18/06/2024

Universidades federais divergem sobre cancelamento de calendário acadêmico por greve

Por Bruno Lucca/Folhapress em 18/06/2024 às 09:04

Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil

As universidades federais atingidas pela greve de professores começam a repensar seu ano letivo, mais de dois meses após o início do movimento.

Parte delas decidiu suspender o calendário acadêmico, enquanto durar a paralisação, e admite terminar as atividades previstas para 2024 somente em 2025. Outras ainda não definiram o que fazer e enfrentam debates internos.

O Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) consultou no início deste mês as 54 universidades em greve sobre a possibilidade de suspensão do calendário, visando evitar que estudantes sejam prejudicados. Mais de 30 responderam.

Algumas, como FURG (Universidade Federal do Rio Grande) e UFU (Universidade Federal de Uberlândia), resolveram cancelar seu planejamento deste ano. Outro grupo, composto por UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e UFPB (Universidade Federal da Paraíba), por exemplo, resolveu seguir com as atividades.

No caso paraibano, a resolução veio do reitor, Valdiney Gouveia. Os professores da instituição, em assembleia na última semana, haviam votado pela suspensão do calendário. Valdiney vetou na sexta-feira (14), desagradando a docentes e alunos, que protestaram.

Ainda há universidades que disseram ao Andes estarem deliberando sobre o ano letivo, sem data para definição dos rumos.

Noutra situação, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), já fora da greve e com retorno às aulas no dia 10, decidiu readequar seu calendário e terminar as atividades previstas para este ano somente em fevereiro 2025.

Enquanto as instituições deliberam sobre o ano letivo, estudantes se dizem preocupados com o futuro.
Prestes a se formar em ciências contábeis na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Rodrigo Sousa, 23, não sabe se irá apresentar seu trabalho de conclusão quando agendado, para meados de novembro. A situação, relata, é “frustrante”.

A reportagem perguntou ao MEC (Ministério da Educação) sua posição sobre o calendário das universidades federais. O ministério de Camilo Santana respondeu com o link de uma notícia publicada sobre as negociações pelo fim da greve dos docentes, ignorando o questionamento.

Greve ultrapassa os dois meses sem perspectiva do fim

A paralisação dos professores de universidades federais foi iniciada em 15 de abril. Eles pedem reajuste salarial e recomposição do orçamento dos centros de ensino.

Os servidores reivindicam aumento de 3,69% em agosto deste ano, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio 2026. Brasília oferece 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026.

O governo Lula (PT) oferece reajuste a partir de 2025 e afirma, através do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, não ter possibilidade de melhorar a proposta.

Segundo os grevistas, a greve não termina enquanto Brasília resistir ao acréscimo já neste ano. A gestão petista tenta acalmar os ânimos com outras propostas.

Em meio a cobranças, o governo lançou um PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na segunda-feira (10) para as universidades federais e para os hospitais universitários, com previsão de R$ 5,5 bilhões em investimentos.

O ministro da Educação também anunciou um acréscimo de recursos para o custeio das instituições federais, em um total de R$ 400 milhões. Desse total, R$ 279,2 milhões serão para as universidades e outros R$ 120,7 milhões para os institutos federais.

Assim, o orçamento de 2024 dos centros de ensino chega a R$ 6,38 bi. O valor já é superior aos R$ 6,26 bi de 2023.

Os valores, porém, já eram previstos no orçamento deste ano e foram somente adiantados, como mostrou a Folha de S.Paulo.

Universidades federais ainda em greve

  • 1 – Universidade Federal do Rio Grande
  • 2 – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
  • 3 – Universidade Federal do Ceará
  • 4 – Universidade Federal do Cariri
  • 5 – Universidade de Brasília
  • 6 – Universidade Federal de Juiz de Fora
  • 7 – Universidade Federal de Ouro Preto
  • 8 – Universidade Federal de Pelotas
  • 9 – Universidade Federal de Pelotas
  • 10 – Universidade Federal de Viçosa
  • 11 – Universidade Federal do Espírito Santo
  • 12 – Universidade Federal do Maranhão
  • 13 – Universidade Federal do Pará
  • 14 – Universidade Federal do Paraná
  • 15 – Universidade Federal do Sul da Bahia
  • 16 – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
  • 17 – Universidade Tecnológica Federal do Paraná
  • 18 – Universidade Federal de Rondônia
  • 19 – Universidade Federal de Roraima
  • 20 – Universidade Federal de São João del-Rei
  • 21 – Universidade Federal de Pernambuco
  • 22 – Universidade Federal de Catalão
  • 23 – Universidade Federal do Oeste da Bahia
  • 24 – Universidade Federal de Santa Maria
  • 25 – Universidade Federal de Tocantins
  • 26 – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • 27 – Universidade Federal Fluminense
  • 28 – Universidade Federal de Alagoas
  • 29 – Universidade Federal do Agreste de Pernambuco
  • 30 – Universidade Federal Rural de Pernambuco
  • 31 – Universidade Federal de São Paulo
  • 32 – Universidade Federal da Bahia
  • 33 – Universidade Federal do ABC
  • 34 – Universidade Federal Rural da Amazônia
  • 35 – Universidade Federal Rural da Amazônia
  • 36 – Universidade Federal de Campina Grande
  • 37 – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
  • 38 – Universidade Federal do Triângulo Mineiro
  • 39 – Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
  • 40 – Universidade Federal do Acre
  • 41 – Universidade Federal de Lavras
  • 42 – Universidade Federal de São Carlos
  • 43 – Universidade Federal de Goiás
  • 44 – Universidade Federal de Santa Catarina
  • 45 – Universidade Federal do Amapá
  • 46 – Universidade Federal do Sergipe
  • 47 – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
  • 48 – Universidade Federal da Integração Latino-Americana
  • 49 – Universidade Federal do Oeste do Pará
  • 50 – Universidade Federal de Mato Grosso
  • 51 – Universidade Federal de Uberlândia
  • 52 – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
  • 53 – Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri
  • 54 – Universidade Federal do Piauí

*Segundo o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior)

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