Casal muda de Osasco para PG e faz sucesso vendendo brigadeiros na praia

Por Noelle Neves em 23/09/2021 às 06:32

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

O casal de Osasco, Gabriele da Rocha de Souza, de 31 anos, e Hugo Cheliga Abade, de 36 anos, teve a vida virada de cabeça para baixo com a pandemia da covid-19. Ele, taxista, se viu sem clientes e precisou vender o veículo de trabalho por não conseguir pagar as prestações. Ela, auxiliar administrativa, foi despedida em um corte de equipe. O que tinha tudo para desanimar, os impulsionou em direção aos sonhos: morar no Litoral de São Paulo e ter o próprio negócio.

“No começo da pandemia, entendi que não tinha mais como arcar com uma dívida de R$ 2 mil todo o mês para pagar o carro. Tive que sair do ramo que trabalhei por mais de dez anos. Fora do mercado e sem formação, fiquei preocupado em como iria sustentar nossa casa. Na época, minha esposa trabalhava em uma loja que vendia óculos. Com a diminuição da produção por conta do isolamento, houve corte no pessoal e ela foi mandada embora”, explicou Hugo.

Com o dinheiro do seguro-desemprego, os dois decidiram arriscar e mudaram para Praia Grande, em busca de maior qualidade de vida. “Queria muito morar no interior ou no litoral. Aproveitamos o momento para isso. Com a flexibilização, a ideia era vender geladinho na praia. Eu produzia e o Hugo vendia. Foi bom no começo, porque estávamos no verão. Mas chegou a segunda onda do coronavírus, tudo fechou novamente”, lembrou Gabriela.

A sorte era que Gabriela ainda estava recebendo o benefício, o que garantiu estabilidade por alguns meses. Quando as praias voltaram a abrir, uma nova apreensão: o frio. Nesse momento, perceberam o quanto era difícil viver trabalhando apenas da praia e dependendo do clima.

“Teve um mês que só conseguimos trabalhar dez dias. A renda não era o suficiente para nos sustentar. Minha esposa tem um filho que mora conosco, tínhamos que pensar em uma alternativa”, disse Hugo.

A virada na vida do casal

Juntos há quatro anos, nunca passou pela cabeça desistir do relacionamento pela dificuldade. Na verdade, a instabilidade fez com que enxergassem um no outro, um porto seguro. Em conversas longas, traçaram estratégias para um recomeço mais consistente e com menos chances de erros.

Em primeiro momento, Gabriela pensou em procurar um emprego, já que é boa lidando com pessoas. Mas estaria indo contra o sonho de trabalhar para si mesma. O marido, então, levantou a possibilidade de venderem brigadeiros.

“A diferença entre vender geladinhos e brigadeiros são enormes. O peso é uma delas. Eu transportava um carrinho com 15 quilos na areia da praia ao levar 100 geladinhos. Era muito desgastante. Tanto é que perdi dez quilos em três meses de trabalho. No caso do brigadeiro, 100 unidades não chegam a quatro quilos. E nos permite vender tanto na praia, quanto no comércio da região. Até na chuva, saio para vender”, relatou Hugo.

Com o dinheiro da última parcela do seguro-desemprego, investiram em uma pequena estrutura para a produção dos doces, composta por bancada, prateleiras, utensílios, expositor de acrílico e forminhas. Sem experiência, aprenderam receitas e melhores formas de comercializar com ajuda de vídeos no Youtube.

A luta agora é para otimizar processos e conseguir assim fornecer para restaurantes e cafeterias. “Se não desse certo, não saberíamos o que fazer. Graças a Deus, as coisas caminharam. Estamos aperfeiçoando e buscando crescer com calma e responsabilidade. Não queremos dar um passo maior que a perna e deixar de lado a qualidade dos produtos. Hoje, vendemos em torno de 140 unidades diárias, mas queremos aumentar, principalmente com o apoio de pontos de revenda”, contou Gabriela.

Foto: Arquivo pessoal

Maluhê Doces nasceu em PG

E com uma história repleta de altos e baixos, a Maluhê Doces nasceu. O nome é uma homenagem aos filhos dos dois, Matheus, Luccas e Hevellin.

Com a situação estabilizando, novas metas estão sendo traçadas: expandir o pequeno negócio, aumentar o cardápio, abrir uma confeitaria e, com a evolução profissional, pretendem comprar a casa própria.

“Já temos muitos pedidos de cento. Algumas pessoas até falam que têm dó de comer, pois são muito lindos.  Sou bem exigente com a qualidade, tanto na aparência quanto no sabor. Toda o material usado é de primeira linha, porque prezamos pela satisfação dos clientes”, comentou Gabriela.

Uma ajudinha inesperada na venda de brigadeiros

A Maluhê Doces viralizou após uma publicação no Praia Grande Mil Grau, que divulgou os brigadeiros no perfil do Instagram. A atitude de um dos moderadores, Itaicy Júlio, embora pequena para alguns, ajudou a alavancar as vendas.

“Sempre que vou vender, faço uma abordagem 100% ativa. Apresentei os produtos sem nem o conhecer. No fim, ele pediu para tirar uma foto minha e publicou. Ganhamos muitos seguidores, recebemos pedidos de cento e de caixinhas da felicidade. Não tenho palavras para agradecer a bondade que conosco. Minha esposa sonhava muito com o dia que fossemos reconhecidos pela página e aconteceu no tempo de Deus”, relatou.

O cardápio pode ser consultado via Instagram e os pedidos feitos através do Whatsapp (13) 98599-6716.

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