Vila 'assombrada' por falhas e Neguinho aclamado marcam 2º dia na Sapucaí

Por Luiza Stevanatto, Filipe Pavão, Luiza Souto, Lola Ferreira, Danielle Dutra e Bruno Calixto em 04/03/2025 às 09:51

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A Vila Isabel foi “assombrada” por falhas, e Neguinho da Beija-Flor foi aclamado na segunda noite de desfiles na Sapucaí, Rio de Janeiro.

A escola enfrentou problemas ao longo do desfile. O drone que carregava uma abóbora na comissão de frente caiu em frente a uma das cabines de jurados. Um dos carros soltou fumaça após problema no gerador. Além disso, o carnavalesco Paulo Barros foi vaiado.

Neguinho da Beija-Flor foi exaltado em sua despedida da Sapucaí. O público ovacionou Neguinho, que ficou muito emocionado com o carinho vindo das arquibancadas.

Noite na Sapucaí

Unidos da Tijuca

A Unidos da Tijuca abriu a noite com o enredo “Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita”, o primeiro 100% dedicado a um orixá. Em tons de azul e amarelo, a escola homenageou o orixá nascido do amor de duas realezas, Oxum e Oxóssi.

A escola associou a juventude de Logun-Edé aos jovens do Morro do Borel. A entidade escolhida tem as mesmas cores da agremiação e é representada pelo pavão, que também é símbolo da escola do Borel.

Esse é o reencontro da Tijuca com o Borel, com a Casa Branca, com a Ilha dos Velhacos, com a estrutura comunitária. Porque a escola de samba é instituição de criação de sociabilidade negra no pós-abolição.

Segundo Luiz Anotnio Simas, professor de história e compositor: “E a Tijuca é isso. […] A Tijuca parece que andou um pouco afastada disso. Esse é um carnaval de reencontro da Tijuca com o seu chão, com a sua gente”.

Por outro lado, Anitta, uma das compositoras do samba-enredo, não participou do desfile. Ela se apresentou no evento Carnaval na Cidade, em São Paulo, nesta segunda-feira.

A Unidos da Tijuca decidiu desfilar sem rainha de bateria após o afastamento de Lexa. Conforme o presidente, essa é a maior homenagem que a escola poderia ter feito à cantora, que se afastou da função após a morte de sua primeira filha. Emocionada, a mãe da cantora disse que não desfilaria sem a filha.

Após sete anos longe da Tijuca, Juliana Alves voltou “apresentando” a bateria, mas não no posto de rainha. “Eu sou uma pessoa que tem amor pela escola, e é uma relação que independe de posto. Eu tô na frente da escola, apresentando minha comunidade, muito feliz e honrada.”

Como resultado, a escola fez um desfile luxuoso e colorido, sem grandes contratempos.

Beija-flor

A escola de Nilópolis homenageou Laíla, ícone do Carnaval carioca. O diretor, que esteve à frente da escola em 13 de seus 14 títulos, morreu em 2021, devido a Covid.

Igualmente, a Beija-Flor revisitou a infância de Laíla, reverenciou sua devoção aos orixás e sua trajetória na agremiação. Toda a família de Laíla acompanhou o desfile.

Selminha Sorriso, porta-bandeira da Beija-Flor há 28 anos, também destaca a emoção que a apresentação traz: “É um desfile emocionante, marcante, com emoção. Teremos sorrisos e lágrimas de emoção, de felicidade, porque vai ser “o” desfile”.

Do mesmo modo, o desfile foi marcado pela despedida de Neguinho da Beija-Flor, que se aposenta dos vocais da escola.

Ele disse que não está se aposentando da avenida, apenas do carro de som. As arquibancadas aplaudiram e gritaram o nome de Neguinho, que ficou muito emocionado com o carinho do público.

“Esse é meu penúltimo dia aqui, porque o último vai ser no sábado das campeãs”, explica o sambista.

