Estudo aponta que Baixada deve ter pico em junho e Paulo Alexandre descarta flexibilização em Santos
Por #Santaportal em 04/05/2020 às 16:10
CORONAVÍRUS – Foram divulgados nesta segunda-feira (4) os primeiros resultados da pesquisa científica para identificar, por amostragem, o percentual de pessoas que moram na Baixada Santista e que já tiveram contato com o novo coronavírus. Na região foram feitos 2.341 testes, com 33 pessoas testando positivo para Covid-19. As autoridades apontam que o pico da contaminação deve acontecer no começo de junho. Com isso, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, declarou que a flexibilização não irá acontecer em Santos.
“Todos queremos essa abertura, por isso estamos procurando base científica e técnica. Com esse estudo, que reflete a situação de 10 dias atrás, nós não temos condição de tomar nenhuma medida de flexibilização. A nossa população está demasiadamente suscetível a contaminação, com 80% das UTIs da região preenchidas. Por isso, nesse momento seria irresponsabilidade qualquer tipo de abertura ou flexibilização. Em Santos, não vamos abrir mão de nenhuma vida. Vamos trabalhar para preservar a vida das pessoas. E o caminho para conseguir isso, a nossa orientação, é dizer para que as pessoas fiquem em casa”, disse.
Com base nos testes realizados, o levantamento aponta que 1,41% da população adquiriu anticorpos contra a doença.
O resultado desse estudo aponta que a Baixada Santista tem uma pessoa infectada a cada 69 habitantes dos nove municípios da região.
Além disso, o levantamento projeta, então, que 23.257 moradores da região já possuem anticorpos contra o novo coronavírus.
Desta forma, para cada caso notificado, existem 13 pacientes com Covid-19 que não foram notificados para as secretarias de saúde da Baixada Santista.
O infectologista Marcos Caseiro comentou que esperava um resultado no qual apontasse que mais pessoas tivessem sido expostas ao vírus. “Os dados estão subindo, estamos em uma fase de aceleração da epidemia. Porém, os nossos dados mostram que não há um enorme contingente da população que teve contato com o vírus. Eu pensava que teríamos um pouco mais, sinceramente. Trabalhávamos com uma margem de 3% da população (que teria tido contato com o vírus), nesse sentido me surpreendeu. É menos do que a gente imaginava, mas dentro do esperado”, afirmou.
Com isso, a pesquisa aponta que a região tem um índice de casos pouco inferior ao estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e da Coreia do Sul, levando em consideração os dados confirmados até 14 de abril. Na Califórnia, a margem é de 1,5% de pessoas contaminadas e na Coreia de 2,1%, em estudos feitos com voluntários.
Sobre o índice de letalidade, considerando apenas os casos notificados, o indicador está em 8,2%. Já quando baseamos o número de pessoas mortas por coronavírus levando em conta também os casos que não foram notificados, o índice de letalidade cai para 0,4%.
Confira o quadro abaixo que aponta o número de amostras propostos para coleta e o número de amostras colhidas e porcentagem:

Divulgação
Estudo
Nas nove cidades, o estudo abrange quatro etapas, com 10 mil pessoas pesquisadas, sendo 2,5 mil por etapa. As próximas três etapas seguem o mesmo protocolo, com intervalo de 15 dias entre si. Assim, em dois meses, a pesquisa estará finalizada. A compra dos testes rápidos foi financiada pelo Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb).
Denominada Epidemiologia da Covid-19 na Região Metropolitana da Baixada Santista (Epicobs), a pesquisa é realizada pela Fundação Parque Tecnológico de Santos (FPTS), reunindo mais de 40 pesquisadores de todas as universidades da Região, com apoio da Associação Comercial de Santos (ACS). A Universidade Santa Cecília (Unisanta) é uma das entidades que contribuiu para a realização do levantamento.
O estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, do Conselho Nacional de Saúde.

Marcelo Martins/Divulgação Prefeitura de Santos