Criança autista entra em ônibus sozinha e professor vai atrás para devolvê-la à família
Por Laila Aguiar em 16/08/2022 às 11:20
Uma criança autista, de 11 anos, entrou sozinha em um ônibus em Santos com destino a Serra do Mar, em Cubatão. Sem que o pai e os avós percebessem, o menino foi até o ônibus e entrou. Com o desespero dos familiares, o professor de Educação Física e vendedor de brigadeiros, correu atrás do ônibus que o menino estava até que o motorista parasse.
De acordo com a mãe, Rosângela Lopes, corretora de imóveis e compositora, toda a situação começou quando o marido resolveu levar o Arthur para casa da mãe, que mora na mesma rua.
“O Arthur parou na porta da casa da avó, tocou a campainha e ela respondeu que estava pegando a chave para abrir o portão”. Rosângela afirma que o pai e o avô (que estavam na calçada) acreditaram que a criança tinha entrado na casa, mas após a negação da avó, o desespero tomou conta.
A família começou a perguntar para as pessoas na rua e davam as características do Arthur. Eles chegaram até o ponto de ônibus mais próximo e perguntaram se alguém teria visto o menino. Vendo a aflição da família, Carlos Henrique Salles, professor de Educação Física e vendedor de brigadeiros, afirmou que viu a criança entrando em um ônibus da linha 936 que havia acabado de sair do ponto.
“Tive a certeza de que ele iria se perder depois de ter visto o rosto consternado da sua avó que passou por mim”.
Sem pensar, Carlos Henrique largou tudo, os doces, a mochila e o celular e saiu correndo atrás do transporte coletivo que já estava a três pontos de distância. “Eu tinha que alcançar o ônibus, custasse o que custasse” afirma.
O pai do Arthur chegou a tentar correr junto, mas teve dificuldades por sofrer com problemas nos joelhos.
De tanto os dois gritarem, o motorista do ônibus resolveu parar para saber o que estava acontecendo. A situação foi explicada e o motorista afirmou que acreditava que o menino estava acompanhado de algum passageiro que entrou com ele no mesmo ponto.
“O Arthur estava sentadinho no fundo do ônibus, como se nada estivesse acontecendo. O pai o pegou e perguntou: filho porque você entrou no ônibus? E ele na inocência respondeu: passear”.
Com o fim da angustia, todos se emocionaram. “Minha família ficou imensamente grata pela generosa atitude do Carlos Henrique. Ele foi um anjo, jamais esqueceremos seu gesto de amor com nosso filho”, conta Rosângela.
Para Carlos Henrique, a ação “foi um misto de alívio e satisfação por entender o tamanho do bem que fiz para aquela família”.
Nas redes sociais
A mãe, que ficou sabendo do ocorrido depois de ter acontecido, fez uma postagem nas redes sociais em forma de agradecimento ao gesto do Carlos Henrique.
“Ele merece todo esse reconhecimento, é pai de família, trabalha e ainda para ajudar na renda vende os brigadeiros gourmet que sua esposa faz”.
Com a postagem também aconteceram algumas críticas, como, por exemplo, a não identificação de Arthur como autista. “Ele não gosta de usar certos acessórios, ele é muito metódico”. De acordo com a mãe, ele não se sente à vontade em mudar alguns costumes. “Para quem está de fora é fácil, mas para quem está dentro não é”.
Leia Também
