'Vovó uber' bate carro e pode ter perda total: “Se eu ficar parada agora acho que fico doente”
Por Beatriz Araujo em 27/01/2023 às 11:00
Com mais de 50 anos de carteira de motorista, dona Maria Albina, ‘vovó uber’ da Baixada Santista, bateu o carro pela primeira vez na noite desta quarta-feira (25) e pode ter perda total do veículo, que não possui seguro. Por prazer, com 75 anos de idade, ela trabalha como motorista de aplicativo por cerca de 8 horas por dia, todos os dias da semana, e já soma mais de 20 mil corridas.
Em entrevista ao Santa Portal, dona Maria explica que no dia do acidente, por volta das 19 horas, ela estava voltando sozinha para casa pela perimetral. Até que, sem saber o que aconteceu, ela bateu em uma mureta de concreto do acostamento. Os dois airbags do carro foram acionados e a ‘vovó uber’ não se feriu. “Não sei se o pneu furou, se passei em alguma pedra e rasgou o pneu. Estava andando tranquila, sossegada, 40 quilômetros por hora. Foi muito rápido, só depois que aconteceu eu percebi”, relembra.
Quando se deu conta do acidente, telefonou para familiares e acionou um guincho. Ao ver seu carro sendo levado, a tristeza bateu e o choro veio. Mas a ‘vovó uber’ diz que “já passou” e que vive um dia de cada vez. “Sou otimista, sabe? Não sou de ficar fazendo drama. Acidentes acontecem, paciência. Agora vamos ver se vou conseguir meu carro de volta”, comenta, esperançosa.
No momento, o carro segue em uma oficina. Como nesta quinta-feira (26) foi feriado do aniversário da cidade de Santos, Maria Albina não recebeu atualizações sobre o veículo. Segundo ela, a parte do parachoque quebrou apenas de um lado, mas a parte debaixo do carro ficou bem destruída – com a roda torta e até com o cárter de óleo perfurado.
Sem trabalho
A ‘vovó uber’ trabalha como motorista de aplicativo há quase cinco anos e essa é a primeira vez que ficará sem sua principal ferramenta de trabalho. “Eu nunca fico doente. Mas se eu ficar parada agora, acho que fico doente”, diz, de forma bem-humorada. Para driblar a situação, ela revela que está pensando em alugar um carro. Depois que tiver um retorno mais concreto sobre o estado de seu veículo, começará a avaliar condições, para ver se vale a pena fazer a locação.
Sua rotina como motorista começa em torno das 6h da manhã. Trabalhando com pausas, ela segue no volante até por volta das 10h30. Depois vai para casa, almoça, descansa e por volta das 16h volta para as ruas. Quando começa a escurecer, em torno de 19h, respeitando seus limites e vontades, ela volta para casa.
“Não aguento trabalhar muitas horas seguidas, me dá um ‘tremelique’ e volto pra casa. Mas não gosto de ficar em casa. Se eu fico muito tempo parada já me bate a ansiedade de ir para a rua e fico pensando que meus passageiros estão me esperando”, conta.
Vaquinha
Dona Maria Albina explica que, até o momento, não cogitou abrir uma vaquinha virtual para auxiliar no possível reparo do veículo. “Na minha família todo mundo vive do seu trabalho, eu que ajudava eles por aqui. Já uma vaquinha virtual, por enquanto não pretendo abrir, não sei mexer. Mas pode ser que façamos algo”, explica.