Dia do Príncipe: castelo é lar de ‘família real’ no Casqueiro

Por Renan da Paz em 18/09/2024 às 16:00

Reprodução/Gustavo Batista
Reprodução/Gustavo Batista

O rei dos Países Baixos faz um discurso sobre os novos planos e políticas do governo toda terceira terça-feira de setembro, conhecida como ‘Dia do Príncipe’ – o Prinsjesdag. Embora o Brasil tenha encerrado o sistema monárquico em 1889, Cubatão tem seu próprio príncipe: Gustavo Batista Ribeiro da Silva, de 25 anos.

É no bairro Jardim Casqueiro que vive a autointitulada realeza da Baixada Santista. Isso porque seu pai, Ivanio Batista da Silva, de 61 anos, construiu um castelo inspirado por um sonho com a Santa Teresa D’Ávila, a quem é devoto, no quintal de casa.

Empresário no ramo de soluções ambientais, Ivanio vivia um período difícil para seus negócios, o que mudou em 2009, quando iniciou a construção de seu castelo em Cubatão em um terreno de 1.100 m² após ter necessidade atendida pela santa como uma promessa.

Reprodução/Gustavo Batista

A entrada, cuja construção começou há 15 anos e segue, é acessível pelo quintal, de onde se pode admirar três torres em frente à piscina, e foi projetada com o auxílio de um arquiteto e um engenheiro.

“No meu aniversário de 10 anos foi quando ele derrubou a garagem e começou a obra. Até então, dizia que queria apenas deixar a área mais bonita”, relembra Gustavo. O castelo começou a pegar forma somente anos depois, em torno de 2016.

Enfim, príncipe!

Durante a construção, o príncipe cubatense lidou com reações curiosas de colegas da escola e das surpresas semanais que seu pai trazia para o castelo. “Como foi aos poucos, eu nem me dei conta, até que, de fato, pude enxergar o castelo e as pessoas começaram a me chamar de príncipe”.

Esse título nobre não é à toa, já que a decoração do lar de Gustavo é digna de um palácio real: o interior é decorado com cortinas vermelhas, lustres, poltronas luxuosas e até réplicas de famosas obras de arte, como a Mona Lisa (1503), além de um quadro de Ivanio vestido como rei, com a inscrição “Sua Majestade Ivanio I”.

No quesito ‘faxina’, o castelo não é diferente da casa de quem está lendo: é preciso limpar semanalmente, como a família tem o hábito aos domingos, mas a decoração é responsabilidade de Ivanio. Ele faz questão!

Mas para o cenário se manter semelhante a um conto de fadas, algumas das peças usadas na obra são ou desenvolvidas sob encomenda por fornecedores parceiros, muitas vezes com seus próprios desenhos, ou encontradas durante suas incessantes buscas em sites de vendas on-line.

Reprodução/Gustavo Batista

Organização não falta. No primeiro andar estão as obras de arte e os tronos da realeza, com poltronas para o príncipe, sua esposa e seus dois filhos, além de duas esculturas de leões em fibra ao lado. Já no segundo, uma varanda abriga as três torres ainda em desenvolvimento.

A realeza também inspira a sala de estar da família, que conta com uma elegante mesa de vidro, um relógio de época, um piano e cadeiras vermelhas com detalhes dourados, criando um ambiente de sofisticação e requinte.

A vida real

Não precisa entrar na residência para se impressionar com tanta criatividade. Basta passar pela Avenida Beira Mar e observar que, além da paisagem admirada da rua cubatense, há também o verdadeiro ponto fotográfico que se tornou o castelo.

Apesar de não ser uma atração turística, atrai inúmeros visitantes curiosos. Acostumado com a repercussão por ser ator e influenciador, o filho mais velho não se intimida, diferente da mãe Maria Claudete Ribeiro da Silva, de 60 anos, e o irmão Gabriel Batista Ribeiro da Silva, de 18 anos.

