Banda Amyl and the Sniffers, a nova sensação do rock, faz quatro shows pelo Brasil
Por Ivan Finotti/ Folha Press em 05/03/2025 às 16:55

Com seus petardos de menos de três minutos -alguns com pouco mais de 60 segundos-, a banda de “pub rock” Amyl and the Sniffers inicia nesta quarta uma turnê pelo Brasil, com passagens por Belo Horizonte (5), São Paulo (6 e 8) e Curitiba (9).
Comparados a Iggy Pop and the Stooges e The Damned, a vocalista Amy Taylor diz alto lá. Com sua cabeleira descolorida que lembra uma replicante de “Blade Runner”, ela fala que não se vê à frente de uma banda punk, mas sim de “pub rock”.
“Em termos de gênero, acho que podemos mergulhar muito mais no rock and roll do que no punk. Provavelmente, originalmente, era mais punk de pub. Não é como se estivéssemos tentando ser como os Sex Pistols ou algo assim. É muito, tipo, uma versão australiana do punk. Mais para o pub, sabe?”, conta Amy, em entrevista à Folha.
Na verdade, ela tem outras referências para listar, como AC/DC, Motörhead e, pasmem, a cantora country americana Dolly Parton. “Ela é única. Tipo, eu acho que sua perspectiva e sua maneira de navegar, não apenas na indústria musical, mas na vida em geral são realmente inspiradoras. Tem um ótimo estilo. Ótima compositora, ótima letrista, ótima empresária. Sim, ela é a melhor.”
Quanto aos Ramones, notáveis por suas canções poderosas de menos três minutos, Amy rechaça a comparação. “Na verdade, não. Quero dizer, eu já os ouvi antes, mas eles não são uma grande influência. Eu só poderia citar algumas músicas. Gosto do jeito que eles se vestem e tal, mas não sei muito sobre eles.”
Anunciada como uma das convidadas do Offspring em seu tour brasileiro, Amyl and the Sniffers arrumou espaço para uma apresentação solo, nesta quinta, no Cine Joia, em São Paulo, com ingressos já esgotados.
Já no fim de semana, eles se juntam a Sublime, Rise Against, The Damned e The Warning, no Allianz Parque, também em São Paulo, e na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, abrindo ao gigante do punk popular The Offspring.
Com três álbuns nas costas, começando em 2019, “Cartoon Darkness” é o mais recente, lançado em outubro de 2024. Desse, já lançaram quatro singles, que deverão estar no repertório das apresentações brasileiras -“U Should Not Be Doing That”, “Chewing Gum”, “Big Dreams” e “Jerkin”.
Essa última, cujo título significa “masturbando”, tem um refrão bem sujo -“jerkin’ on your squirter, cunt”, cuja tradução é melhor você perguntar a um adulto.
Você tem uma boca suja e gosta disso, não, Amy? “Isso é bem verdade. Sim. Eu gosto dessa. Eu gosto de dizer coisas idiotas e malucas. Mas não me meto em muitos problemas”, ela afirma. “Ela é o problema”, esclarece o baterista Bryce Wilson, que também participou da conversa, direto de Melbourne.
A banda foi formada em Melbourne, na costa sul australiana, em 2017 por quatro amigos que dividiam o mesmo apartamento. Felizes com o sucesso, eles imaginam onde estariam caso a banda não tivesse acontecido.
“Eu provavelmente estaria trabalhando em um supermercado”, diz Amy. “Acho que provavelmente eu estaria fazendo o mesmo. Eu e Declan [o guitarrista Declan Mehrtens] costumávamos trabalhar no mesmo prédio. Ele trabalhava em uma loja diferente no primeiro andar, e eu estava abaixo dele, no supermercado”, lembra Wilson.
O nome de Amy inspirou o trocadilho que deu nome da banda. Amyl and the Sniffers significa amila e os inaladores. Isso vem de amyl nitrite, ou nitrito de amila, a composição química dos poppers, uma “droga do amor” que causa excitação, euforia. “Os poppers são muito usados na cena gay de Melbourne, tipo boates de sexo e coisas assim”, conta o baterista.
“Você inala nitrito de amila e então fica com dor de cabeça (risos). Ah, é divertido quando você fica tonto e com uma sensação de euforia por, tipo, um minuto e depois fica com dor de cabeça”, conta Amy. “É que nem ouvir a nossa banda. Um minuto de euforia e dor de cabeça depois”, ela diz.