Proprietários de chalés em Santos são contra proposta do Estado de tombar os imóveis
Por #Santaportal em 29/04/2016 às 10:34
SANTOS – Os proprietários de chalés na cidade de Santos estão preocupados com o possível tombamento dos imóveis. Alguns deles receberam notificações do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado (Condephat) informando sobre a ação.
Ontem (28) uma audiência pública, promovida pelo vereador Sadao Nakai, informou os donos dessas casas sobre o andamento do processo para tombar os imóveis.
O chalé onde Marco Antônio Charleaux mora no bairro Aparecida é de 1927, e pertence a sua família desde 1945. No ano passado ele recebeu uma notificação do Condephat avisando que o imóvel participava de um estudo para ser tombado.
“É uma coisa que eu não aceito, é uma coisa imposta pelo Estado que só vai me trazer prejuízo. O Estado quer fazer um tombamento para preservar as características do imóvel da década de 30, tudo bem, mas ele tinha que abraçar essa causa e investir. Me oferecer para ver se eu queria vender o chalé, se caso negativo eu fico com meu imóvel. Eu não obrigado, eu pago meus impostos, é meu, não é do Estado”, disse inconformado com o projeto.
O aposentado já pensava em modernizar o imóvel, já que as janelas são de madeira e estão com cupim. Mas por causa do processo que ainda está em andamento, ele não pode substituir por estruturas de alumínio.
O processo teve início há 15 anos, mas só em janeiro do ano passado foi aberto oficialmente pelo Condephat. São 56 chalés na lista de tombamento. Os chalés de madeira foram construídos no fim do século 19. São herança da cultura portuguesa e ainda resistem em alguns bairros de Santos.
Eles são alvo de um estudo de tombamento que está causando polêmica na cidade. “Não foram ouvidos órgãos de defesa de patrimônio local, os moradores não foram informados e isso causou uma série de problemas. A gente está olhando os interesses dos munícipes da cidade em relação a essa proposta de tombamento por um órgão estadual”, explicou o vereador Sadao Nakai.
Os proprietários dos imóveis levaram faixas de protesto. O chalé da professora Sônia Marques é herança da avó. Há quase dois anos, ninguém mora no local porque a casa está completamente deteriorada. “As madeiras afundam com as mãos, fios externos preocupam, telhado está caindo e chove dentro, está sem janelas e portas. Não tem como salvar com uma reforma, a prefeitura pediu para derrubar porque estava sendo ameaça para a vizinhança. Ele pode cair, pegar fogo e pode entrar mendigos. A gente não pode fazer nada porque está em fase de tombamento”, explica.
Representantes do Condepath e do Ministério Público participaram da audiência e esclareceram as dúvidas dos moradores. Agora as propostas serão levadas aos demais conselheiros do Condephat que vão decidir a continuidade do processo de tombamento.