Santos recebe "Máquinas do Mundo" na programação do Festa 66, festival santista de teatro

Por Santa Portal em 23/08/2024 às 06:00

Renato Mangolin/Divulgação
Renato Mangolin/Divulgação

“Máquinas do Mundo” é uma obra híbrida composta por multilinguagens, que reúne narrativa, artes visuais, ação cênica ao vivo e instalação em movimento, passando por quatro cidades (Ribeirão Preto, Santos, Campinas e Franco da Rocha), do dia 2 de agosto a 9 de setembro. Idealizada pela artista visual Laura Vinci e desenvolvida coletivamente por profissionais de diferentes práticas artísticas, a instalação “Máquinas do Mundo” e as performances têm classificação indicativa livre para todas as idades. Os bate-papos e as oficinas culturais são indicados para maiores de 16 anos.

Criada em diálogo intrínseco ao lugar onde se encontra, a obra em site specific (criada de acordo com um ambiente e um espaço determinado) abrange instalação de artes visuais para visitação pública, performances, bate-papos e oficinas, sempre com acessibilidade a todos os públicos.

Em cada cidade ficará em cartaz de sexta a domingo, sendo 3 dias de instalação aberta à visitação até o fim da tarde, 3 apresentações da performance no período da noite, 1 bate-papo entre a equipe de criação e o público aos sábados e aos domingos 1 oficina cultural direcionada às pessoas interessadas, além das atividades de acessibilidade como a visita tátil para pessoas cegas, Libras e audiodescrição.

Criar máquinas de ver novos mundos foi o mote da criação de “Máquinas do Mundo”, obra-performance-instalação inspirada no poema de Carlos Drummond de Andrade “A Máquina do Mundo”, publicado originalmente em Claro Enigma (1951) e considerado uma das obras-primas do escritor mineiro e posteriormente no livro lançado em 2018 pela Companhia das Letras, Maquinação do Mundo: Drummond e a Mineração (304 páginas), de José Miguel Wisnik, consultor do projeto.

Somados a Drummond, Clarice Lispector e Machado de Assis, autores de grande importância para a literatura nacional, e as potencialidades estéticas contidas nos textos literários “O delírio” de Brás Cubas (Capítulo VII de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis), e um capítulo de “A Paixão segundo G.H.”, de Clarice Lispector foram igualmente investigados pelos artistas. “Os três textos, do ponto de vista teatral, são máquinas de ações envolvendo corpos, elementos concretos e etéreos, vestuário, luz, sons e palavras que apresentam um estado de coisas que nos remete a um estado de atualidade”, comenta Laura Vinci, artista visual idealizadora da obra.

Como numa engrenagem de muitas peças, são obras literárias que se comunicam entre si a partir de situações de encontro entre o Homem, a Máquina e a Natureza. Através da maquinação de Drummond que vê na máquina o próprio mundo e os seus dispositivos de dominação e exploração, vislumbra-se o diálogo amplificado das personagens de Machado e Clarice: Brás Cubas em seu delírio pós-morte com Pandora, entidade da Natureza e em Clarice, com a mulher.

Os elementos contidos na obra-instalação permitem interações variadas com o espaço físico onde é montada e onde ocorre a ação performativa. A forma como eles se combinam no desenvolvimento de cada apresentação fazem de “Máquinas do Mundo” uma experiência única. A obra pode ser vista tanto como uma instalação quanto como uma cena, independentemente da presença dos atores.

 “Cada apresentação é adaptada ao espaço em que ocorre, permitindo uma experiência singular e impactante, que nasce da interação entre a obra, o público e o espaço”, diz Laura.

A interação entre a obra e o ambiente cria um diálogo enriquecedor, despertando reflexões sobre a relação entre arte, espaço e sociedade. A influência do local modifica e agrega significados distintos à criação, permitindo interseções e interpretações do público, promovendo uma conexão emocional e simbólica entre a arte, o ambiente e a própria história local.

Sinopse:

“Máquinas do Mundo” é uma obra de multilinguagens idealizada por Laura Vinci e desenvolvida coletivamente por artistas de diferentes vocações. Situado entre as artes plásticas, a literatura e o teatro, se localiza na zona de contágio entre essas diferentes práticas artísticas, através de um experimento performativo site specific que reúne narrativa, artes visuais, ação cênica ao vivo e instalação em movimento.

“Máquinas do Mundo” já passou por lugares como Sesc Pinheiros, Teatro Oficina e Flip 2019 em Paraty.

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