Ambulatório de Recuperação Pós-Covid mostra força da Unisanta na pandemia
Por Noelle Neves em 15/10/2021 às 12:40
Funcionando desde maio, o Ambulatório de Recuperação Pós-Covid da Universidade Santa Cecília (Unisanta) foi responsável por devolver a qualidade de vida a 30 pessoas que sofriam com as sequelas da doença. O espaço tem o envolvimento de 40 profissionais, que trabalham nas áreas de fisioterapia, nutrição, educação física e psicologia.
Segundo a diretora de Saúde da Unisanta, Caroline Teixeira, o envolvimento da universidade em questões ligadas ao combate ao coronavírus se deu desde o começo da pandemia. A primeira iniciativa foi, em parceria com o Rotary Club de Santos-Porto, a confecção de face shield no INOVFABLAB.
“Foram doadas mais de três mil unidades para hospitais da Baixada Santista. Fizemos doações também para São Sebastião e Ilhabela. Tivemos a participação de professores da casa e alunos. Posteriormente, começamos a elaborar uma nova maneira de contribuir com esse momento tão delicado para a saúde no país”, contou em entrevista ao Santa Portal.
O projeto do ambulatório é inovador na região e evidencia a atenção que a instituição tem com a população. Teixeira esclareceu que médicos de linha de frente compartilharam a preocupação com tratamento dos pacientes após a alta hospitalar, já que não tinham para onde encaminhar.
“As pessoas saiam com muitas limitações, tanto físicas quanto psicológicas. Começamos a pensar, em primeiro momento, em algo ligado a fisioterapia. Com o tempo percebemos que para oferecer o melhor atendimento, precisaríamos envolver outras áreas também”.
As primeiras semanas de funcionamento ocorreram só com a participação da equipe de fisioterapia. No entanto, para que o paciente recebesse o tratamento completo, ocorreu a integração de outras graduações.
“Começamos na fisioterapia e depois o paciente segue o treinamento com os preparadores físicos. Com a nutrição, nos certificamos que receberá a alimentação adequada. Com a psicologia, que se recupere dos transtornos causados pela doença. No segundo semestre, iremos incorporar profissionais e alunos de farmácia também, para auxiliar aqueles que não tomam medicamentos regularmente”.
Os protocolos são baseados em diversas diretrizes. Segundo Teixeira, o paciente com covid-19 é muito específico e muitas alternativas ainda estão sendo estudadas. Portanto, a equipe envolvida no ambulatório está sempre se atualizando para aprimorar a recuperação.
“Nesses quatro meses de serviços prestados, estamos percebendo algumas coisas. Uma delas é que os pacientes, na grande parte das vezes, têm o percurso da doença parecido. Atendemos pessoas diferentes, mas por incrível que pareça, recebemos mais pessoas com idades entre 20 e 50 anos. Temos idosos, mas o número é baixo. Todos têm comorbidade, especialmente pressão arterial elevada e diabetes”, declarou.
Para ela, o ambulatório muda vidas. “Os pacientes em recuperação da covid-19 estão traumatizados, por via de regra. Nessa doença, eles lidam muito de frente com a questão de vida ou morte. Percebo que vêm com uma força de vontade muito grande de se recuperaram. Podemos ver a melhora logo nas primeiras semanas, principalmente por conta da disciplina. Fazemos questão de conscientizar quanto a importância dos exercícios em casa também”.
Mudança de vida após recuperação
Em torno de 30 pessoas foram impactadas positivamente pelo ambulatório da Unisanta. Entre o grupo, estão a pedagoga Silvia Leutz e o marido. Os dois souberam da opção de recuperação após a doença pela Internet e decidiram se inscrever na época.
Silvia sofria com sequelas articulares, enquanto o marido precisava de tratamento especializado por conta de comprometimento pulmonar. Em três meses na clínica, com ajuda da equipe de Fisioterapia, o casal teve a vida mudada.
“Só posso dizer que o tratamento foi maravilhoso, tive muitos benefícios após os exercícios da Fisioterapia e a nossa recuperação foi 100%. Meu marido já teve alta e está na Educação Física, eu vou iniciar agora. Tenho um sentimento de gratidão pela Unisanta, aos alunos de Fisioterapia, que são supercuidadosos, carinhosos e atenciosos”, destacou a pedagoga.
