo aponta que os contratos fraudulentos são “discutidos abertamente” entre Vagner e Áureo, que também é diretor do legislativo cubatense, em conversas no WhatsApp. Segundo o MPSP, Tupinambá seria o responsável pela gestão documental para conferir aparente legalidade entre as tratativas com Vagner.

O documento diz que Queixão mantinha tratativas com Vagner e pedia dinheiro explicitamente usando dados bancários da esposa e da cunhada. Em certa ocasião, ele solicita dinheiro para comprar um terno novo para a posse no legislativo.

Operação Munditia

Deflagrada em todo o estado pelo Ministério Público (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e da Polícia Militar, a ação tem como objetivo desarticular um grupo criminoso, associado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e investigado por inúmeras fraudes em licitação em todo o Estado.

Segundo o apurado pelo Gaeco, as empresas envolvidas simulavam concorrência com outras pessoas jurídicas, que atuavam em parceria ou integravam um mesmo grupo econômico, para obter contratos públicos voltados a serviços de facilities, notadamente os de mão de obra para limpeza e postos de fiscalização e controle. Só nos últimos cinco anos, o grupo firmou contratos que chegam a R$ 200 milhões. 

Yuri Frisberg, promotor de Justiça do Gaeco, afirmou que a Munditia tinha 15 alvos de mandados de prisão cautelar.

“Tivemos ainda 42 mandados de busca cumpridos, com a apreensão de quatro armas de fogo e grande número de munições, 22 celulares, 22 notebooks, R$ 3,5 milhões em cheques, cerca de R$ 600 mil em espécie e 8.700 dólares”, disse, acrescentando que as diligências prosseguem. Os mandados foram cumpridos em endereços situados em cidades como Mogi, Guarulhos, Santos, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Poá, Buri, Jaguariúna e Itatiba, entre outras.

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