23/12/2025

Selton Mello se sai bem em 'Anaconda', filme que beira o constrangedor

Por Folhapress em 23/12/2025 às 15:16

Divulgação
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“Anaconda”, o sexto exemplar de uma franquia na qual um pouco de qualidade só estava presente mesmo no filme original, de 1997, terá a partir desta quinta (25) uma recepção completamente diferente nos cinemas brasileiros em relação ao resto do mundo. O responsável por isso é Selton Mello, que inicia uma carreira em Hollywood depois do sucesso mundial de “Ainda Estou Aqui”.

As primeiras notícias sobre ele ter assinado contrato para fazer o filme assustaram um pouco seus fãs. Afinal, Anaconda, a cobra gigante que habita a Amazônia, foi protagonista de filmes sucessivamente piores. A franquia estava relegada a produções medíocres. Mas aí Jack Black surgiu como principal nome do elenco, e a coisa mudou de figura. Depois veio a inclusão de Paul Rudd, e o filme ficou realmente com cara de uma produção mais caprichada.

Com Jack Black à frente, tudo ganhou inevitáveis contornos de comédia. Mas, para decepção de muita gente, o ator aparece numa tentativa de humor completamente descontrolada, com muitas caretas e reações exageradas, querendo fazer o público rir na marra. Seu personagem, Doug, um frustrado diretor de cinema que ganha a vida fazendo registros de casamentos, busca redenção artística apostando numa nova versão do “Anaconda” original. E Doug não é um tipo realmente engraçado.

Mesmo caso de Paul Rudd, que nunca mostrou grande coisa na tela e tem como destaque na carreira o Homem-Formiga da Marvel. Aqui, ele interpreta Griffin, um ator de currículo pífio que convence seu amigo de infância, Doug, a dirigir um novo filme da cobra gigante. E Rudd só tem para exibir uma atuação fraca de galã inseguro. Mas é muito mais do que o personagem de Steve Zahn, completamente apagado no papel de um cinegrafista que destruiu sua carreira ao se entupir de drogas nos sets de filmagem.

Mas, eis que, na hora de ir para o meio da Amazônia, a trupe é reforçada por Santiago, um brasileiro treinador de cobras que traz para o elenco do filme dentro do filme um grande pet assustador, mas ainda pequeno diante do monstro gigante que todos na plateia estão esperando. Um filósofo das jornadas fluviais da floresta e apaixonado por cobras, o Santiago defendido por Selton Mello é, sem dúvida, o melhor personagem do filme.

Caíram no colo do brasileiro as falas mais engraçadas de um roteiro errático, que confunde cenas engraçadas com cenas sem a menor noção do que é realmente uma proposta cômica. A sequência em que Doug se transforma numa espécie de isca para cobras, contracenando com um javali e um rato, sem mais spoilers, é constrangedora de tão ruim.

No meio de tudo isso, Santiago tenta fugir da cobra gigante, que demora, mas aparece, enquanto seu intérprete tenta escapar da atuação histérica de seus colegas. Selton Mello consegue um registro mais contido de atuação, parece ser o único do elenco que percebeu que a ideia de mostrar pessoas fugindo de uma cobra do tamanho de um trem já é uma situação exagerada o suficiente. Ele encontrou a atuação correta para ser divertido, e certamente deverá voltar em uma possível sequência.

Para não dizer que o único bom ator em cena é o brasileiro, é preciso reconhecer que a portuguesa Daniela Melchior também vai bem, mantendo o mistério sobre sua personagem, a brasileira Ana, uma mulher caçada por homens armados.

Ela inventa mentiras para conseguir ingressar no grupo de Doug e viajar para longe de seus perseguidores. A atriz consegue algum brilho num filme que não oferece muito espaço para as mulheres. Thandiwe Newton, que já foi par de Tom Cruise na franquia “Missão Impossível”, não tem muito a fazer no papel da atriz do remake.

Numa época em que o cinema americano faz comédias cada vez piores, que parecem mais um amontoado de memes desinteressantes disponíveis no TikTok, “Anaconda” prometia muito mais. Numa época de Natal sem muita concorrência além do novo “Avatar”, deve virar uma opção familiar para as sessões de cinema com os garotos e conseguir uma boa bilheteria. Mas, num julgamento mais exigente, é apenas uma comédia que não tem muita graça.

Mesmo assim, Selton Mello se dá bem em sua primeira incursão num filme americano, ainda por cima trabalhando para um estúdio grande, a Sony Pictures. Parece no rumo certo para se tornar mais um orgulho brasileiro na terra do cinema.

Anaconda

  • Avaliação: Regular
  • Quando: Estreia na qui. (25) nos cinemas
  • Classificação: 12 anos
  • Elenco: Jack Black, Paul Rudd, Selton Mello
  • Produção: EUA, 2025
  • Direção: Tom Gormican
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