Outro paciente que usufruiu do atendimento foi o trabalhador portuário Michel Anderson dos Anjos. Ele foi internado duas vezes devido à Covid-19 e teve como sequela a fadiga, o que afetava negativamente o desempenho no trabalho.
“Após um mês e meio na Fisioterapia, tive muita melhora e, então, fui encaminhado para Educação Física, que estou há 2 meses e meio. Cada dia estou melhor, até mesmo estou desenvolvendo fazendo exercícios no final de semana, como patinação e caminhada”, compartilhou.
Ambulatório de Recuperação Pós-Covid
O Ambulatório de Recuperação Pós-Covid é um serviço pioneiro em instituições particulares na Baixada Santista. A partir de uma triagem realizada pela equipe de fisioterapia da instituição, realiza tratamento gratuito fisioterápico respiratório ou motor, além de oferecer atendimento nas áreas de nutrição e psicologia.
Qualquer pessoa em recuperação do coronavírus pode se inscrever na Clínica de Fisioterapia, através do telefone (13) 3202-7156. Será agendada uma pré-avaliação para coleta de dados e histórico.
Após o primeiro contato, é pedida uma liberação de cardiologista. Com todos os documentos e informações em ordem, o paciente será submetido a três dias de avaliação tanto na parte muscular, quanto na parte respiratória. Então é definido o tempo de tratamento, que dura em torno de três meses.
Os atendimentos são realizados duas vezes na semana, entre segunda e quinta-feira. Na clínica, os 40 profissionais envolvidos dão todo o respaldo para melhor recuperação. Ademais, orientam quanto a práticas e exercícios a serem feitos em casa, bons modos atividade física, alimentação saudável e quanto a medicação.
Atendimento psicológico realizado no ambulatório
Os pacientes são encaminhados pela equipe de Fisioterapia, que faz uma pré-triagem. Em seguida, a coordenadora do curso de Psicologia da Unisanta, Gisela Vasconcellos Monteiro, faz a anamnese e encaminha para dois professores que atendem em Psicoterapia Breve, num conjunto de 8 sessões.
“O terapeuta se coloca como ego auxiliar do paciente, com o objetivo de fortalecer as funções de ego como pensamento, juízo crítico, percepção, conhecimento, discriminação, memória, análise, síntese, comunicação, abstração e atividade motora. Além disso, busca ampliar a compreensão das dificuldades e sofrimentos e ajudar a estabelecer estratégias para seu enfrentamento”, definiu.
Gisela explicou que outros alvos da psicoterapia são encorajar a expressão emocional de sentimentos, desejos e fantasias e estimular a utilização da rede de apoio.
Cuidados com a nutrição do paciente
Assim que o paciente é triado pela Fisioterapia, passa por consulta com a Nutrição, onde é avaliado o seu histórico clínico. A equipe realiza a avaliação antropométrica e análise de histórico alimentar. O paciente retorna uma semana depois para pegar a dieta proposta de forma individualizada e é acompanhado quinzenalmente.
De acordo com a nutricionista e coordenadora do curso de graduação em Nutrição da Unisanta, Angela de Oliveira Godoy Ilha, os atendimentos são individualizados. “Acompanhamos desde o início do protocolo dele até receber altar da Fisioterapia e Educação Física. A busca está intensa, mas estamos conseguindo atender a demanda dos pacientes já triados, pois realizamos até 12 atendimentos semanais”, contou.
Participação dos alunos é fundamental na recuperação
Uma característica da Unisanta é sempre envolver os alunos nos projetos realizados. A universidade tem um papel importante social, não apenas na área da saúde, por isso é vista como uma instituição filantrópica.
Na visão da Diretora de Saúde, é fundamental que alunos vivam na prática o dia a dia da profissão, enquanto realizam boas ações. “Procuramos envolver os estudantes desde o primeiro ano da graduação. Um dos exemplos famosos é o trailer odontológico, um projeto realizado junto com o Rotary Club Santos-Porto. Mas estamos sempre atentos às demandas e criando novos projetos para atender mais e mais pessoas”, enfatizou.