“Não tenho vergonha de me expor, mas foi novidade para eles, que não gostam muito”, relata Gustavo.

A prova disso é o conteúdo publicado por ele nas redes sociais, que acumulam 20 mil seguidores. Um dos vídeos mostrando detalhes da construção ultrapassou 800 mil visualizações, 90 mil curtidas, 46 mil compartilhamentos e 3 mil comentários.

Além de ampliar o número de curiosos sobre o palacete, diversos veículos de comunicação, nacionais e internacionais, começaram a replicar a rotina da família Batista, dividindo opiniões na internet. “Já estava preparado para lidar com futuras críticas, mas eu fiquei com medo pelo meu pai”.

O que não foi problema, já que Ivanio ama ler tudo: tanto elogios quanto ofensas e, felizmente, segundo Gus – como é conhecido nas redes – os elogios são mais numerosos.

Final feliz

Como todo príncipe, Gustavo tem grandes sonhos e aspirações. No caso dele, o final feliz – ou melhor, o início de um novo e empolgante capítulo desta história medieval – é alcançar o sucesso no mundo das artes.

Atualmente, ele reside em São Paulo devido a compromissos profissionais que demandam presença na capital. No entanto, o título viral de ‘príncipe de Cubatão’ continua a acompanhá-lo.

“Me sinto muito lisonjeado de viver em um castelo e ser o ‘príncipe de Cubatão’. Levo tudo no humor”, afirma Gustavo, entre risos. A mudança para SP trouxe o trono principal mais perto de seu irmão Gabriel, mas Gustavo assegura que seu amor pela cidade natal permanece inabalável.

Reprodução/Gustavo Batista

“São Paulo funciona mais para a minha profissão, mas venho visitar meu reino aos finais de semana. Na semana, deixo para o outro príncipe”, brinca, mostrando que, apesar da distância, sua lealdade e carinho por Cubatão permanecem intactos.

Prinsjesdag

Desde 1814, o ano orçamentário do Senate (Senado) e da House of Representatives (Câmara dos Representantes) – composta por 150 membros equivalentes a vereadores no Brasil – é oficialmente aberto nos Países Baixos, durante o Prinsjesdag.

Isso porque é o momento em que o governo holandês apresenta o orçamento nacional ao Parlamento.

Tudo começa logo de manhã, quando os Budget Memorandums (memorandos orçamentários) vão para a pasta do Minister of Finance’s (Ministro da Fazenda).

Neste mesmo momento, o Palácio Noordeinde – local de trabalho do rei Willem-Alexander –, localizado em Haia, na província da Holanda do Sul, é preparado para receber os convidados da cerimônia.

Por volta das 13h, rei e rainha saem do Palácio Noordeinde vestidos com suas melhores roupas e sobem em uma carruagem puxada por cavalos. Segundo registros, enquanto percorrem as ruas de Haia, é possível ouvir burburinho de excitação do público, que se esforça para olhar de perto a realeza.

Além disso, a procession (procissão) ganha vida com porta-estandartes, cavalaria e outras escoltas honorárias – todas exibindo os militares.

Quando o casal monarca chega ao Teatro Real, uma banda toca o hino nacional, Wilhelmus. Mas antes de fazer a grande subida pelos degraus da construção, a realeza saúde a bandeira do Royal Netherlands Marine Corps (o regimento mais antigo do exército holandês).

Do topo, inicia-se o momento mais aguardado: um discurso feito pelo rei expõe planos do governo holandês, cobrindo tópicos como economia, saúde e problemas sociais.

Quando encerra, o porta-voz do Senado declara, “Leve de koning!” (“Vida longa ao Rei!”), e a multidão responde com um estrondoso “HOERA! HOERA! HOERA!”.

Reprodução/Gustavo Batista

O Prinsjesdag termina com a tradicional aparição da família real na varanda do Palácio Noordeinde após a procissão.

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