A avenida recebeu outra realeza do samba, a passista Pinah. A Cinderela Negra que encantou o príncipe Charles em 1978 foi ativa nos 14 títulos conquistados pela escola e voltou à avenida para prestar homenagem a Laíla.

Além disso, houve uma referência ao famoso desfile “Ratos e Urubus, larguem minha fantasia”, de 1989. Na ocasião, a escola atravessou a avenida com um Cristo Redentor coberto por um plástico perto com os dizeres “mesmo proibido, olhar por nós”.

Neste ano, o Cristo trazia os dizeres “Do orun, olhai por nós”. O orun é o mundo espiritual na língua iorubá.

A Beija-Flor levou Irina Shayk à Sapucaí pela primeira vez. A supermodelo russa desfilou com uma fantasia azul após visitar o barracão da escola. Brunna Gonçalves, mulher de Ludmilla, desfilou grávida de seis meses.

Com um desfile “redondo” e sem adversidades, a Beija-Flor foi uma das favoritas da noite.

Acadêmicos do Salgueiro

O Salgueiro exaltou os rituais de fechamento de corpo em diferentes culturas e religiões.

A escola apresentou o enredo “Salgueiro de corpo fechado”, trazendo patuás, amuletos, guias, ervas e outros elementos utilizados para proteção física e espiritual.

A primeira mudança é o tamanho dos carros, menores, e as alas mais compactas. Igor Ricardo, enredista do Salgueiro.

Em um desfile muito espiritual, o Salgueiro consultou Zé Pilintra, que fez um pedido especial. A entidade, considerada o espírito patrono dos bares, casas de jogo e sarjetas, pediu que o casal de mestre-sala e porta-bandeira, além de cumprirem sua função na avenida, desfilasse também no último carro.

A escola atendeu e a alegoria veio com Sidclei Santos e Marcella Alves caracterizados como Zé Pilintra e pombagira.

Viviane Araújo, que está com a escola há 17 anos, desfilou com uma fantasia de carcará. “Os cangaceiros, eles usavam os ossos do carcará, penduravam nas roupas como um amuleto de proteção e outros amuletos também. Então eu sou esse amuleto da bateria, essa proteção para a Furiosa”, explicou.

Desse modo, a escola trouxe outras famosas entre seus “amuletos”, como Deborah Secco, Flávia Alessandra, Rebecca e Bia do Brás. Veja fotos do Salgueiro.

Unidos de Vila Isabel

A Unidos de Vila Isabel apresentou o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”.

Além disso, a escola levou uma apresentação com sustos e suspense para a avenida: o trem fantasma passeou por lendas e mistérios, como o bicho-papão, o lobo mau, vampiros e fantasmas.

Contudo, a instituição enfrentou várias falhas ao longo do desfile. O drone que carregava uma abóbora na comissão de frente caiu em frente à cabine dos jurados e um dos carros soltou fumaça na avenida por um problema do gerador.

O carnavalesco Paulo Barros foi vaiado na Sapucaí. Ele, que disse em entrevista à Folha que enredos com temas de origem afro são “todos iguais”, se limitou a dizer que aquela era apenas sua opinião. “Eu simplesmente falei da minha preferência. E é isso”, afirmou.

A rainha de bateria Sabrina Sato usou um visual de vampira no desfile. Ela surgiu com pedrarias e plumas vermelhas na avenida.

“Venho representando a Rainha VampVila, que carrega o sangue que é fonte de energia e vitalidade para a bateria ‘suingada de vampiros’. Vamos saciar a sede de alegria na Sapucaí”, disse.

José Loreto participou do desfile como um “diabão”. “O maior desafio de desfilar na comissão de frente é o gás. Os bailarinos são atletas. Eu não sou. Agora eu só quero dormir”, disse, após o desfile.

Alane, suposto affair do ator, falou pela primeira vez do romance: “Eu sou super-reservada com a minha vida pessoal, então às vezes prefiro ficar na minha, ficar quieta. Mas estou solteira”, afirmou.

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