19/01/2025

Líder do BTS busca seu estilo próprio sem o grupo em documentário

Por Nathalia Durval/Folhapress em 19/01/2025 às 12:56

Reprodução/Hybe
Reprodução/Hybe

“Como é ser um astro de k-pop com 30 anos?” Kim Nam-joon, líder do grupo BTS, dispara essa pergunta no início de “RM: Right People, Wrong Place”, documentário dedicado a ele em cartaz nos cinemas brasileiros.

O que se segue é uma busca do rapper para tentar entender o que isso significa, enquanto acompanhamos o processo de criação de seu segundo álbum solo, em 2023, antes de seu alistamento militar.

Esse é justamente o acerto da produção de pouco mais de uma hora, e que a diferencia de vários documentários lançados sobre grupos e artistas de k-pop, incluindo de outros integrantes do BTS.

Em vez de se centrar em shows, depoimentos mecânicos e longas declarações de gratidão aos fãs, como é típico nessas produções, a câmera é direcionada a um artista que tenta encontrar seu rumo sozinho e uma linguagem própria, se distanciando do k-pop.

Nam-joon, que usa o nome artístico de RM, começou na música aos 15 anos. Aos 18, virou líder daquela que se tornaria a maior boy band do mundo hoje. Pela primeira vez, ele precisa fazer o trabalho todo sozinho, do conceito do álbum aos clipes. Antes, só precisava se preocupar em cantar suas partes nas músicas do septeto, todo o resto era feito pela gravadora.

Desde o início da carreira, RM teve aval de sua empresa para compor letras do BTS, algo raro na indústria que não deixa os artistas criarem o próprio trabalho. Ele tem liberdade ainda maior no projeto solo, mesmo estando sob a mesma gravadora, graças à fama global que alcançaram. Uma equipe exclusiva o auxilia e até dá depoimentos no documentário, algo também incomum.

O rapper fala sobre como o k-pop usa letras positivas e músicas reconfortantes, e que é preciso ter alguém que fale dos aspectos negativos da vida ou mostrem seu lado mais pessoal. Para produzir “Right Place, Wrong People”, o álbum, RM foca em acontecimentos pessoais e valores conflitantes dentro dele.

O documentário segue o tom mais íntimo e vemos mais quem é Kim Nam-joon, e menos o RM. Ele aparece sem maquiagem, em roupas casuais, fala palavrão. Discute sobre os altos e baixos, inseguranças, a preocupação com o trabalho e o alistamento à vista.

RM fala de Sísifo, de arte, e trabalha com artistas fora do mainstream, como um fotógrafo que fez pôsteres de filmes de Wong Kar-Wai. Seu estilo mais alternativo reflete na linguagem do documentário, que mescla animações e trechos gravados com câmera analógica.

Não chega a ser maçante acompanhar essa jornada, mas ainda assim, o documentário é um produto nichado, que deve atrair às salas de cinema apenas quem é fã do rapper ou do BTS.

  • RM: Right People, Wrong Place
  • Classificação: 10 anos
  • Produção: Coreia do Sul, 2024
  • Direção: Lee Seok-jun
  • Onde ver: Em cartaz nos cinemas
  • Avaliação: Bom
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