Pescadores encontram peixe que “cresceu” com lacre preso ao corpo

Por Thiago Macedo / Especial para Santa Portal em 01/09/2022 às 11:00

Pescadores encontram peixe que “cresceu” com lacre preso ao corpo
Pescadores encontram peixe que “cresceu” com lacre preso ao corpo

A cena, infelizmente, já está se tornando comum: animais marinhos encontrados vivos ou mortos com pedaços de plásticos presos a partes do corpo ou em seu sistema digestivo. Desta vez, aconteceu em Cubatão, no Rio Paranhos, que margeia o Jardim Nova República e os Bolsões 7 e 9.

Pescadores artesanais encontraram uma guaivira presa em um lacre, que parece ser o mesmo que os utilizados em garrafas e potes plásticos. A cena chamou a atenção porque a impressão é que o peixe se desenvolveu com o lacre envolto ao corpo e quando foi capturado, com uma rede pequena de pesca, ainda estava vivo.

“Há mais de 30 anos pesco pelos rios do nosso Estuário, principalmente no Paranhos, e sempre me entristece ver cenas assim”, lamenta o pescador Lonelson Brito, mais conhecido como Nelson, que capturou a guaivira. Ele ainda guarda em seu freezer um outro peixe capturado há três meses também com um lacre preso ao corpo, só que de metal. “A gente guarda para poder mostrar para as pessoas o mal que o lixo faz aos animais”, explica.

Nelson é um dos idealizadores do Projeto Limpa Rio, que há mais de 15 anos reúne pescadores artesanais e voluntários para um mutirão de limpeza no manguezal próximo ao Jardim Nova República. Neste período, dezenas de toneladas de lixo foram retiradas do estuário.

A espécie guaivira pescada por Nelson presa em um lacre plástico na última semana é conhecida por ser um peixe rico em nutrientes. Um estudo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), comprovou que o tibiro (como a guaivira é conhecida por lá) tem até 15 vezes mais concentração de zinco e 18 vezes de ferro do que a pescada amarela, um dos peixes mais comercializados em nossa região.

Oceanos de plástico

Relatório da Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), divulgado no final do ano passado, mostrou que o plástico representa 85% dos resíduos que chegam aos oceanos. O levantamento aponta que, se nada for feito, até 2040, o volume de plástico que chega ao mar será três vezes maior, somando algo em torno de 23 e 37 milhões de toneladas. Isso representa 50 quilos de plástico por metro nas regiões costeiras de todo o Planeta. Vai ficar difícil caminha ou navegar sem encontrar um pedaço de plástico sequer.

loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.